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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Fevereiro é o mês de campanhas contra o câncer



Nos dias Mundial do Câncer e Nacional da Mamografia, especialista do Grupo Oncologia D’Or fala sobre a importância da detecção precoce da doença


A conscientização e a prevenção do câncer são as principais armas contra a doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), poderá atingir cerca de 600 mil brasileiros em 2017. Durante o mês de fevereiro, duas importantes datas prometem ampliar a discussão sobre a neoplasia.

No dia 4 de fevereiro, o Dia Mundial do Câncer será marcado por ações que visam combater os impactos globais da doença. A data, criada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), tem como objetivo fazer com que boa parte da população mundial fale sobre ela, reforçando a divulgação de informações sobre prevenção, fatores de risco e diferentes formas de melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer.

Ainda em fevereiro, no dia 5, o Brasil comemora o Dia Nacional da Mamografia. O exame ajuda na detecção precoce do câncer de mama que, no país, poderá afetar mais de 57 mil mulheres até o final deste ano.

Gilberto Amorim, oncologista clínico e coordenador de cirurgia mamária do Grupo Oncologia D'Or, fala sobre a importância dos exames preventivos, como a mamografia, e reforça a relevância deles para a saúde do brasileiro.  

1.  Quais são os principais avanços alcançados no diagnóstico do câncer na última década?Podemos destacar o diagnóstico por testes moleculares, que já estão disponíveis no Brasil – tanto no setor público quanto no privado. 

Diagnósticos sanguíneos prometem ser uma tendência no país, pois a medicina já entendeu que é preciso sofisticar a investigação do câncer devido às suas diferentes características. Os exames para a detecção precoce de tumores do sistema digestivo, como fígado e esôfago, também apresentaram avanços durante a última década.


2.    Em relação ao câncer de mama, quais são as chances de cura com a detecção precoce da doença? O diagnóstico precoce sempre foi um fator importante para os pacientes com câncer de mama. O tratamento de tumores com 1 cm de diâmetro, por exemplo, pode aumentar as chances de cura em até 90%, além de diminuir métodos mutiladores, como a mastectomia. A detecção precoce da doença também contribui para a redução do impacto econômico e social, pois quanto mais cedo a doença for descoberta, menor será o tempo de afastamento do paciente da sua vida social e profissional.


3.    O que temos desenvolvido atualmente como novas estratégias para combater o câncer? É sempre bom reforçar a importância da mudança dos hábitos alimentares, assim como as campanhas antitabagismo que podem diminuir consideravelmente os riscos para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer.

A obesidade tem sido um dos principais problemas da nossa sociedade, contribuindo para o surgimento de tumores no estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, entre outros. É importante inserir atividades físicas na rotina, além de reduzir o excesso de alimentos embutidos e o consumo excessivo do açúcar e do sal.


4.    Quais são as expectativas em tratamento para os próximos anos? A Imunoterapia, - tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente – permanece como um dos principais tratamentos contra a doença, mesmo sendo precoce no Brasil. A Imunoterapia tem revolucionado o tratamento de vários tipos de tumores, em especial os localizados no pulmão e na mama. 

Outra expectativa em tratamento é o avanço de técnicas menos invasivas, como a cirurgia robótica. A técnica tem apresentado importantes resultados quando realizada em pacientes oncológicos, principalmente aqueles diagnosticados com câncer de próstata, já que ela aumenta a segurança do paciente e minimiza complicações.





04 de fevereiro: Dia Mundial do Câncer - cuidados básicos para o diagnóstico precoce



 
O ginecologista Claudio Basbaum fala sobre o passo a passo para a detecção dos primeiros sinais do câncer de mama


O câncer de mama é o tumor mais comum entre as mulheres e representa 25% dos tumores malignos diagnosticados  anualmente no Brasil. A cada hora cerca de 6 mulheres recebem este temível diagnóstico. O maior problema, é que uma parcela significativa destas mulheres, só descobre a doença quando sua progressão já alcançou um estágio avançado. Salientemos que mesmo quando diagnosticada e tratada precocemente, dependendo de várias condições, como o fator genético, quase 1/3 das pacientes evolui para as metástases. 

