Estudo 'Radar
Dasa da Saúde' alerta para epidemia de Sífilis no Brasil e aumento de
transmissão de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)
O período do Carnaval pode favorecer o aumento do
consumo de álcool e drogas, e segundo o Ministério da Saúde, a redução de
métodos contraceptivos, como preservativos. Esse comportamento facilita a
transmissão de infecções sexuais graves, como Sífilis, HPV, HIV, Herpes
Genital, Gonorreia e as Hepatites B e C.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) pouco mais da metade dos jovens
entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais, método
mais eficaz para inibir as ISTs, tanto para sexo vaginal quanto oral e anal.
"Em
geral, as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são causadas por vírus e
bactérias, transmitidas principalmente durante o ato sexual sem proteção com
pessoa infectada. Em muitos casos, o resultado é o aparecimento de feridas,
corrimentos, bolhas e verrugas, que podem evoluir para complicações mais graves
como câncer e até a morte", explica Alberto Chebabo, infectologista do
Lavoisier Laboratório e Imagem, laboratório da Dasa - líder em medicina
diagnóstica no Brasil. "Porém, existem infecções que são assintomáticas e,
por essa razão e pela gravidade, são recomendados, além da prevenção, o
diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível", explica.
No
Brasil, apenas os casos de HIV e Sífilis são de notificação obrigatória ao
Ministério da Saúde, o que coloca em risco a precisão das estatísticas e
minimiza a real dimensão de contágio. Esses fatores são um desafio para o
controle destas doenças e para o acesso ao diagnóstico precoce.
"Infecções
sexualmente transmissíveis que persistem ou retornam, fazendo grande número de
vítimas, sugerem que a população brasileira baixou a guarda e deixou de
reconhecer a importância do sexo seguro. Exames e tratamentos de baixo custo
levam a acreditar que a prevenção não é essencial. Há ainda o equívoco de
pensar que apenas pessoas com hábitos sexuais promíscuos podem se
infectar", alerta o especialista Alberto Chebabo.
"As
mulheres, mais do que os homens, devem estar atentas e redobrar os cuidados, já
que os sintomas de algumas ISTs se confundem com as reações comuns de seu
organismo", finaliza.
ISTs EM NÚMEROS: RADAR DASA DA SAÚDE
Sífilis
O Brasil vive uma epidemia
de Sífilis. Não é um fenômeno
exclusivamente brasileiro, mas um desafio mundial controlar a disseminação da
doença, que acomete 12 milhões de pessoas no planeta. A causa pode ser
atribuída ao descaso quanto ao uso de preservativos. A detecção da doença é
rápida, simples e disponível gratuitamente na rede pública de saúde e em
laboratórios de análises clínicas.
Segundo o Ministério da Saúde, desde 2014, o
número de pessoas infectadas aumentou 32,7%: as taxas que em 2001 eram de 2,1
casos por 100 mil pessoas passaram, em 2015, a 7,5 casos. Entre 2016 e 2017
houve um aumento de notificação de 31,8%, de acordo com o Sinan (Sistema de
Informação de Agravos de Notificação).
A Sífilis adquirida aumenta entre
os brasileiros mais jovens e mulheres. Nos laboratórios Dasa – empresa líder
brasileira em medicina diagnóstica, segundo o estudo Radar
Dasa da Saúde, os exames para detecção estão concentrados nas
faixas etárias de 25 a 45 anos de idade. Entre janeiro e agosto de 2018, foram
realizados 576.872 testes, um crescimento de 28% com relação ao mesmo período
em 2017.
Aids
Cresce de forma acelerada a detecção de novos
casos de infecção por HIV (na soma de Sinan, SIM e Siscel/Siclom) e a
explicação do fenômeno está atrelada à notificação compulsória, desde 2014, às
políticas de detecção precoce da infecção e ao acesso ao tratamento a todos os
portadores do vírus ao Programa Conjunto das Nações Unidas. Em 2016, cerca de
827 mil pessoas viviam com o HIV no País e aproximadamente 112 mil brasileiros
têm o vírus, mas não sabem.
Em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos
de infecção por HIV e o vírus acomete mais que o dobro de homens; a razão entre
sexos foi de 26 homens para cada 10 mulheres, sendo que a maioria dos casos
está na faixa de 20 a 34 anos. E, nos últimos 10 anos a taxas de detecção entre
brasileiros até 14 anos de idade caíram, em ambos os sexos, porém aumentaram em
mulheres acima de 60 anos.
Nos laboratórios Dasa, os exames de detecção de
infecção por HIV predominam entre mulheres, com destaque para o número de
jovens adultas, três vezes maior que em outras faixas etárias. Homens de 60
anos ou mais são testados para HIV/AIDS quase na mesma proporção que jovens e
adultos, de 16 a 24 anos de idade. Isso tem a ver com o crescente aumento de
idosos infectados pelo vírus no país.
HPV
Na Dasa, as mulheres entre 25 e 44 anos são as
que mais realizam exames para detecção do HPV. O vírus está associado ao câncer
de colo de útero e, segundo o INCA, cerca de 16 mil mulheres podem ter morrido
no Brasil em 2018 pela doença. Entre os homens, o HPV é causador de câncer
genital e de ânus, que vitimou, em 2016, 408 homens (câncer de pênis) e 140
(câncer do ânus). Além disso, também está associado ao câncer de boca e
garganta.
Hepatites B e C
A hepatite viral do tipo B tem transmissão
predominantemente sexual e junto com a hepatite C, que também pode ser transmitida
sexualmente, representam 71% dos casos da doença. Dos casos notificados no
Brasil, entre 1999 e 2017, 37,1% eram de hepatite B e 34,2% hepatite C. A
hepatite C é responsável pela maioria dos óbitos e a terceira maior causa de
transplantes de fígado; já a hepatite B, cuja forma de contágio é semelhante ao
HIV – por via sexual, contato com sangue, durante a gravidez e parto – é muito
contagiosa e pode evoluir de forma assintomática assim como a hepatite C e
precisam ser detectadas para evitar danos ao fígado ao longo do tempo.
De 2007 a 2017, a Hepatite C teve crescimento
gradual e a mudança de critério de notificação, que leva em conta apenas um dos
dois reagentes - e não mais a dupla detecção dos marcadores antiHCV ou HCV-RNA
- levou ao salto em detecção.
Todas as faixas acima de 39 anos de idade tiveram
aumento na detecção nos 10 anos de análise, em particular entre pessoas de 60
anos de idade ou mais – a taxa passou de 4,4 casos para 7,4 casos para cada 100
mil habitantes. A maior detecção entre homens em 2017 ocorreu entre 45 a 49 e
50 a 54 anos (15,1 e 15,0 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente).
A Hepatite C, o tipo de
maior gravidade entre as hepatites virais, de maior fatalidade e incidência,
preocupa o poder público e também os serviços privados de saúde. Em 2017, a
faixa etária mais afetada pela Hepatite C foi de 55 a 59 anos, para ambos os
sexos. No entanto, a detecção entre os homens (42,4 casos por 100 mil homens) é
quase o dobro da detecção entre mulheres (25,2 casos por 100 mil mulheres). Nos
laboratórios Dasa, exames para detecção de hepatite C somaram 787.517 em 2018.
E assim como para Hepatite B, a proporção de homens e mulheres que solicitam
exames é de um homem para cada duas mulheres. Importante destacar que as informações
de exames realizados nos laboratórios da Dasa não representam estatisticamente
a totalidade da população brasileira.
Lavoisier