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sexta-feira, 1 de março de 2019

Mulheres têm mais dificuldade em chegar ao fim do tratamento contra drogas


Além do aumento do uso de drogas entre as mulheres, estudos do Instituto Greenwood revelam que o poder destrutivo da dependência química apresenta consequências muito diferentes em comparação aos pacientes do sexo masculino. Em função de diferenças relacionadas a aspectos biopsicossociais dos gêneros, o psiquiatra e diretor da Clínica Greenwood, Pablo Miguel Roig, defende que a adicção química de mulheres deve ser tratada com um programa terapêutico específico para esse público. Com isso, serão maiores as chances de sucesso no tratamento.

De acordo com o trabalho, a enfermidade tende a progredir mais rapidamente nas mulheres que acabam sofrendo com a discriminação da sociedade. Outro ponto a se considerar é que o tratamento para adicções foi criado historicamente para atender pessoas do sexo masculino. Por isso, a iniciativa de tratamento deverá considerar aspectos inerentes à realidade feminina, como maternidade, gravidez, além de incluir assistência às crianças e orientação jurídica e social. O processo de recuperação também terá de contemplar fatores que afetam a vida das pacientes, como violência doméstica, traumas sexuais, preconceitos e vitimização pelos parceiros.

A adoção de estratégias específicas no ajuste do tratamento às necessidades dos dois gêneros é fundamental para que a recuperação do dependente químico seja efetiva, defende Pablo Roig, fundador da Greenwood. “É importante desenvolver técnicas apropriadas que considerem as condições das pacientes e programas específicos para o período pós-internação. ”

A conclusão é resultado de pesquisa de medicina baseada em evidências que avaliou o histórico de atendimento de 187 internações da clínica nos últimos cinco anos. Do total de pacientes atendidos, 144 são do sexo masculino e 34 do feminino, sendo que quatro foram submetidas a reinternações. Outro dado mostra que as mulheres apresentaram maior incidência de comorbidades, ou seja, apresentavam outros problemas associados ao diagnóstico principal, como a depressão (20%) e o transtorno de personalidade borderline (26%). Em contrapartida, nos pacientes do sexo masculino, a frequência de “comorbidades aparentes” é mais baixa, o que explica a maior eficiência da atual proposta de tratamento nos homens.

Na análise, os profissionais também observaram que as mulheres não responderam de forma satisfatória ao tratamento e enfrentaram dificuldades em segui-lo e frequentemente se envolveram em conflitos dentro do próprio grupo. Observou-se também que as pacientes conseguiram, com uma frequência bem abaixo dos homens, chegar ao fim do tratamento.

O levantamento foi realizado no local que apresenta características de alta complexidade no tratamento de adictos, com profissionais de diferentes áreas e recursos terapêuticos interativos. Sediada em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, a clínica foca nos tratamentos especializados propiciados pela internação voluntária. A integração de múltiplos especialistas permite cuidados permanentes ao paciente que visam a recuperação de consciência para exercício de livre arbítrio sobre o desenvolvimento de estratégias de autocontrole diante das compulsões.

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