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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Perspectivas 2026 do Mastercard Economics Institute: Expansão Moderada e Desaceleração da Inflação na América Latina


O Mastercard Economics Institute (MEI) divulgou seu Economic Outlook 2026, revelando como a aceleração das mudanças de políticas e a rápida adoção da inteligência artificial estão redefinindo o crescimento global em um cenário de crescente fragmentação.

Globalmente, o MEI espera que o crescimento do PIB real desacelere levemente para 3,1% em 2026, em comparação com uma estimativa de 3,2% em 2025. No campo da inflação, o MEI projeta uma desaceleração da inflação global para 3,4% em 2026, ante os 3,9% esperados para 2025.

O consumidor global continuará atento e estratégico, priorizando gastos orientados por tecnologia e focados em custo-benefício. O MEI espera que os consumidores deem preferência a ‘momentos significativos’, como viagens e eventos ao vivo, ao mesmo tempo em que permanecem sensíveis a preços em muitos bens essenciais.

“Os consumidores da América Latina estão demonstrando uma capacidade de adaptação notável à medida que avançamos para 2026, lidando com um crescimento mais moderado, mudanças no comportamento da inflação e cenários de políticas em constante evolução. Apesar dos desafios, mercados de trabalho resilientes e apoio fiscal direcionado mantêm o consumo em um ritmo sólido, especialmente à medida que as famílias reagem às mudanças nas taxas de juros e aos ventos contrários da economia global”, afirmou Gustavo Arruda, economista-chefe da Mastercard para a América Latina e o Caribe.

O relatório anual Economic Outlook destaca três grandes tendências a serem observadas em 2026: realinhamento do comércio global, adoção de IA e expansão fiscal, e pequenas empresas se adaptando às mudanças macroeconômicas:


Mudança nas relações comerciais:

Uma onda de anúncios de tarifas remodelou o comércio global. O MEI espera que essa reorganização continue a redefinir os fluxos comerciais, a dinâmica da inflação e os gastos do consumidor. Produtos da China continental estão impulsionando a desinflação em países que ampliaram importações do país, enquanto os Estados Unidos enfrentam pressões inflacionárias devido a alternativas de fornecimento mais caras. O MEI acredita que essas tendências persistirão em 2026 e poderão se intensificar.


Adoção acelerada de IA e expansão fiscal:

Empresas estão investindo fortemente em infraestrutura de IA, enquanto governos ampliam gastos estratégicos em defesa, iniciativas digitais e verdes. Essas tendências devem remodelar prioridades de investimento, dinâmicas inflacionárias e cadeias globais de suprimentos.


A transformação das PMEs:

Pequenas e médias empresas (PMEs) estão lidando com disrupções comerciais e pressões tarifárias. O MEI observa que as tarifas afetam de forma desproporcional as PMEs dos EUA em comparação às grandes empresas. Ainda assim, ferramentas digitais estão aumentando a resiliência, otimizando operações e viabilizando modelos online-first. A adoção mais ampla de tecnologia e a demanda por nichos posicionam PMEs ágeis e orientadas por tecnologia para competir de forma eficaz e capturar crescimento em serviços de alto valor globalmente.


Destaques Regionais


Brasil


Desaceleração do crescimento do PIB e queda dos juros – O crescimento do PIB real do Brasil deve desacelerar para 1,5% em 2026, abaixo dos 2,2% em 2025 e dos 3,4% em 2024. Diante de um ritmo de crescimento mais fraco e de uma inflação melhor do que o esperado, é possível que o Banco Central reduza as taxas de juros ao longo de 2026. O MEI projeta que a taxa básica de política monetária encerre o ano em 12%.


Mercado de trabalho resiliente e transferências fiscais devem sustentar o consumo privado – O consumo privado real deve crescer 2,2% em 2026, superando o crescimento do PIB. O consumo tende a migrar modestamente para serviços, enquanto bens duráveis devem permanecer sensíveis às condições de financiamento.


O agronegócio se destaca – O agronegócio tem sido um ponto positivo e uma fonte de divergência regional. O MEI espera um crescimento consistente em polos agrícolas como o Centro-Oeste e partes do Sul e Sudeste. Já os ganhos devem ser mais modestos nas regiões urbanas, com maior concentração de serviços.


México

O MEI projeta uma recuperação modesta da economia mexicana em 2026, com crescimento do PIB estimado em 1,3%, acima da projeção de 0,2% para 2025. A Copa do Mundo da FIFA 2026 pode proporcionar um impulso temporário, porém relevante, ao consumo privado. No entanto, esse aumento também pode pressionar os preços. No cenário-base do MEI, a inflação deve atingir aproximadamente 3,8% ao final de 2026.


Argentina

Após uma recuperação em 2025, o MEI projeta crescimento do PIB de 3,5% em 2026 e inflação de 20% ao final do ano, com viés de baixa caso o processo de desinflação continue. O apetite por investimentos dependerá da execução das reformas no período pós-eleitoral. A demanda das famílias deve se normalizar após o forte avanço de 2025, apoiada pela melhora da confiança e pela flexibilização gradual das políticas.


Chile

O MEI projeta crescimento do PIB de 2,0% e inflação convergindo para 3,5%. Após os cortes de juros em 2025, o banco central deve manter cautela, equilibrando a desaceleração da inflação de bens básicos com a persistência da inflação de serviços. Novas políticas do governo serão acompanhadas de perto, enquanto a demanda segue como fator-chave para as exportações de metais e produtos florestais. O presidente e o Congresso tomam posse em março.


Colômbia

O MEI espera uma retomada para 2,8% de crescimento, inflação em 4,3% e taxa básica de 8,50%, em um cenário de flexibilização gradual. Como 2026 é um ano eleitoral, a incerteza fiscal e inflacionária pode aumentar. Os líderes podem reduzir a volatilidade ao demonstrar sinais claros de responsabilidade. O consumo privado continua sendo o principal motor de crescimento, embora os investimentos de capital possam ser adiados. O Congresso inicia suas atividades em julho, e a posse presidencial está prevista para agosto.


Peru

O MEI projeta crescimento do PIB de 2,8%, inflação em 2,2% e viés de queda nas taxas de juros. A eleição de abril pode introduzir volatilidade cambial e incerteza para os negócios, embora investimentos públicos direcionados e um pipeline robusto de mineração possam servir como amortecedores. As relações comerciais com a China continental representam uma faca de dois gumes para preços e volumes de metais. O presidente e o Congresso assumem seus cargos em julho.



Mastercard
www.mastercard.com

 

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