No mês de
conscientização sobre o câncer de mama, SBMN chama atenção para os exames
diagnósticos atuais e sua importância para o manejo da doença
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o segundo mais comum, depois da neoplasia de pele não melanoma, e o que apresenta a maior taxa de mortalidade entre as mulheres no Brasil. Só em 2020, foram 17.825 óbitos. Tais dados contribuem, anualmente, para o Outubro Rosa, celebrado mundo afora, para disseminar informações e conscientizar sobre a doença.
Com o reconhecimento prévio da doença, é possível
conter o avanço das células cancerígenas e evitar que elas contaminem outras
regiões do corpo, formando as chamadas metástases, estágio mais avançado do
tumor. No entanto, no Brasil, mais de 70% das neoplasias de mama são
identificadas já em fases mais graves, segundo o Estudo Amazona. Daí, a
relevância da Medicina Nuclear como importante ferramenta de precisão e
agilidade diagnóstica e terapêutica.
“O câncer de mama é frequentemente um tumor que
gosta de migrar para o osso e a medicina nuclear já vem atuando nesse
rastreamento há muitos anos. O primeiro exame disponível para esse diagnóstico
é a cintilografia óssea, que pode avaliar todo o esqueleto a partir de uma
pequena quantidade de material radioativo injetada na paciente. É um método
seguro, barato, que tem cobertura pelo SUS e é usado amplamente. A sua taxa de
performance, ou seja, potencial de detectar lesões é da ordem de 85%”, explica
a Dra. Adelina Sanches, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear
(SBMN).
Ao longo dos anos, a medicina nuclear também passou a observar a drenagem linfática das pacientes e determinar as vias de disseminação de alguns tumores. Tornou-se possível detectar o linfonodo drenador daquela cadeia e retirá-lo no ato operatório para análise. Se identificado que o gânglio está livre do câncer, a cirurgia mutiladora de esvaziamento de axilas não é necessária.
“Antigamente, toda mulher que tinha um tumor de
mama mais avançado, fazia também uma retirada de todos os gânglios da axila.
Isso levava à morbidade, que era a presença de efeitos colaterais decorrentes
da própria manipulação. O principal deles, que é algo muito relevante, é o
inchaço dos membros. Isso porque quando se altera o sistema linfático de uma
pessoa, a drenagem dos líquidos é comprometida e muito frequentemente as
mulheres ficavam com braços inchados e pesados, um quadro muito difícil de
reverter. Tudo isso é analisado no intra-operatório. O cirurgião recebe esse
diagnóstico na hora e pode então poupar essa paciente ou esvaziar a axila, se
necessário”, afirma a diretora da SBMN.
Outros exames da medicina nuclear que demonstram uma excelente performance em câncer de mama são as tomografias por emissão de pósitrons (PET/CT). Para tumores muito avançados, a paciente pode avaliar o corpo inteiro, que vai mostrar se ela está com a doença no pulmão, no fígado, em outros órgãos ou no próprio esqueleto. É um exame que apresenta performance até superior à cintilografia óssea.
“Temos o PET/CT com o FDG, que é um
procedimento mais tradicional, que utiliza a glicose marcada com material
radioativo. Mais recentemente, nos últimos cinco anos, foi desenvolvido o
PET/CT com FES, que é o flúor-estradiol, análogo ao hormônio feminino
estradiol. Esse traçador é injetado para rastrear lesões que expressam receptores
de estrógenos, presentes em 70 a 80% dos tumores de mama. Ter um traçador
específico traz muitos ganhos, pois, se a paciente estiver com um câncer de
mama e outro de pulmão, por exemplo, ele permite identificar se a metástase é
decorrente da neoplasia de mama ou do pulmão. Isso ajuda muito na deflagração
de terapias, muitas vezes até poupando a mulher de novas biópsias e novos
procedimentos invasivos”, finaliza a Dra. Adelina Sanches.
Sociedade Brasileira de Medicina
Nuclear - SBMN
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