O home office, que antes
era visto como um privilégio, restrito a uma parcela bastante pequena dos trabalhadores,
hoje se tornou uma das principais alternativas para a manutenção dos postos de
trabalho, se integrando à realidade de grande parte dos profissionais.
Atualmente,
sobretudo em razão da pandemia, o
modelo de trabalho remoto vem mudando a forma como empresas e profissionais se
relacionam, estabelecendo novos padrões e necessidades quando o
assunto envolve a gestão de recursos humanos.
Diante
do cenário atual de combate ao coronavírus, muitas empresas tiveram que
migrar rapidamente as suas atividades para o modelo home office. Essa mudança
repentina, no entanto, pegou não só muitos gestores de surpresa, mas
principalmente os colaboradores — que ainda estão se adaptando.
Pensando
nisso, a Sharecare preparou este artigo para falar um pouco mais sobre o home
office e listar Cinco
dicas para torná-lo ainda mais eficiente para os colaboradores da sua empresa.
Como
funciona o trabalho remoto?
Como
o próprio termo já antecipa, o trabalho remoto é uma modalidade em que o
profissional pode desempenhar as suas atividades a distância, isto é, fora das
instalações da empresa ou de repartições públicas — como ainda é muito comum na
atualidade.
O
trabalho remoto, na prática, se desenvolve essencialmente com o apoio de recursos tecnológicos, como os
computadores, tablets e os tradicionais smartphones. Além disso,
há um uso massivo de ferramentas que dependem da internet, a exemplo das
plataformas de videoconferência, dos softwares e dos aplicativos de celulares —
os quais conectam profissionais e empresas de forma extremamente eficiente.
Nos
últimos anos, a modalidade de trabalho remoto cresceu de maneira significativa
no Brasil. Para se ter uma compreensão da adesão desse formato de
trabalho, segundo dados do IBGE, divulgados no final de 2019, entre os anos
de 2012 a 2018, o
crescimento do home office foi de 44,4%, sendo a realidade de
3,8 milhões de pessoas — número esse que correspondia a 5,2% da força de trabalho atuante
no país.
O
mesmo levantamento realizado pelo IBGE também mostra que o maior crescimento
dessa modalidade de trabalho foi observado
entre 2017 e 2018, chegando a 21,1%. Contudo, esses dados
refletiam uma realidade anterior à pandemia e à necessidade de isolamento
social. Hoje, como se sabe, o trabalho remoto se tornou ainda mais comum e
integrado à rotina do trabalhador brasileiro — e de tantos outro países, vale
destacar.
Qual
o panorama da adoção do home
office no Brasil durante a pandemia?
A
pandemia foi — e ainda é — sem dúvida, um fator que impactou diretamente no
crescimento do home office, sobretudo no Brasil. Segundo levantamento realizado pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), uma a cada
cinco profissões no país está apta a adotar o trabalho remoto como principal
formato.
Nesse
sentido, de acordo com esse levantamento, o home office tem potencial para fazer parte da realidade
de mais de 20,8 milhões de trabalhadores, podendo ser aplicado
por 22,7% das ocupações, mesmo depois da pandemia. Apesar da projeção, dados
posteriores do Ipea concluíram que, em
maio, apenas 13,3% das pessoas ocupadas no Brasil exerceram suas
atividades remotamente, o que corresponde a um total de 8,7
milhões de pessoas.
Outro
ponto interessante desse estudo feito pelo Ipea foi a classificação do Brasil na 45ª
colocação no ranking mundial de trabalho remoto e como 2º colocado na América
Latina, sendo superado apenas pelo Chile.
Considerando
a realidade interna do país, o Ipea também divulgou um ranking dos estados brasileiros com
maior potencial para o trabalho remoto. Nesse ranking, o Distrito Federal
apresentou o maior desempenho, enquanto o Piauí foi o estado com o menor
potencial de implantação do home office.
Confira
o ranking com os cinco
estados com o maior potencial para o home office:
- Distrito Federal: 31,5%;
- São Paulo: 27,7%;
- Rio de Janeiro: 26,7;
- Santa Catarina: 23,8%;
- Paraná: 23,3%.