Esclareço abaixo as principais dúvidas sobre o câncer de mama: 


  • Mulheres mais jovens podem apresentar câncer de mama?
Sim. Cada vez se diagnostica com mais frequência e maior precocidade. Isto se deve ao maior conhecimento da existência da doença, através dos métodos de imagem (ultrassonografia mamária, mamografia, mamografia digital ou mesmo ressonância magnética das mamas), que dão maior acurácia na identificação da formação suspeitada, com detalhes que podem sugerir a possibilidade de malignidade. 

  • Qual o momento ideal para se fazer o autoexame?
O autoexame não dispensa a necessidade da mamografia, sempre orientada e solicitada por um especialista.

O momento ideal para a auto-avaliação das mamas é em torno de 3 a 5 dias após o final de um fluxo menstrual, fase em que os hormônios ovarianos estão em níveis mais baixos. Para as mulheres que não menstruam, seja em função de histerectomia já realizada, as menopausadas ou as que estão sob uso de medicação hormonal para suspender a menstruação, deverão observar qual o momento em que notaram alterações em uma ou em ambas as mamas e repetir o mesmo tipo de controle com 30 dias de intervalo, observando se persistem as alterações. 


  • Como deve ser feito o autoexame?
O auto-exame deverá sempre ser orientado pelo médico especialista. Em termos gerais, deverá obedecer a um certo "ritual": 

1. As mamas deverão estar umedecidas ou melhor ainda, ensaboadas, o que dá uma maior precisão para o reconhecimento de algum eventual "caroço" ou assimetria;

2. Elevar o braço do mesmo lado da mama que se pretende examinar, colocando a mão na nuca, com a finalidade de permitir que a mama se espalhe sobre o tórax;

3. Com a outra mão, deslizar a palma com suave pressão, desde a base para o centro da mama, em direção ao mamilo, no sentido dos raios de uma roda;

4. Com a mesma mão, prosseguir em um "alisamento" da mama, fazendo movimentos circulares, girando em torno da mama, de fora para dentro até a região da aréola mamária. 


  • O que deve ser observado?
Alterações na forma, mudança de cor, textura e/ou temperatura na pele das mamas, presença de nódulo, superfície com aspecto de "casca de laranja", diferença no tamanho  das  mamas, surgimentos de sulcos ou depressões em áreas localizadas. A saída de qualquer líquido através dos mamilos, sobretudo de sangue, pode ser um sinal importante de alerta. O reconhecimento de qualquer um ou mais de um destes sinais requer a visita imediata, ao especialista. 


  • Todo "caroço" é câncer?
Absolutamente não. Toda alteração visível ou observada pela palpação da mama durante o autoexame deverá ser avaliada com muito critério por um ginecologista ou de preferência por um mastologista, que são os profissionais habilitados à complementação do estudo do nódulo existente para o seu diagnóstico preciso. 


  • Pode ser confundido com uma glândula ou inflamação?
Sim. Como o tecido mamário é muito rico em glândulas não é incomum o surgimento de nódulos isolados ou múltiplos (lesões benignas chamadas adenomas ou fibroadenomas), sobretudo nos dias que precedem as menstruações. As inflamações (mastites) não são comuns durante a vida. Surgem mais associadas ao período de lactação, em consequência da má higienização dos mamilos, com consequente penetração de bactérias pelos ductos mamários do leite. Pode também ser notado ocasionalmente em consequência de escoriações ou picadas sobre a pele das mamas. 


  • O nódulo é dolorido?
Não. Infelizmente, a doença maligna da mama, sobretudo no seu início, não provoca nenhum alerta de dor. Os sintomas dolorosos normalmente só se fazem presentes quando a doença já está muito avançada. A dor que surge nas mamas (mastodinia) são relativamente comuns desde a adolescência no período pré-menstrual ou durante a menstruação, quando o tecido glandular mamário fica mais "ativo"e ingurgitado em função das mudanças hormonais do ciclo menstrual. 


  • A liberação de secreção no mamilo é um sinal de alerta?
O aparecimento e a persistência de prurido, feridas, lesões crostosas e descarga mamilar, especialmente sangue, são importantes sinais de alerta. 


