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domingo, 9 de outubro de 2022

Outubro Pela Saúde Mental: Psicopedagoga analisa primeiro ano de retorno às aulas: “Alunos e colaboradores precisam de escuta e acolhimento”

Ivone Ferreira Santos lista alguns sinais comuns em crianças e adolescentes em depressão

 

Entramos em outubro, o mês que foi escolhido para falarmos ainda mais sobre a saúde mental. Apesar de ainda ser um tabu dentro da nossa sociedade, a realidade bate cada dia mais cedo em nossa porta, principalmente após os dois anos de pandemia e isolamento social. Um problema que era tipicamente relacionado a adultos, hoje tem atingido crianças e adolescentes. Desde o medo de falar sobre seus sentimentos, até bloqueios sociais que acabam aumentando os índices de transtornos como ansiedade e depressão, tem encontrado um público cada vez mais jovem.

 

Com um olhar atento e vontade de mudar essas estatísticas, o Colégio Novo Tempo, localizando em Santos, litoral de São Paulo, tem apostado em profissionais e treinamentos para que qualquer mudança comportamental de alunos e colaboradores seja notado e rapidamente acolhido. A escola busca falar e conscientizar a todos sobre saúde mental desde a educação infantil. Já que os pequenos também sofrem com as perdas ocasionadas pela pandemia.


“O afastamento social necessário no período mais crítico da Pandemia interferiu na saúde mental de todos de alguma maneira. Pudemos perceber que muitas crianças e adolescentes voltaram às aulas presenciais emocionalmente fragilizados, com dificuldades para interagir com colegas e lidar com situações do cotidiano, alguns mais vulneráveis, outros mais intolerantes e impulsivos, tivemos muitos casos de alunos manifestando crises de ansiedade, dificuldades em manter a atenção e concentração durante as aulas. Muitos fazendo acompanhamento psicológico e outros sendo encaminhados. A incidência de conflitos interpessoais acentuou-se e o assunto mais tratado foi justamente saúde mental, tanto entre os professores, como entre os alunos, evidenciando a necessidade de maior acolhimento e cuidado nesse sentido”, explica Ivone Ferreira Santos, psicopedagoga da escola.


 

Aula extramuros para aliviar o estresse e reintegrar alunos

 

Uma das formas de aliviar o estresse e ajudar aos alunos no processo de reintegração, foram os trabalhos de campos. A profissional reforça a importância das aulas extras e fora de classe.

 

“Devido à defasagem decorrente de um período de ensino remoto, onde muitos alunos não conseguiram ter o mesmo desempenho que teriam no presencial, algumas estratégias precisaram ser adotadas. Os professores diversificaram metodologias de ensino incrementando com atividades fora da sala de aula e com visitas às outras unidades para troca de experiências, ações da Psicologia Educacional com as turmas no sentido de desenvolver habilidades socioemocionais; equipe preparada para acolhimento e escuta ativa dos alunos (Psicóloga, Orientadora Educacional e Coordenação)”.

 

Ivone acompanha os alunos, mas também os colegas da escola e destaca o quanto o ouvir e o acolher se fazem necessários no momento. “Alunos e colaboradores precisam de escuta e acolhimento. Quando damos ouvidos a eles descobrimos que têm queixas e desconfortos, mas que é justamente com eles que podemos encontrar as melhores soluções para a construção de um espaço saudável, promotor da criatividade, onde resoluções inéditas podem surgir para alcançarmos resultados de aprendizagem significativos e surpreendentes”, explica a psicopedagoga que lembra que prestar atenção aos sinais dentro de casa e também em sala de aula é fundamental para auxiliar as crianças e adolescentes que estejam entrando em um processo de depressão.

 

“Os primeiros sinais evidenciam-se por mudanças de comportamento. Para isso precisamos apenas estar atentos para perceber sinais indicadores de estado depressivo”, fala Ivone que lista alguns sinais:

 

- Deixar de manifestar interesse por assuntos antes apreciados;

- Manter-se calado e isolado;

- Comportamento arredio ou agressivo;

- Usar roupas de manga comprida independente do clima;

- Alterações no peso (engordar ou emagrecer repentinamente);

- Descuido com aparência;

- Excesso de faltas;

- Queda no desempenho escolar.

 


Lazer é fundamental

 

Desde que nascemos, o colo dos nossos pais é o local em que nos sentimos seguros e, mesmo que em fases mais distantes, como a adolescência, esse será sempre o nosso lugar de refúgio. Ivone Ferreira reforça que esse acolhimento e momento de qualidade com os pais é o que vai gerar conexão e segurança para crianças e jovens.

 

“O lazer com os pais é de fundamental importância na construção da relação. Nesses momentos mais lúdicos a criança pode perceber que é amada, aceita, pertencente à família, estreitando os laços afetivos. Eu entendo que as famílias precisam dedicar uma parte do seu dia para brincar, conversar, escutar, assistir filmes, comer pipoca, ir à parques e espaços livres, fazer passeio de bicicleta, ir à praia, sair para tomar um sorvete, jogar bola, esquecer o celular e investir tempo com filhos”, lista a profissional que acrescenta: 

“Não acredito que necessite de nada tão sofisticado, o que falta mesmo é o “estar junto”, rir junto, chorar junto, curtir os momentos da vida juntos, construir memórias afetivas”, finaliza Ivone Ferreira Santos.


Ivone Ferreira Santos - Psicóloga, Pedagoga, Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com especialização em Psicodrama, atua na Educação há 22 anos, Psicóloga do Colégio Novo Tempo a partir de 2018 e, atualmente, acompanha os alunos e familiares da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.


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