Estima-se que cerca de 30% dos pacientes já possuam doenças cardiovasculares preestabelecidas
O
músculo mais importante do corpo também pode sofrer com os efeitos das terapias
utilizadas para o tratamento do tumor de próstata. A redução da testosterona
causada pela terapia de privação androgênica, pode acarretar aumento dos níveis
de glicose (tendência a diabetes), colesterol e gordura corporal, aumentando
também o risco de eventos cardiovasculares.
Dados
do Instituto Nacional do Câncer (INCA), indicam que o câncer de próstata é o
segundo tipo de tumor mais incidente em homens, atrás apenas do câncer de pele
não melanoma, com mais de 65 mil novos casos para cada ano do triênio
2020-2022.
A
próstata é a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, o
canal responsável pela ligação entre a bexiga e o orifício externo do pênis.
“A
faixa etária de maior diagnóstico para o câncer de próstata, acima de 55 anos
correlaciona-se com a faixa etária de maior risco cardiovascular. Estima-se que
1/3 desses pacientes já tenham doenças cardiovasculares pré-estabelecidas ou já
tiveram um evento cardíaco, como o infarto ou convivam com fatores de risco
para doenças cardiovasculares”, explica Ariane Vieira Scarlatelli Macedo,
coordenadora de cardio-oncologia do Americas Centro de Oncologia Integrado.
É
importante que o estado geral de saúde do paciente seja avaliado no início do
tratamento oncológico, já que a terapia de bloqueio hormonal à qual os
pacientes com o câncer avançado podem ser submetidos pode agravar as doenças
cardíacas. Na maioria dos casos, o paciente apresenta múltiplos fatores de
risco que são comuns às doenças do coração e ao aparecimento do câncer:
histórico familiar, obesidade, sedentarismo, colesterol ou pressão alta,
diabetes e tabagismo.
A
terapia de privação androgênica consiste na redução dos níveis de testosterona
no sangue, na maioria dos casos por meio de medicamentos com o objetivo de
inibir o crescimento de células cancerosas. A redução da quantidade de
testosterona pode levar a alterações dos níveis de glicose (tendência a
diabetes), aumento de colesterol e aumento da gordura corporal.
Por
isso, pacientes com diagnóstico de câncer de próstata e que estão tratando a
doença, deveriam realizar uma avaliação e se necessário também o acompanhamento
com um médico cardiologista. “É necessário aumentar o alerta para esse
acompanhamento conjunto, uma vez que pacientes diagnosticados podem precisar de
avaliação cardíaca, realização de exames, checagem do perfil lipídico, sempre
incorporado a alimentação saudável e atividade física”, destaca a especialista.
Entretanto,
pacientes oncológicos com problemas cardiovasculares também podem ter qualidade
de vida, com acompanhamento médico concomitante e prezando pela realização de
atividades físicas e uma alimentação saudável. “A privação androgênica
frequentemente causa perda de massa magra, que é substituída por gordura, por
isso estimulamos exercícios físicos supervisionados ou reabilitação com
fisioterapeuta para que esse paciente tenha qualidade de vida e passe por esse
período com hábitos saudáveis que perdurem por sua vida”, finaliza Macedo.
Estudos
indicam que doenças cardiovasculares ainda são uma das principais causas de
morte no Brasil. O Ministério da Saúde estima que, até 2040, haverá um aumento
de até 250% destes eventos.
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