  • Quando fazer a mamografia?
A realização de mamografias deverá seguir o protocolo determinado pelas sociedades médicas da especialidade, tanto em relação à faixa etária quanto de acordo com as alterações encontradas no exame clínico especializado e que requeiram um diagnóstico mais preciso. Diferentemente do que ocorre em países como EUA, Canadá e Escandinávia, onde a incidência do câncer de mama em mulheres de 40 / 45 nos fica na casa dos 10-15%, no Brasil, a prevalência dos casos desta doença maligna  quase dobra (25%). Por essa razão, tem sido recomendado o início deste controle a partir dos 40 anos de idade. É fato conhecido que as chances de cura são cada vez mais reduzidas quanto mais se demora para fazer o diagnóstico e o tratamento. Por isso, não aceitar simplesmente que "na mamografia não deu nada grave ". Como todo método ou técnica para o diagnóstico, existe a possibilidade de falso-negativo (quando a doença existe, mas não chega a ser reconhecida nas imagens) ou de falso-positivo (quando sugere que a doença maligna existe) conduzindo  a um tratamento radical, traumático  e desnecessário. Assim, mamografias de má qualidade poderão atrasar o diagnóstico com piora do prognóstico ou "reconhecer" a doença que não existe. A chance de redução da mortalidade pelo câncer de mama não depende exclusivamente de "qualquer" mamografia, mas sim das avaliações clínicas periódicas realizadas por ginecologista ou mastologista (semestrais ou anuais) e dos exames realizados em centros de imagem altamente capacitados e, portanto, confiáveis.   


  • Toda mulher pode fazer o exame ou há algum tipo de impedimento para a realização dele?
Em princípio, não há qualquer restrição da mamografia. Em condições especiais como gravidez e amamentação, mamografias só deverão ser realizadas em casos mais duvidosos e após a mulher ter sido submetida a um primeiro rastreamento por ultrassonografia de alta resolução com Doppler colorido. Nas gestantes, quando estritamente necessário, deverá ser usado o avental de chumbo protetor sobre o seu abdome. 


  • Qual a idade mais comum para o aparecimento do câncer de mama? A partir de que idade a mulher deve fazer o exame?
Quando já existir casos da doença na família, sobretudo mãe, irmã, tia ou avó materna, recomenda-se iniciar o controle anual a partir dos 25 anos. Importante polêmica surgiu no final de 2015, em consequência à decisão da Associação Americana de Câncer (ACS), que passou a recomendar a realização das mamografias a partir dos 45 anos de idade, anualmente até os 54 anos, prosseguindo com intervalos de 2 anos, com exceção das mulheres com alto risco para o desenvolvimento da doença. No Brasil, em função da detecção que dentre as 14.206 mortes por câncer de mama em 2013, em torno de 2500 mortes ocorreram na faixa etária entre 40 e 49 anos de idade, as sociedades médicas no nosso país, entre as quais a Sociedade Brasileira de Mastologia, defendem que "a realização de mamografias de rastreamento anuais a partir dos 40 anos de idade deve ser direito de toda mulher". O diagnóstico precoce e o tratamento criterioso da doença têm sido fundamental para a sobrevivência de quase dois terços das mulheres com câncer de mama, nos países desenvolvidos.

 A taxa de sobrevida nos países em desenvolvimento não chega a um terço. 


  • Qual periodicidade?
No Brasil, recomenda-se a realização da mamografia anualmente, e sem limite máximo de idade.     
   




