A Confederação Nacional do Comércio prevê a abertura de 80,5 mil postos de trabalho no Estado de São Paulo neste final de ano, com salário médio até 5% maior do que o de 2022
Levantamento preliminar da CNC
(Confederação Nacional do Comércio) indica que os setores de comércio, serviços
e outros devem abrir cerca de 80,5 mil vagas para trabalhos temporários neste
final de ano, o maior número de contratações pós-pandemia no Estado de São
Paulo.IMAGEM: Thiago Bernardes/DC
O comércio lidera com a
abertura de 48,3 mil vagas, e os serviços, com 26,28 mil. Para outros setores
está prevista a abertura de 5,9 mil postos.
As contratações para reforço no
atendimento das lojas e dos serviços no final do ano, geralmente, são feitas
entre setembro e novembro de cada ano.
Neste momento, portanto, estão
a pleno vapor. As vagas abertas no comércio paulista representam cerca de 31%
das oferecidas em todo o Brasil (262 mil).
No ano passado, o número de
temporários contratados em SP foi de 76,8 mil, em 2021, de 74,9 mil e, em 2020,
de 56,89 mil. Neste ano, o número deve ser 41,5% maior do que o de 2020.
De acordo com a CNC, o salário
médio pago aos temporários neste final de ano deverá ser da ordem de R$ 1.670,
ou entre 4% e 5% maior do que o pago em 2022.
Se o número de pessoas para dar
apoio ao comércio e aos serviços cresce, significa que os empresários estão
esperando um fim de ano melhor do que os dos últimos três anos.
“O que está por trás do aumento
das contratações de temporários são quedas de preços e de juros e melhora do
mercado formal de trabalho”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.
De agosto a dezembro deste ano,
de acordo com ele, o volume de vendas do comércio de São Paulo deve crescer 2%
em relação a igual período de 2022.
Desde maio, quando o volume de
vendas no comércio paulista caiu 3,2% sobre igual mês do ano passado, há
aumento de vendas todos os meses em relação a igual período de 2022.
Neste mês, de acordo com
projeções da CNC, o volume de vendas no comércio paulista deve crescer 1,8%, em
novembro, 2% e, em dezembro, 3,1% sobre iguais meses do ano passado.
“Não há dúvida que, com esses
números, o comércio de São Paulo está ganhando força”, afirma. Um dos
principais motivos, de acordo com ele, é o comportamento dos preços.
O IPCA-15, considerado a prévia
da inflação oficial do país, em 12 meses terminados em setembro deste ano, foi
de 3,88% no Estado de São Paulo.
Nos mesmos meses encerrados em
setembro do ano passado foi de 8,68%. “A inflação murchou em São Paulo, e a
tendência é que o crédito fique mais barato.”
O desemprego também está
diminuindo. A taxa de desemprego no Estado de São Paulo no segundo trimestre
deste ano foi de 7,8%, menor do que a de igual período de 2022 (9,2%).
“Tudo isso joga a favor do
consumo. A contratação de temporários está ancorada na melhora do mercado de
trabalho, na redução da inflação e na tendência de crédito mais barato”, diz.
Paulo Matos, diretor-geral da
Tommy Hilfiger, com 25 lojas no país, diz que vai contratar entre 80 e 100
pessoas para reforço nas vendas neste ano, números parecidos com os de 2022.
“Alguns serão contratados por
60 dias e, outros, por 90 dias, para repor, em janeiro, período de férias de
parte dos funcionários fixos”, afirma.
Os temporários, diz, são para
dar apoio para os vendedores. “Não quero tirar parte da comissão do pessoal que
está comigo o ano todo.”
Considerando as mesmas lojas,
Matos acredita que as vendas devem crescer cerca de 15% neste ano, na
comparação com igual período do ano passado.
“Deve ser um final de ano
melhor porque a comparação é com um período fraco de vendas. No ano passado,
tivemos eleições e Copa do Mundo, que atrapalharam o comércio”, diz.
Para ele, inflação mais
comportada e taxa básica de juros (Selic) menor não terão efeito neste ano.
“Isso vale mais para investimento estrutural. Novos franqueados olham isso”,
diz.
Um ambiente econômico mais
favorável contribui para tranquilizar os empresários, os consumidores. “Se não
há susto na economia, as pessoas consomem”.
Com cerca de 280 funcionários,
a Tommy Hilfiger deve fechar este ano com 15 novas lojas, mais duas próprias e
13 franquias, o que demanda novas contratações.
O plano da marca é continuar
crescendo no país também no ano que vem.
PERFIL
As mulheres vão levar vantagem
na contratação de temporários neste ano. Das 80,5 mil vagas, 44 mil deverão ser
preenchidas pelo sexo feminino e 36,5 mil, pelo masculino.
A maior parte dos temporários
contratados, de acordo com a CNC, deverá ter entre 30 e 39 anos e nível médio
completo de escolaridade.
O que os temporários geralmente
querem saber é se há alguma chance de serem efetivados passadas as festas de
fim de ano.
“A expectativa é que a taxa de
efetivação dessas contratações não seja muito diferente da do ano passado, em
torno de 12%”, afirma Bentes.
Algumas das taxas mais altas de
efetivação de temporários foram registradas no país em 2013 e em 2014, diz,
quando chegaram perto de 20%.
SETORES
No ano passado, os setores do
varejo que mais contrataram temporários foram supermercados, lojas de
vestuário, utilidades domésticas, brinquedos e de eletroeletrônicos.
É bem provável, de acordo com
Bentes, que esses setores do varejo também liderem as contratações neste ano.
Nos serviços, diz, o destaque
pode ser o setor de bares e restaurantes, assim como o de hotéis, pousadas,
tudo o que está relacionado com turismo.
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/sp-deve-ter-a-maior-contratacao-de-temporarios-pos-pandemia
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