Profissionais de
saúde mental destacam a importância de identificar sintomas ocultos e procurar
ajuda qualificada
A depressão segue entre os transtornos mentais mais
prevalentes no mundo. Estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde apontam
que mais de 300 milhões de pessoas convivem com algum grau da doença, e o
Brasil permanece entre os países com maiores índices na América Latina. Apesar
da relevância dos dados, especialistas chamam atenção para uma forma silenciosa
e ainda pouco reconhecida do problema: a depressão funcional, quadro em que a
pessoa mantém a rotina, o trabalho e as relações sociais, mas internamente
apresenta profundo esgotamento emocional.
Segundo Jair Soares, psicólogo,
pesquisador e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), instituição que forma profissionais em
saúde emocional e estuda abordagens focadas no reprocessamento de traumas, esse
padrão atinge especialmente homens. “O perfil masculino tende a não verbalizar
sofrimento. Muitos continuam trabalhando, cumprindo responsabilidades e
performando bem. Porém, emocionalmente, já estão distantes de si mesmos”,
afirma o especialista. Ele explica que, nesses casos, a doença se disfarça em
atitudes cotidianas como irritabilidade, retraimento emocional, queda gradual
de prazer, isolamento silencioso e cansaço permanente.
Quando a depressão passa
despercebida
A chamada depressão funcional não aparece, em
geral, como tristeza evidente. Ela se manifesta em sinais sutis, acordar
exausto mesmo após dormir, perda de interesse por vínculos afetivos,
dificuldade de concentração e hiperprodutividade como forma de evitar o contato
com emoções profundas. Soares reforça que muitos pacientes relatam sensação de
“desligamento interno”, mesmo quando aparentemente seguem produtivos.
Pesquisas recentes da Fundação Oswaldo Cruz indicam
que quadros depressivos têm crescido entre adultos que trabalham sob alta
demanda emocional e pouco espaço para expressão afetiva. Esse contexto se
intensifica no caso dos homens, que culturalmente enfrentam maior resistência
em falar sobre fragilidades. “Existe ainda o estigma de que pedir ajuda é sinal
de fraqueza. Por isso, a depressão masculina costuma se tornar um adoecimento
silencioso”, explica o psicólogo.
A TRG como alternativa para
quem evita exposição emocional
Entre os métodos terapêuticos utilizados no IBFT, a
Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG) tem se mostrado eficaz justamente
para perfis que evitam verbalização constante. Soares, criador da metodologia e
doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), explica que o
processo trabalha diretamente na causa emocional, sem exigir que o paciente
narre seus traumas.
“A TRG parte do princípio de que a depressão
funcional é sustentada por registros emocionais não processados. Muitos homens
não se sentem confortáveis em expor essas histórias. O método permite acessar
essas memórias de forma segura, mesmo com pouca fala. O corpo conduz o
processo, e isso aumenta muito a adesão masculina ao tratamento”, afirma.
Segundo o especialista, essa abordagem é
especialmente indicada em casos em que a pessoa mantém a rotina, mas sente
perda de vitalidade, desmotivação crescente, desconexão emocional ou
irritabilidade persistente.
Quando o tratamento silencioso
funciona mais do que a fala constante
Há quadros em que a dificuldade de nomear emoções é
tão intensa que a terapia tradicional baseada em diálogo pode gerar resistência
ou abandono precoce. “Algumas pessoas não conseguem falar porque nunca
aprenderam a reconhecer seus sentimentos. Outras têm medo do julgamento ou do
próprio conteúdo emocional. Nesses contextos, a TRG oferece uma alternativa
acessível e menos invasiva”, explica Soares.
O método é aplicado em protocolos estruturados que
permitem identificar e reprocessar eventos marcantes desde a infância até a
vida adulta. “A lembrança permanece, mas a dor deixa de estar ativa. Quando a
raiz emocional perde força, a depressão deixa de se repetir”, destaca o
psicólogo.
Como reconhecer a depressão
disfarçada
Entre os sinais mais comuns observados nos consultórios,
especialistas citam:
- irritabilidade
frequente ou impaciência sem motivo aparente
• afastamento emocional mesmo mantendo convivência habitual
• sensação de viver “no automático”
• queda de energia, mas com manutenção das entregas profissionais
• dependência de rotinas de produtividade para evitar pausas
• ausência de prazer em atividades antes valorizadas
Soares reforça que identificar esses indícios é
essencial para evitar agravamento do quadro. “A depressão funcional não começa
grande. Ela começa pequena, silenciosa e lógica aos olhos de quem sofre. Só
mais tarde a pessoa percebe que perdeu a própria energia.”
Jair Soares dos Santos - psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair dedicou-se ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental. Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com a TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com a TRG a serem desenvolvidos neste momento.
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Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas - IBFT
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