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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Dezembro Vermelho: 40 anos de resposta ao HIV e a revolução do tratamento da doença

Imagem de jcomp no Freepik
Especialista da Rede Mater Dei detalha como a terapia evoluiu do "coquetel" para um tratamento que garante a qualidade de vida dos pacientes

 

O Dezembro Vermelho de 2025 representa um marco histórico: a celebração dos 40 anos da resposta brasileira ao HIV/AIDS, reconhecida mundialmente pela força do SUS e, mais recentemente, pela eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho) como problema de saúde pública. 

No entanto, o cenário traz um alerta renovado: o Brasil registrou cerca de 40 mil novos casos anuais de HIV nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde, e foi percebida uma mudança no perfil epidemiológico. Hoje, a faixa etária mais acometida está entre 20 e 29 anos. "São pessoas que se infectam muito precocemente e têm uma longa vida pela frente convivendo com uma condição crônica", explica Dr. Victor Castro Lima, infectologista da Rede Mater Dei de Saúde. Ele reforça que, embora homens que fazem sexo com homens (HSH) ainda sejam o grupo com maior incidência, "qualquer pessoa pode se infectar pelo HIV, independente do gênero ou orientação sexual". 

Para o especialista, os números refletem, em parte, uma desinformação combinada à "falsa sensação de segurança" proporcionada pelos tratamentos modernos disponíveis. "Apesar de termos medicamentos eficazes e avanços importantes no tratamento, nada substitui o uso do preservativo, a testagem periódica e a utilização de métodos de prevenção como PEP e PrEP. A informação correta ainda é nossa melhor ferramenta", afirma o especialista. 

Para combater o estigma que afasta as pessoas do diagnóstico, também é crucial atualizar a imagem que se tem do tratamento. O especialista da Rede Mater Dei lembra que, antigamente, o paciente precisava tomar vários comprimidos por dia e com muitos efeitos colaterais, o que controlava a infecção, tratando-se com o chamado “coquetel” – mas que comprometia sua qualidade de vida. Hoje, esse não é mais o padrão para o tratamento. 

"Desde aquela época surgiram novas drogas e novas classes de antirretrovirais com menos efeitos colaterais e uma evolução muito grande na posologia", explica Dr. Victor. Ele exemplifica que o esquema preferencial de início de tratamento no Brasil hoje consiste, muitas vezes, no uso de apenas dois comprimidos uma vez por dia. "Comparado a condições como hipertensão ou diabetes, o tratamento de primeira linha para o HIV hoje é, por vezes, menos complexo", completa. 

A estratégia de combate ao vírus também mudou, contando não só com a recomendação do uso do preservativo, mas também com a chamada "Prevenção Combinada". O Dr. Victor destaca duas ferramentas farmacológicas essenciais disponíveis: a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). A PEP é uma medida de urgência para quem teve exposição sexual de risco ou acidente com material biológico, e deve ser iniciada em até 72 horas, com duração de 28 dias. Já a PrEP é o uso regular de medicação preventiva, indicado para pessoas com alto risco de exposição, como quem tem parceiros soropositivos ou múltiplas parcerias sexuais sem proteção. 

Outro pilar fundamental para desestigmatizar a doença é o conceito Indetectável = Intransmissível (I=I). "Hoje, nós não temos nenhum relato de caso na literatura científica mundial de que uma pessoa que esteja em tratamento antirretroviral regular e com carga viral indetectável transmita a doença", afirma o infectologista. Isso significa que o tratamento não apenas protege o indivíduo, mas quebra a cadeia de transmissão.
 

Importância do diagnóstico precoce 

Apesar de toda a tecnologia disponível, o diagnóstico tardio ainda é uma realidade preocupante, muitas vezes associada à vulnerabilidade social. Quando o paciente só procura ajuda após os sintomas aparecerem, o sistema imunológico já pode estar comprometido. 

"Todo mundo que já teve vida sexual deve fazer o teste pelo menos uma vez na vida, porque a infecção pode ser silenciosa. Quem tem atividades sexuais de forma regular deve ser testado periodicamente, conforme o risco", alerta o Dr. Victor. “Na Rede Mater Dei, acompanhamos pacientes de todas as idades e reforçamos que viver com HIV é possível, mas prevenir é sempre o melhor caminho. Testar, tratar e proteger são três pilares que precisam caminhar juntos."

 


Rede Mater Dei de Saúde

Minas Gerais: Hospital Mater Dei Santo Agostinho, Hospital Mater Dei Contorno, Hospital Mater Dei Betim-Contagem, Hospital Mater Dei Nova Lima, Hospital Mater Dei Santa Genoveva, CDI Imagem e Hospital Mater Dei Santa Clara.
Bahia: Hospital Mater Dei Salvador e Hospital Mater Dei Emec
Goiás: Hospital Mater Dei Goiânia

 

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