A recuperação
judicial é uma ferramenta à qual empresas impactadas por grandes dívidas muitas
vezes acabam recorrendo para poder sanar essas dívidas. Neste cenário, as
companhias devem se reinventar, tanto operacional quanto financeiramente, uma
vez que terá que cortar custos, fazer melhorias de processos e buscar
eficiência para que gaste menos do que ganha.
Quando bem
conduzido e assistido, o processo de recuperação judicial se transforma em uma
chance de renegociação no longo prazo, pois também traz uma melhora operacional
e de fluxo de caixa da empresa. É preciso ter em mente, porém, que um pedido de
recuperação judicial abala - e muito - a reputação do negócio.
Isso se dá porque
a maioria dos fornecedores ficará com medo de continuar fornecendo e não
receber e os clientes terão medo de comprar e não ter o produto, entre outras
consequências. Dessa maneira, o processo de retomar a reputação empresarial é
lento e deve ser buscado com atitudes que demonstram que os tempos de
dificuldade passaram e que agora a empresa está sendo bem gerida.
Entendendo
os tempos de crise
De acordo com
dados levantados pela Serasa Experian, em 2023, quase 400 empresas no Brasil
entraram com pedido de recuperação judicial. Chama a atenção que muitas delas
são gigantes no setor de varejo e prestação de serviços, como Americanas, Oi,
Light e o Grupo Petrópolis.
Para efeitos de
comparação, em 2022, 275 companhias haviam entrado com o requerimento nos
quatro primeiros meses, enquanto em 2023, foram 382 no mesmo período. Esse
número do ano passado representa um aumento de 39%.
No período de
recuperação judicial, o maior desafio é mostrar que a empresa está mudando.
Para isso, é preciso garantir a fornecedores e clientes que os erros do passado
não acontecerão novamente - isso pode ser feito por meio de uma governança
corporativa de qualidade, com pessoas profissionais e éticas; demonstrando que
a transparência e o respeito pela saúde financeira prevalecerão dentro da
empresa.
1. Estruturar
uma empresa é essencial para que ela volte a ser rentável e bem-vista no
mercado. Pensando em estrutura de governança
corporativa, a companhia terá que se utilizar dos pilares (transparência,
equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa) para impor regras
que devem ser seguidas, a fim de que a empresa tenha uma estrutura de defesa de
seus negócios e sempre trabalhe buscando a autonomia e crescimento contínuo.
2. As
empresas que estão no processo de recuperação judicial devem responder ao
Administrador Judicial durante todo o processo. Esse administrador é o responsável por mostrar ao juiz
e credores como está o processo; este, após aprovado, dura em média dois anos,
podendo ser encerrado antes desse período ou estendido, caso necessário, a
depender do juiz e das solicitações da empresa.
3. Uma
empresa em recuperação judicial, na maioria das vezes, não terá crédito no
mercado. Isso faz com que o dinheiro dela
custe mais que o das outras companhias, sendo que o custo do dinheiro é o que
pode acabar por matar uma empresa - algo que, por si só, já é um grande
complicador.
Em paralelo,
somam-se a isso os credores que devem ser pagos e, principalmente, as ações
trabalhistas (quando houver), elementos que podem impactar em bloqueios de contas
e ativos da empresa.
4.
Para se reerguer após uma recuperação judicial, a empresa deve focar em uma boa
gestão profissional. Será graças
a essa sobra de caixa que o negócio conseguirá se restabelecer novamente.
Procurar “sócios” também pode ser uma alternativa para que se tenha uma injeção
de dinheiro na companhia e, dessa maneira, facilitar a vida da e na empresa.
Em suma, em cenário de recuperação judicial, o famoso ditado “viver mais com menos” vira regra.
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