Enquanto o PISA destaca que o Brasil tem baixo desempenho na leitura, agravando o desempenho de outras competências cognitivas, o Colégio Anglo Chácara Santo Antônio promove ações cotidianas sobre a importância da leitura, como o Festival Literário; veja dicas de como incentivar a criação desse hábito
Os
livros apoiam o desenvolvimento da linguagem, a ampliação de vocabulário, a
criatividade e a descoberta do mundo imaginário. No Colégio Anglo Chácara Santo
Antônio, os alunos são incentivados desde pequenos a leitura.
Pesquisas científicas realizadas nos Estados Unidos – Universidade de Stanford – e na França – Unidade de Neuroimagiologia Cognitiva do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm/Comissão de Energia Atômica e de Energias) comprovam que a leitura faz bem ao cérebro. Logo, entendemos que a leitura pode auxiliar no desenvolvimento de forma direta e indireta em várias áreas da vida, potencializando a consciência social e crítica. É imprescindível que essa atividade seja parte da rotina desde que a criança aprende a ler e, assim, sem muito esforço se tornará um hábito. A questão é como convencer todos os familiares de que essa prática é fundamental para que no futuro o aluno tenha um pensamento mais elaborado?
Antes de tudo, é preciso entender de fato o que a atividade significa. “Ler é atribuir um sentido, significado ao texto escrito. Sendo assim, há diferentes possibilidades para a leitura” diz Solange Salzo, coordenadora do Fundamental Anos Iniciais do Colégio Anglo Chácara Santo Antônio. Ela ainda reforça que o contato com o universo literário proporciona aos pequenos leitores o ingresso em outros mundos, fazendo um intercâmbio de informações e confrontando diferentes opiniões. “Nessa atmosfera, eles acessam diferentes universos e, de uma forma lúdica, entendem o mundo que os cerca. Na imaginação, damos a roupagem que queremos, aos nossos monstros, e assim nos fortalecemos para enfrentá-los”.
Elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) conta com uma metodologia que avalia estudantes entre 15 e 16 anos, de 77 países. Na análise de 2018 foi constatado que 50% dos brasileiros têm resultados nível 1 em leitura. Portanto, sabendo os benefícios de ler e entender para o ser social, e deparando-se com os números alarmantes no Brasil, é imprescindível que a essa competência seja incentivada dentro de casa, por parte da família, e principalmente na escola, que deve introduzi-la de uma forma agradável e leve. A ideia é não soar como fardo para a o estudante.
A coordenadora pedagógica pontua que a escola deve oferecer múltiplos recursos para que a leitura cumpra diferentes propósitos, assim como a família deve valorizar esse momento, sempre lembrando que o espaço da casa também é formador. “Quanto mais oferta as crianças tiverem no lar, maior será a procura. Além disso, há sempre a motivação via exemplo: jovens com pais que leem são mais propensos a esse hábito”, acrescenta.
É importante lembrar que os adultos, pais ou professores, além de modelos leitores, são também mediadores aproximando as crianças de um universo desconhecido. Os pais podem ler antes de dormir para seus filhos, valorizar o livro escolhido na roda de biblioteca e propor uma “jornada”, apresentando diferentes gêneros e autores. Ao mesmo tempo, podem fomentar discussões que a criança terá na escola sobre o conteúdo lido.
Como a leitura deve ser incentivada?
A coordenadora Solange Salzo explica que podem ser utilizados diferentes critérios para que a criança possa escolher um livro com autonomia. Veja:
1. Leitura da quarta capa
Quando lemos a quarta capa, temos a liberdade de saber o assunto que o livro irá tratar, qualificando o conteúdo e abordando informações relevantes para a decisão de leitura, influenciando, assim, de maneira significativa, a escolha do leitor.
2. Indicação de um colega
Comentar sobre uma personagem específico ou sobre como terminou uma história é um ótimo jeito para incentivar a leitura para o colega de classe. Apesar de ser uma tarefa difícil, algumas iniciativas feitas em sala de aula são capazes de despertar um maior interesse pelos livros, como é o caso do mural de indicações literárias.
3. Descrição das aventuras da personagem principal
Trabalhar com as narrativas de aventura em sala de aula é essencial para despertar nos alunos do Fundamental Anos Iniciais o prazer pela leitura. Por isso, descrever as aventuras da personagem principal de uma narrativa desperta a criatividade e abrem as portas para o incrível universo lúdico.
“O importante é sempre despertar a curiosidade do leitor para saber mais. Em casa, o mesmo modelo realizado em sala de aula pode ser seguido. Para incentivar uma boa rotina, podemos incluir um roteiro, como levar os pequenos a uma livraria, tocar a obra, sentir seu cheiro e olhar a ilustração. Essas são boas dicas de estímulo”, reitera.
Um exemplo de incentivo no Colégio Anglo Chácara foi o Festival Literário, realizado no dia 10 de setembro, envolvendo todas as turmas da escola. Segundo Solange, o evento é apresentado a toda comunidade escolar, fomentando discussões em torno dos trabalhos literários desenvolvidos ao longo do ano. “Toda criança traz no imaginário que o autor do livro é alguém inacessível. Trazer esse ícone das letras à escola para discutir a sua produção é fantástico. O retorno dessa iniciativa sempre é muito positivo, as famílias adoram assim como o público infantil", afirma a coordenadora.
Na faixa etária dos 5 a 10 anos, o colégio promove a leitura do livro físico, desde o momento que seleciona títulos para a leitura compartilhada. Geralmente, os professores indicam aqueles que não seriam a primeira escolha do aluno – ou seja, aquele que necessitaria de alguém mais experiente para fazer a mediação da leitura. Nas rodas de leitura, os alunos visitam a biblioteca uma vez por semana e cada um escolhe uma publicação a partir de critérios já citados.
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