Sociedade Brasileira
de Cirurgia da Mão (SBCM) explica riscos e lesões decorrentes das mordeduras, e
como agir no caso de uma ocorrênciaNas mãos, os ferimentos mais comuns de mordidas
de cães são as lacerações, lesões tendíneas,
de nervos e fraturas
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Os incidentes com cães não são incomuns no país. As
estatísticas brasileiras, no entanto, variam, mas, em geral, estima-se que milhares
de pessoas sejam atacadas anualmente. Dados do Ministério da Saúde somam cerca
de 30 mil atendimentos por ano em unidades de saúde relacionados a mordidas de
cães, que causam lacerações e cortes profundos, contusões e, em casos extremos,
amputações com danos a músculos e ossos.
De acordo com o DATASUS, em 2022, foram contabilizados
35.290 atendimentos ambulatoriais envolvendo acidentes com cães. No ano
seguinte, os números chegaram a 49.377 e, até agosto deste ano, somam 39.147
atendimentos. Já em 2022, as internações hospitalares por acidentes com cães,
totalizaram 1.216 registros. Em 2023, alcançaram 1.438 e, até agosto deste ano,
somam 960.
Um caso recente de grande repercussão exemplifica a dimensão
da violência que pode conter uma ocorrência com cães. Em abril deste ano, a
escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi atacada por três animais da raça
pitbull, enquanto caminhava na praia de Saquarema, no Rio de Janeiro. Arrastada
por pelo menos 5 metros, ela teve o braço direito dilacerado, que passou por
amputação, além de uma orelha arrancada. O braço esquerdo e o lábio precisaram
ser reconstruídos.
“As mordidas de cachorro, seja de um animal de estimação ou
um animal estranho, muitas vezes pode ter consequências terríveis para o
indivíduo. Todo cachorro pode provocar lesões, mas, obviamente, quanto mais
forte a mordida e quanto mais tempo o cachorro mantém a parte do corpo entre os
dentes, os danos serão maiores”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa. “Os cães pitbulls, além da
força de mordida de aproximadamente 200 kgf (quilogramas-força), mantém o
objeto, ou parte do corpo da vítima presa por tempo prolongado. As partes do
corpo mais acometidas são as mãos, o antebraço, braço e pernas. Nas crianças, o
rosto também é comumente acometido, já que ficam em altura mais acessível aos
cachorros. Esse tipo de acidente vitimiza mais homens jovens”, acrescenta.
Nas mãos, os ferimentos mais comuns são as lacerações,
lesões tendíneas, de nervos e fraturas. Pode, ainda, haver amputação. “A mão do
homem é uma estrutura complexa que nos permite executar tarefas finas e com
sensibilidade epicríticas, o que nos diferencia das outras espécies. Quando há
lesões de nervos, de tendões, ligamentos e/ou fraturas, ocorre quebra da
harmonia dos tecidos e, consequentemente, déficit funcional”, explica o
especialista da SBCM. “A médio prazo, é comum haver infecção devido à
inoculação de bactérias presentes na boca do animal nos tecidos mais profundos.
Os imunossuprimidos e os pacientes com alteração na microcirculação (fumantes e
diabéticos) apresentam maior probabilidade de ter infecção”, completa.
Em caso de acidentes do tipo, o médico ressalta que é
importante procurar serviço especializado o mais rápido possível. “Nos
acidentes de mão, procure um cirurgião da mão. No local, lave com água corrente
e cubra com tecido limpo. Não coloque pomadas ou remédios caseiros. Em caso de
amputação, lave a parte amputada com água corrente, envolva em tecido limpo e
coloque em geladeira de isopor com gelo, evitando o contato direto de dedo com
o gelo”, conclui, reforçando que a atuação rápida e adequada é essencial para
minimizar os danos.
SBCM - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão
http://www.cirurgiadamao.org.br/
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