Agora
os cinco estados com
o menor potencial:
- Amazonas: 17,7%
- Maranhão: 17,5%
- Rondônia: 16,7%
- Pará: 16,0%
- Piauí: 15,6%
Além
desses pontos, o estudo realizado pelo Ipea também verificou a viabilidade do trabalho remoto de acordo
com as funções exercidas pelos profissionais. Vejamos os
valores percentuais do home office em alguns dos cargos:
- Diretores e gerentes: 61%
- Profissionais das ciências e
intelectuais: 65%
- Técnicos e profissionais de nível
médio: 30%
- Trabalhadores de apoio
administrativo: 41%
- Trabalhadores dos serviços,
vendedores dos comércios e mercados: 12%.
Por
fim, vale também mencionar a Pesquisa
de Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, realizada pela Fundação Instituto de Administração
(FIA), entre 14 e 29 de abril, levando em consideração a
realidade de 139 empresas brasileiras de grande, médio e pequeno porte.
Nessa
pesquisa, aproximadamente
94% das empresas afirmaram que atingiram ou superaram suas
expectativas de resultados com a adoção do home office. Contudo, 70% delas
planejam interromper a prática ou reduzi-la a apenas 25% dos funcionários assim
que a pandemia tiver fim.
Como
proporcionar mais saúde e qualidade de vida aos colaboradores em home office?
Um
dos grandes desafios enfrentados pelas empresas em tempos de home office é
manter o bom desempenho das equipes que estão atuando de maneira remota. Isso
porque a mudança repentina na rotina dos colaboradores, somada à instabilidade
e insegurança trazidas pelo cenário de pandemia, são fatores que impactaram
diretamente na produtividade e, em certos casos, até na saúde dos
profissionais.
Afastados
do ambiente corporativo e da convivência diária, efeitos como a desmotivação e
improdutividade não são incomuns entre os colaboradores de
empresas que adotaram o trabalho remoto.
Nesse
contexto, se torna indispensável a atuação dos gestores e líderes no sentido de
buscar estratégias para melhorar
a experiência das suas equipes no home office, fomentando a motivação, a saúde
e o bem-estar de todos.
A
seguir, reunimos algumas das medidas que podem ser adotadas para melhorar a
rotina dos profissionais da sua empresa que estão trabalhando remotamente.
Confira!
1.
Ofereça objetos ergonômicos
Um
dos pontos mais importantes a ser considerado no trabalho remoto diz respeito à
ergonomia. Com a necessidade de se trabalhar em casa ou em outros locais, o
fato é que muitos profissionais não terão à disposição todos os equipamentos e
itens necessários para trabalhar não apenas de maneira confortável, mas principalmente
saudável.
Nesse
sentido, negligenciar a ergonomia no home office pode levar ao surgimento de
diferentes problemas de saúde, como dores na lombar e pescoço, além de aumentar
o risco de surgimento de doenças como bursite e tendinite — fatores que podem
prejudicar o bem-estar do profissional e os resultados da empresa.
Por
essa razão, a dica é não apenas estimular e orientar quanto à importância da
ergonomia, mas oferecer aos colaboradores objetos e equipamentos que, de fato,
contribuam com esse atributo, como apoio para os pés e para monitores.
2.
Incentive as pausas periódicas
Outro
cuidado que deve fazer parte da rotina das empresas na hora de gerir os seus
recursos humanos que estão atuando em regime de trabalho remoto é incentivar as
pausas periódicas. Esse é um ponto crucial, já que muitos profissionais,
por ficarem em casa, têm jornadas excessivas, altamente desgastantes e
estressantes.
É
importante deixar claro para os colaboradores a importância de se respeitar os
limites diários de trabalho e de estabelecer uma rotina organizada, com
horários pré-definidos para o início e fim da jornada de trabalho. Além disso,
é preciso destacar a necessidade das pausas periódicas ao longo do dia.
Essas
pausas são essenciais para mudar um pouco o foco, distrair a mente e recobrar
as energias. Na prática, as pausas são essenciais para tarefas técnicas e/ou
criativas, que demandam um alto nível de concentração. Ignorar esse ponto pode
gerar ansiedade e irritação, especialmente quando o cansaço afeta o rendimento
e impede a conclusão das tarefas.
3.
Reforce a comunicação
À
medida que o home office se torna parte da realidade das empresas, a
comunicação pode ser tornar um ponto sensível. O afastamento dos postos de
trabalho pode dificultar a interação entre gestores e colaboradores, bem como
entre os próprios profissionais — uma realidade que pode repercutir diretamente
na motivação e produtividade das equipes.
