Especialistas destacam quais as principais alterações no hábito de comportamento dos brasileiros com relação às finanças pessoais
Se
antes da pandemia falar de dinheiro era considerado algo complicado, com a
chegada da Covid-19 e a série de consequências que com ela vieram, a
necessidade de trazer o assunto à tona foi intensificada. Os imprevistos que
atingiram o bolso do consumidor exigiram que o olhar para a própria renda
tivesse uma cautela extra, reforçando a importância do planejamento financeiro
para qualquer situação.
Segundo
os planejadores financeiros CFP® pela Planejar – Associação Brasileira de
Planejadores Financeiros, o fator emocional teve uma grande influência na
relação das pessoas com o dinheiro durante a pandemia. De acordo com os
planejadores CFP® Theo Linero e Eliane Tanabe, “o emocional impacta a forma com
que lidamos com o dinheiro, e as pessoas sentem emoções ao consumir; as
mudanças de comportamento dos consumidores durante a pandemia irão se estender
para além dela, levando novos hábitos para o cotidiano das pessoas”.
Confira
quais foram as principais mudanças de comportamento do consumidor em 2020 e que
devem ser mantidas ao longo dos próximos anos:
1 – Do físico para o digital
O
primeiro ponto que mais chamou a atenção durante a pandemia foi o crescimento
dos comércios e vendas online. Considerando que as pessoas passaram mais tempo
em suas casas não podendo ir às ruas por conta da pandemia e, também, a grande
parte do comércio que passou semanas do ano fechada, as lojas virtuais ganharam
muita atenção. “Essa é uma mudança que veio para ficar, mesmo com a volta à normalidade
no pós-pandemia, as compras online ainda terão destaque, principalmente com as
facilitações que surgiram nesse período”, afirma o planejador financeiro CFP®,
Theo Linero. Ele destaca que novas ferramentas de pagamento como o lançamento
do PIX também facilitaram esse processo de consumo pela internet.
2 – Preocupação com o orçamento
Colocar
o que entra e o que sai do bolso no papel foi uma das ações que começaram a
fazer parte do dia a dia das pessoas. “Nossa memória sobre o que foi gasto é
muito frágil, por isso é tão importante fazer o orçamento”, explica Linero.
Segundo ele, o hábito de pensar no destino do próprio dinheiro é um hábito que
irá permanecer. “Com a incerteza sobre o auxílio emergencial, por exemplo, será
preciso se reinventar e olhar para o orçamento com maior frequência para rever
as despesas e as receitas”.
3 – Reserva de emergência
Ante
o cenário de crise, estar preparado para emergências era algo negligenciado por
muitas pessoas. Com a experiência adquirida na pandemia, a necessidade de ter
uma renda direcionada para as eventualidades foi de encontro à importância de
constituir uma reversa financeira. “Houve um aumento da conscientização sobre a
importância da reserva de emergência e, também, sobre como guardá-la. Quem
tinha uma reserva em investimentos de grande volatilidade acabou perdendo parte
do valor com o cenário de altos e baixos da pandemia, por isso o aprendizado
também leva para quais os investimentos que podem alocar a reserva, que no caso
seriam aqueles de liquidez diária e baixa volatilidade”, conta Eliane Tanabe.
4 – Novos produtos sendo consumidos
No
período, muitos brasileiros também identificaram novos produtos de consumo,
substituindo os gastos do orçamento com o que antes era feito em locais de
lazer externos para gastar com utensílios e atividades que pudessem ser feitas
dentro do próprio lar. “Houve o aumento da preocupação com o conforto de casa,
ou seja, muitos consumidores passaram a priorizar gastos com moradia, decoração
e bem-estar; além do consumo de vestuário mais confortável, equipamentos para
exercícios físicos, plataformas de streaming e alimentos que fossem utilizados
para cozinhar dentro de casa”, explica a planejadora financeira CFP®, Eliane
Tanabe.
5 – Cuidado com fraudes
As
facilitações de formas de pagamento e as ofertas online para compra e venda
consequentemente levou ao aumento de fraudes. O próprio sistema do auxílio
emergencial registrou fraudes gerando prejuízos tanto para o Governo como à
população. “Em 2020 começamos a observar uma série de fraudes em diversos
segmentos, as pessoas estão mais vulneráveis e, por isso, foi preciso ter um
olhar mais cuidadoso”, conta Eliane. O recente vazamento de dados ocorrido em 19
de janeiro, por exemplo, deve ater ainda mais atenção dos consumidores quanto
aos órgãos de proteção ao crédito para ter a certeza de que não terá prejuízos
por meio de fraudes. Theo Linero recomenda que “seja feito o boletim de
ocorrência caso o consumidor identifique alguma movimentação não reconhecida em
contas ou em relação ao nome no SPC/Serasa, pois tudo isso pode impactar
diretamente o planejamento financeiro e os objetivos do consumidor”.
6 – Novas possibilidades de controle financeiro
Com
o incentivo ao controle financeiro, novas ferramentas também estão surgindo
para facilitar esse processo. “O Open Banking e a própria Lei Geral de Proteção
de Dados são alguns dos fatores que estão chegando e que pretendem auxiliar a
população como facilitadores para a sua organização financeira e com relação à
segurança dos dados para que fraudes sejam evitadas. O Open Banking, por
exemplo, é visto com bons olhos e pode facilitar o dia a dia do consumidor
proporcionando uma visão global das suas finanças”, explica Theo Linero.
7 – Busca por conhecimento em finanças
Por
fim, os planejadores apontam que houve uma procura muito grande por cursos
relacionados às finanças e investimentos. “A busca por maior conhecimento
financeiro foi algo muito positivo durante a pandemia. Consideramos a educação
como um investimento a parte, só é preciso ter atenção, pois ao estudar sobre
finanças é preciso reconhecer o cenário individual, sem querer sair do
endividamento em um dia e já estar investindo em produtos mais complexos no outro”,
explica Theo. Segundo ele, o planejamento financeiro é uma jornada que permite
o consumidor a organizar a saúde das finanças, saindo das dívidas, organizando
objetivos e, aos poucos, começar a investir em produtos que condizem com o
perfil de investidor e objetivos de cada indivíduo. “É preciso ter cuidado na
hora de iniciar cursos online, restrinja as suas alternativas com base no que
faz sentido para você, pois a internet tem muitos conteúdos disponíveis e nem
sempre são de melhor qualidade ou fazem sentindo para o momento em que você
está vivendo. Defina o objetivo do que você quer aprender”.
Planejar
- Associação Brasileira de Planejadores Financeiros