Dr. Claudio Basbaum - médico, com especialização na Universidade de Paris, França.  Professor-Doutor em Ginecologia e Obstetrícia, pioneiro da laparoscopia no Brasil (1967), defensor de técnicas menos agressivas à mulher e ao bebê (como o parto de cócoras ou "Parto das Índias"),  foi introdutor do Parto Leboyer (o "Nascimento sem Violência")  e da técnica Shantala de massagem para bebês no Brasil . Membro do Corpo Clínico do Hospital e  Maternidade São Luiz / Grupo D'Or, em São Paulo, o ginecologista tem  53 anos de profissão e defende a população feminina de cirurgias mutiladoras desnecessárias desde há 21 anos, quando criou a Pró- Matrix (Unidade de Orientação, Preservação e Tratamento da Mulher) e a campanha permanente  "Mulheres, Salvem seus Úteros!"  (www.claudiobasbaum.med.br). É pioneiro e introdutor no Brasil de diversas técnicas avançadas em medicina como a laparoscopia (1967),  videocirurgia, videolaparoscopia e videohisteroscopia (1988)  e a  embolização para eliminação dos miomas uterinos (2000),  procedimentos mininvasivos de máxima eficácia terapêutica e com um mínimo de trauma e rápida recuperação. 


 


Obesidade contribui para surgimento do câncer de tireoide



Avaliação do IARC mostra ligação direta do ganho de peso com
o surgimento de oito tipos de câncer


Avaliação da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) alerta que estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver o câncer de tireoide, doença que afetou quase 7 mil brasileiros em 2016 - Instituto Nacional de Câncer (INCA). Além deste tipo de câncer, a avaliação também atribui o aparecimento de outros sete tipos da patologia (estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, meningioma e mieloma múltiplo) em virtude do ganho de peso.

Muito ouve-se sobre a tireoide, mas pouco sabe-se sobre ela. A tireoide é uma glândula localizada próxima à garganta que produz e libera hormônios que contêm iodo, triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4), responsáveis por regular a função de diversos órgãos, auxiliando no crescimento e equilíbrio metabólico do organismo.

Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 60% da população brasileira terá algum nódulo ao longo da vida, e cerca de 5% desses serão cancerosos. A presença de nódulos benignos na tireoide não é anormal, no entanto, é necessário ter atenção. Apesar da frequência com que os nódulos são identificados no dia a dia clínico, dois fatores chamam a atenção: o sobrepeso e o gênero.

“O excesso de gordura favorece o câncer por diversas maneiras. Ele causa um processo inflamatório crônico e modifica a resposta imunológica do organismo e aumenta níveis de insulina, o que favorece a multiplicação de células malignas e aumenta níveis de hormônios que podem estimular o desenvolvimento do câncer. Outro indicador importante é que a doença acomete 5 vezes mais mulheres do que homens”, ressalta Dra. Débora Danilovic, Médica da Unidade de Tireoide do Laboratório de Endocrinologia Celular e Molecular (LIM 25) da Faculdade de Medicina da USP e médica assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

No Brasil, o número de pessoas com sobrepeso ultrapassou os 53,9%, dentro dessa porcentagem a faixa etária que mais corre riscos está entre 45 e 64 anos, e do total de obesos, 50,8% são mulheres (Vigitel 2015). A especialista reforça ainda que “embora a patologia possa ocorrer em indivíduos de diferentes gêneros, a população feminina está mais suscetível”.  

Como tratar
Apesar de ser uma doença com progressão lenta, o diagnóstico precoce é essencial para o combate ao câncer. Na maioria dos casos, os pacientes diagnosticados ainda na fase inicial e com acesso ao tratamento correto conseguem minimizar impactos no seu bem-estar. Além da palpação do nódulo, sintomas como dificuldade de engolir, problemas respiratórios, inchaço na região do pescoço, rouquidão e alterações na voz são sinais de alerta que acompanham a doença.

Quando diagnosticado, o tratamento se dá pela cirurgia para a retirada da tireoide e, posteriormente, com a reposição de seu hormônio, que substitui a glândula ao longo da vida. Em alguns casos, além da cirurgia, o tratamento é complementado por terapias com iodo radioativo. 

Nos tipos mais agressivos e estágios mais avançados da doença, com metástase, as lesões podem ser resistentes a esses tratamentos e não respondem bem a quimioterapia. O paciente tem como opções então o tratamento com sorafenibe (Nexavar®, da Bayer), aprovado pela ANVISA, que inibe o crescimento do câncer e reduz a formação dos vasos sanguíneos que o nutrem, ou a participação em estudos clínicos que investigam novos agentes terapêuticos. 





Bayer




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