A falta de conhecimento da população sobre a existência de protocolo de prevenção da existência de aneurismas cerebrais, que podem ser embolizados para não se romperem, fazem com que a doença não seja detectada a tempo de gerar grandes danos aos pacientes, que podem sofrer um AVCh (Acidente Vascular Cerebral hemorrágico)
Cerca de 1% da população brasileira sofre de
aneurismas cerebrais - dilatações das artérias cerebrais que formam espécies de
bolhas que, quando rompidas, causam o Acidente Vascular Cerebral hemorrágico
(AVCh), uma condição que pode levar à morte. Porém, se o aneurisma é detectado
previamente, antes do rompimento, ele pode ser tratado - e o paciente leva vida
normal. "O problema é que o diagnóstico não é realizado em massa",
diz o Neurorradiologista Intervencionista Renato Tosello, médico especializado
no tratamento de aneurismas cerebrais.
Segundo ele, todas as pessoas deveriam
passar, em suas rotinas médicas, por uma angiorressonância magnética ou
uma angiotomografia, exames relativamente simples (cobertos pelo plano de saúde
e disponíveis pelo SUS) e que detectam a presença de aneurismas. “O
neurologista costuma solicitar o exame a quem faz parte do grupo de risco mas,
cada vez mais, percebemos que todas as pessoas deveriam passar pelo check-up
neurológico”, informa o Neurorradiologista Intervencionista Renato Tosello,
médico especializado no tratamento endovascular de aneurismas cerebrais.
Segundo o Dr. Tosello, fazem parte do grupo de
risco para aneurisma cerebral as pessoas que têm histórico de AVC na família
(ou de aneurisma), fumantes, hipertensos, obesos, diabéticos e mulheres na
menopausa. As mulheres, aliás, apresentam a doença em maior número que os
homens. “A proporção é de 3:1, especialmente na faixa dos 40 anos em diante”,
alerta o médico.
Diagnóstico, tratamento, prevenção
Acaba de ser publicado pelo Journal of
Neurointervencional Surgery, um dos veículos médicos mais importantes do mundo,
um estudo científico realizado por pesquisadores brasileiros a respeito da
eficácia do tratamento endovascular para aneurisma cerebral.
Segundo o artigo científico, após seis meses de
embolização, 70,1% dos 127 pacientes embolizados, com 177 aneurismas
intracranianos tratados, tiveram a oclusão total dos aneurismas (fechamento
total) e 87,3% tiveram oclusão favorável (quando existe enchimento de até 5% do
aneurisma, quase uma oclusão).
Após 12 meses do procedimento, o resultado foi de
83,3% de oclusão total e 97,7% de oclusão favorável. Outra boa notícia é que,
em relação às questões de segurança, 97,6% dos pacientes não apresentaram
efeitos adversos graves durante período de acompanhamento de 12 meses e não
houve mortalidade relacionada ao procedimento.
Para o Dr. Renato Tosello, diretor-médico da
Clínica Tosello e um dos autores do estudo, o Brasil firma-se como um
importante centro de tratamento endovascular de aneurismas cerebrais a partir
de constatações como as apresentadas nesta publicação. “Sabemos que,
atualmente, o tratamento endovascular, também conhecido como embolização, é
padrão-ouro para aneurismas cerebrais porque é o método menos invasivo e que
permite a melhor e mais rápida recuperação do paciente. Sem a necessidade de
abertura do crânio, essa cirurgia se dá com baixíssimos índices de complicações
e óbitos, bem como grandes chances de cura em curto e médio prazos”, diz o
médico.
O estudo foi realizado de dezembro de 2016 a
setembro de 2019 e envolveu 127 pacientes com 177 aneurismas intracranianos,
tratados em três centros diferentes.
Para ter acesso ao estudo, clique aqui: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35705359/
O aneurisma cerebral é uma “dilatação” que se
desenvolve em um local de fragilidade da parede de um vaso sanguíneo (artéria
ou veia) que irriga o cérebro. Frequentemente, se forma na bifurcação das
artérias intracranianas. Por causa da dilatação, a parede do vaso fica mais
enfraquecida e afilada à medida que aumenta de tamanho, como se fosse a
borracha de uma bexiga que vai ficando mais fina e frágil enquanto se enche de
ar até romper. Ao se romper e sangrar, o aneurisma causa um AVC hemorrágico
sendo o do tipo subaracnóide, o mais comum.
O aneurisma normalmente não causa sintomas enquanto
está pequeno, não comprime tecido cerebral ou nervos adjacentes e mantém sua
parede íntegra (ou seja, quando não há ruptura).
Dependendo da localização e do tamanho do
aneurisma, ele pode pressionar o tecido cerebral e os nervos ao seu redor,
podendo gerar alguns sintomas como dor de cabeça; dor acima e atrás de um olho;
dilatação da pupila de um olho; mudança na visão ou visão dupla e dormência de
um lado do rosto e do corpo.
Se a pessoa não procura assistência médica, mas o
aneurisma cresce e um dia se rompe e sangra, os sintomas podem variar conforme
a seriedade do quadro.
Das pessoas que sofrem de aneurisma roto cerca de
40 – 50% morrem e ao redor de 20 – 25% ficam com algum déficit neurológico
moderado ou grave.
Por que o diagnóstico ainda é pequeno
Os diagnósticos precoces do aneurisma cerebral são
poucos porque, justamente, não existe uma recomendação médica para um check-up
neurológico preventivo – um erro que pode custar uma vida. “A cada dia,
percebemos que é necessário fazer uma correlação entre doenças e as
cardiológicas estão diretamente ligadas às cerebrais. Por isso, é importante
realizar um checkup cardiológico e um neurológico anualmente”, aconselha o Dr.
Tosello.
Clínica Tosello
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