Ivone Ferreira Santos lista alguns sinais comuns em crianças e adolescentes em depressão
Entramos em outubro, o mês que foi escolhido
para falarmos ainda mais sobre a saúde mental. Apesar de ainda ser um tabu dentro
da nossa sociedade, a realidade bate cada dia mais cedo em nossa porta,
principalmente após os dois anos de pandemia e isolamento social. Um problema
que era tipicamente relacionado a adultos, hoje tem atingido crianças e
adolescentes. Desde o medo de falar sobre seus sentimentos, até bloqueios
sociais que acabam aumentando os índices de transtornos como ansiedade e
depressão, tem encontrado um público cada vez mais jovem.
Com um olhar atento e vontade de mudar
essas estatísticas, o Colégio Novo Tempo, localizando
em Santos, litoral de São Paulo, tem apostado em
profissionais e treinamentos para que qualquer mudança comportamental de alunos
e colaboradores seja notado e rapidamente acolhido. A escola busca falar e
conscientizar a todos sobre saúde mental desde a educação infantil. Já que os
pequenos também sofrem com as perdas ocasionadas pela pandemia.
“O afastamento social necessário no período
mais crítico da Pandemia interferiu na saúde mental de todos de alguma maneira.
Pudemos perceber que muitas crianças e adolescentes voltaram às aulas
presenciais emocionalmente fragilizados, com dificuldades para interagir com
colegas e lidar com situações do cotidiano, alguns mais vulneráveis, outros
mais intolerantes e impulsivos, tivemos muitos casos de alunos manifestando
crises de ansiedade, dificuldades em manter a atenção e concentração durante as
aulas. Muitos fazendo acompanhamento psicológico e outros sendo encaminhados. A
incidência de conflitos interpessoais acentuou-se e o assunto mais tratado foi
justamente saúde mental, tanto entre os professores, como entre os alunos,
evidenciando a necessidade de maior acolhimento e cuidado nesse sentido”,
explica Ivone Ferreira Santos, psicopedagoga da escola.
Aula
extramuros para aliviar o estresse e reintegrar alunos
Uma das formas de aliviar o estresse e
ajudar aos alunos no processo de reintegração, foram os trabalhos de campos. A
profissional reforça a importância das aulas extras e fora de classe.
“Devido à defasagem decorrente de um
período de ensino remoto, onde muitos alunos não conseguiram ter o mesmo
desempenho que teriam no presencial, algumas estratégias precisaram ser
adotadas. Os professores diversificaram metodologias de ensino incrementando
com atividades fora da sala de aula e com visitas às outras unidades para troca
de experiências, ações da Psicologia Educacional com as turmas no sentido de
desenvolver habilidades socioemocionais; equipe preparada para acolhimento e
escuta ativa dos alunos (Psicóloga, Orientadora Educacional e Coordenação)”.
Ivone acompanha os alunos, mas também os
colegas da escola e destaca o quanto o ouvir e o acolher se fazem necessários
no momento. “Alunos e colaboradores precisam de escuta e acolhimento. Quando
damos ouvidos a eles descobrimos que têm queixas e desconfortos, mas que é
justamente com eles que podemos encontrar as melhores soluções para a
construção de um espaço saudável, promotor da criatividade, onde resoluções
inéditas podem surgir para alcançarmos resultados de aprendizagem
significativos e surpreendentes”, explica a psicopedagoga que lembra que
prestar atenção aos sinais dentro de casa e também em sala de aula é
fundamental para auxiliar as crianças e adolescentes que estejam entrando em um
processo de depressão.
“Os primeiros sinais evidenciam-se por
mudanças de comportamento. Para isso precisamos apenas estar atentos para
perceber sinais indicadores de estado depressivo”, fala Ivone que lista alguns
sinais:
- Deixar de manifestar interesse por
assuntos antes apreciados;
- Manter-se calado e isolado;
- Comportamento arredio ou agressivo;
- Usar roupas de manga comprida
independente do clima;
- Alterações no peso (engordar ou emagrecer
repentinamente);
- Descuido com aparência;
- Excesso de faltas;
- Queda no desempenho escolar.
Lazer
é fundamental
Desde que nascemos, o colo dos nossos pais
é o local em que nos sentimos seguros e, mesmo que em fases mais distantes,
como a adolescência, esse será sempre o nosso lugar de refúgio. Ivone Ferreira
reforça que esse acolhimento e momento de qualidade com os pais é o que vai
gerar conexão e segurança para crianças e jovens.
“O lazer com os pais é de fundamental importância na construção da relação. Nesses momentos mais lúdicos a criança pode perceber que é amada, aceita, pertencente à família, estreitando os laços afetivos. Eu entendo que as famílias precisam dedicar uma parte do seu dia para brincar, conversar, escutar, assistir filmes, comer pipoca, ir à parques e espaços livres, fazer passeio de bicicleta, ir à praia, sair para tomar um sorvete, jogar bola, esquecer o celular e investir tempo com filhos”, lista a profissional que acrescenta:
“Não acredito que necessite de nada tão
sofisticado, o que falta mesmo é o “estar junto”, rir junto, chorar junto,
curtir os momentos da vida juntos, construir memórias afetivas”, finaliza Ivone
Ferreira Santos.
Ivone Ferreira Santos - Psicóloga,
Pedagoga, Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com
especialização em Psicodrama, atua na Educação há 22 anos, Psicóloga do Colégio
Novo Tempo a partir de 2018 e, atualmente, acompanha os alunos e familiares da
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
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