Diante
disso, uma das estratégias mais importantes a serem adotadas pelas empresas se
relaciona com a otimização da comunicação, de modo que todos os colaboradores
tenham a chance de interagir entre si, manter os vínculos e, também, reportar
as questões ligadas ao trabalho.
Para
reforçar essa comunicação, o uso de ferramentas interativas de videoconferência
pode ajudar bastante. Soluções como o Google Meet podem fortalecer a integração
das equipes, melhorando não só a comunicação, mas todo o clima interno da
empresa. Sem contar que esse tipo de ferramenta também pode ser útil para
conversas, informações, confraternizações e eventos online — ações que ajudam a
manter os colaboradores motivados e mentalmente saudáveis.
4.
Incentive a prática de exercícios físicos
O
papel do setor de RH de uma empresa vai muito além das questões técnicas e
burocráticas relacionadas à rotina dos seus colaboradores. Na realidade, uma
das atividades mais elementares desse setor é garantir o bem-estar e saúde dos
recursos humanos, isso em todas as circunstâncias — já que
os profissionais são os ativos mais valiosos das empresas.
Nesse
sentido, oferecer condições de trabalho adequadas, sobretudo em tempos de home
office, também deve ser prioridade do RH. Para tanto, além dos pontos já
mencionados, incentivar
a prática de atividade física e fomentar a adoção de hábitos saudáveis precisa
fazer parte da cultura da empresa.
Aqui,
uma das estratégias que podem ser adotadas pelo RH é a implementação de programas voltados para a melhora da
qualidade de vida, isso a partir do apoio na mudança de
hábitos e comportamentos que podem trazer risco à saúde, focando nos cuidados
pessoais, cessação do tabagismo, controle de estresse, alimentação saudável e
controle de peso, por exemplo.
Esse
tipo de programa pode ser desenvolvido de maneira remota, a partir do uso de
aplicações especializadas, bem como com o apoio de equipes de saúde, as quais
fazem contato com os colaboradores, orientam e apoiam a melhoria de hábitos
para eliminar fatores de risco de doenças crônicas.
5.
Ofereça apoio emocional
Não há
dúvidas de que o momento de pandemia trouxe uma série de incertezas e medos
para as pessoas. Esse fato também refletiu na vida dos trabalhadores, gerando
mais ansiedade e preocupação.
No
mesmo sentido, a mudança repentina nos hábitos de vida e na maneira como o
trabalho é prestado e as relações interpessoais têm se dado, também são fatores
que contribuem para a desmotivação, improdutividade e, em casos mais sérios,
para o surgimento de transtornos mentais.
Para
se ter uma ideia da dimensão do problema, em relação aos trabalhadores,
estima-se que em todo o mundo entre 30% a 40% das pessoas
ocupadas apresentem algum transtorno mental — esse número em muito se
aproxima da realidade constatada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), relativa
à população em geral. Segundo a ABP, de 20% a 25% da
população desenvolverá algum tipo de transtorno.
Diante
dessa realidade, outra recomendação para os gestores de RH é a de oferecer
apoio emocional para os seus colaboradores. Como visto, o momento de
adversidade e de mudança repentina pelo qual todo o mundo tem passado pode
interferir na saúde dos profissionais, exigindo ainda mais atenção por parte
das empresas.
Nesse
contexto, por exemplo, investir em soluções
tecnológicas interativas e baseadas no uso inteligente dos dados pode
ser uma excelente estratégia para mapear os colaboradores que estão mais
propensos a sofrer com transtornos de saúde mental.
Com
esse tipo de iniciativa, a empresa consegue
estratificar seus colaboradores em diferentes níveis de risco,
agindo de maneira pontual e eficiente, de acordo com a necessidade de cada
grupo.
Como
foi possível perceber, o home office se tornou uma modalidade bastante presente
na realidade do trabalhador brasileiro. Contudo, apesar das vantagens e
facilidades trazidas por esse formato, ainda existem pontos que merecem atenção
por parte das empresas e dos gestores de RH.
Muitos
profissionais ainda estão em fase de adaptação com o home office, dependendo de apoio e orientação sobre a
melhor forma de atuar nesse novo cenário. Além disso, questões
ligadas tanto à saúde e segurança no trabalho quanto à saúde mental
também devem ser alvo de discussão dentro das empresas, com o objetivo de
melhorar a experiência do colaborador em um momento tão incomum como o
que todo o mundo vem passando.