Historiador do CEUB afirma que esta é uma luta de todos os brasileiros, sobretudo pela herança miscigenada da população
Ao sancionar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado nacional, por meio Lei nº 3.268/2021, o Brasil avança no reconhecimento das lutas e conquistas da população negra. Edson Violim, professor de História do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica o significado da celebração, marcada para 20 de novembro. Para além da conquista de feriado oficial, é um convite para refletir sobre a formação multicultural do brasileiro e sobre a urgência em construir uma sociedade mais justa e igualitária.
A escolha do dia 20 de novembro se deu em alusão à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, como resistência contra a escravidão: “A data é um símbolo de luta, resistência e orgulho. Esse é um momento para reforçar a luta contra o racismo e a necessidade de honrar as contribuições africanas na formação da sociedade brasileira”, defende o docente, citando que a influência da cultura africana no cotidiano brasileiro.
Ele lembra, por exemplo, o impacto de figuras como Pelé, o maior ídolo esportivo do país, que além de símbolo nacional, representa o legado africano. Segundo o docente do CEUB, as raízes africanas são uma parte essencial da identidade e da história do Brasil: “O nosso jeito de ser, enquanto brasileiros, não veio da Europa, mas sim da África. A cultura negra está presente na nossa culinária, música e esporte”, acrescenta.
Por outro lado, mesmo em tempos atuais, combater o
racismo e o preconceito deve ser uma luta de todos os brasileiros, sobretudo
pela herança mista da população. “Negar o racismo no Brasil é ‘tapar o sol com
a peneira’. Ele existe sim e precisamos combatê-lo. Estudos apontam que, de
cada cinco brasileiros que se consideram brancos, três possuem sangue africano
ou indígena”, detalha Edson Violim.
Combate à intolerância e orgulho
das raízes
Ao relembrar que o Brasil recebeu o maior número de africanos escravizados das Américas, enriquecendo uma elite que explorou a força de trabalho dessa população, o historiador reforça que o racismo é um problema estrutural e histórico. "Precisamos enfrentar essa questão com seriedade e manter a luta contra o racismo. Esse flagelo ainda marca nossa sociedade."
De acordo com o docente do CEUB, outro aspecto que
preocupa é a intolerância religiosa, sobretudo contra religiões de matriz
africana. “Os ataques a centros de umbanda e candomblé por grupos
fundamentalistas são inaceitáveis e devem ser combatidos. A diversidade
religiosa sempre será característica do Brasil”, finaliza.
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