Fumantes têm risco 20 vezes maior de
desenvolver tumores pulmonares; Especialista comenta principais sinais e a
importância do diagnóstico precoce
O tabagismo está na origem de 90% de
todos os casos de câncer de pulmão no mundo, sendo responsável por ampliar em
cerca de 20 vezes o risco de surgimento da condição. No Brasil, segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que durante o triênio 2020-2022
cerca de 30.200 casos da doença sejam diagnosticados a cada ano. E, apesar
destes dados não serem novidade, os tumores pulmonares ainda lideram o ranking
das doenças oncológicas que mais matam todos os anos, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
A oncologista Mariana Laloni, da
Oncoclínicas São Paulo, explica que a maioria dos pacientes com câncer de
pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório. “Os
sinais de alerta são tosse, falta de ar e dor no peito. Outros sintomas
inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em
poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o
paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros
sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença, o
que contribui amplamente para o sucesso do tratamento”, diz.
A médica comenta ainda que existem dois
tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não
pequenas células. “O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos
casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de
grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e
atinge 40% dos doentes”, destaca.
Imunoterapia é
avanço relevante no combate ao câncer de pulmão
A ciência tem transformado a maneira de
tratar diferentes tipos de câncer. E, no caso das neoplasias de pulmão, as
alternativas terapêuticas avançam a passos largos, permitindo ao paciente um
arsenal poderoso de condutas que podem ser indicadas para o enfrentamento da
doença.
Diante deste cenário,
estratégias que combinam modalidades de tratamento sistêmico (baseados na
adoção de medicações via oral ou intravenosa, como a quimioterapia) e local
(radioterapia) podem ser adotadas no início do tratamento para reduzir o tumor
antes de uma cirurgia para retirada da parte do pulmão acometido, ou mesmo como
tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia
isolada também é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de
ar e dor. “A indicação depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho
e da localização do tumor, além do estado geral do paciente”, diz Laloni.
Para a especialista, é válido destacar
o papel que a imunoterapia exerce no panorama de enfrentamento do câncer de
pulmão. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo
estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a
se “disfarçar” para não ser reconhecido pelo sistema imunológico e então
crescer, a terapia biológica funciona como uma espécie de chave, capaz de
religar a resposta imunológica contra este agente agressor.
“Embora o sistema imune esteja apto a
prevenir ou desacelerar o crescimento do câncer, as células cancerígenas sempre
dão um jeitinho de driblá-lo e, assim, evitar que sejam destruídas. O papel da
imunoterapia é justamente ajudar os ‘soldados’ de defesa do organismo a agir
com mais recursos contra o câncer, produzindo uma espécie de super estímulo
para que o corpo produza mais células imunes e assim a identificação das
células cancerígenas seja facilitada - devolvendo ao corpo a capacidade de
combater a doença de maneira efetiva”, explica a especialista.
Não à toa, as
medicações imunoterápicas vêm conquistando protagonismo no tratamento de
tumores de pulmão e de outros tipos de câncer. A abordagem
terapêutica tem trazido resultados importantes também para cânceres de bexiga,
melanoma, estômago e rim. Estudos atestam ainda a eficácia no tratamento de
Linfoma de Hodgkin e de um subtipo do câncer de mama, chamado triplo negativo. “Na última década, a imunoterapia passou rapidamente
de uma descoberta promissora para um padrão de cuidados que está contribuindo
para respostas positivas para diversos casos de pacientes oncológicos”, pontua
Mariana Laloni.
Tabagismo ainda é
a principal causa de câncer
O tabagismo continua sendo o maior
responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste
tipo de tumor: segundo o INCA, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas
anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de ⅓
destes óbitos são
decorrentes de algum tipo de câncer relacionado
ao hábito de fumar.
E apesar do Brasil ter sido reconhecido
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao cigarro -
o país tem um dos menores índices de fumantes do mundo, cerca de 10% da
população acima de 18 anos, segundo o próprio INCA - os desafios não param de
chegar. Um deles, é a chegada dos cigarros eletrônicos e outros dispositivos de
vape, que têm conquistado principalmente os jovens.
“Nós vemos novas formas de tabagismo
chegando, como o cigarro eletrônico, por exemplo, que tem atraído
principalmente os adolescentes, pelo formato, novidade e falta de informação
sobre o impacto nocivo deles. Então, estamos vendo uma geração que tinha
largado o cigarro, voltar para versões digamos, mais modernas, do mesmo mal”,
alerta Laloni.
Parar de fumar,
alerta a especialista, é a forma mais eficaz de se prevenir contra o câncer de
pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, doença pulmonar
obstrutiva crônica, pneumonia, AVC (acidente vascular cerebral) e complicações
severas decorrentes da contaminação pela covid-19.
Grupo Oncoclínicas
Nenhum comentário:
Postar um comentário