Alguns comportamentos de cachorros podem ser de origem psicológica, o que implica na realização de tratamentos que devem incluir, acima de tudo, a atenção total ao corpo e à mente de um cão.
O tutor deve ficar sempre atento aos
comportamentos do seu pet para ser capaz de perceber sinais que extrapolam o
contexto de simples manias e indicam quadros que merecem tratamentos mais
específicos.
O desenvolvimento de manias e
comportamentos obsessivos pode estar relacionado a históricos de abuso físico
ou emocional. Se o cão foi resgatado, era vítima de maus tratos ou das
ruas, deve prestar atenção em suas funções sensoriais.
Sintomas
Os primeiros sintomas decorrem da
intensificação do comportamento canino. Isso quer dizer que as atividades que o
pet desempenha são muito mais potencializadas.
Dessa forma, os latidos são mais
frequentes, assim como o ato de se coçar é realizado em uma intensidade além do
normal. O mesmo serve para escavar e arranhar excessivamente.
Destruir as coisas
Quem tem cachorro em casa já se
deparou, pelo menos uma vez, com móveis, sapatos, roupas ou outros objetos
destruídos. Esse comportamento, muito comum em filhotes, pode acompanhar o pet
ao longo da vida.
O que ocorre é que, ao perceber que não
tem ninguém com quem interagir, o cachorro desenvolve um quadro de ansiedade e
ele precisa extravasar. Essa situação de estresse em cães, geralmente, é acometida pela chamada ansiedade de
separação.
O termo diz respeito ao comportamento
que o pet desenvolve ao sentir que está sozinho. Para ele, isso pode significar
abandono. Por isso, pode latir por muito tempo, chorar, uivar ou destruir seus
objetos.
Essa mania tende a diminuir quando ele
percebe que há uma rotina na casa e sabe que você irá chegar.
No entanto, se for um comportamento
persistente, é necessário levá-lo ao veterinário para que seja realizada uma
avaliação mais detalhada e prosseguir com o tratamento adequado.
Correr atrás do rabo
Existem diversos fatores que podem
levar a esse tipo de comportamento. Por isso, é importante identificar as reais
causas para proceder com as intervenções mais adequadas.
Caso seu pet corra atrás do rabo com
muita frequência, leve ao veterinário para que ele seja capaz de fazer a
avaliação e encontrar o real motivo. Cães podem fazer isso por predisposição
genética a comportamentos compulsivos.
Perseguir o rabo também pode
estar relacionado à idade do cão. Filhotes o fazem como forma de brincadeira.
Se esse comportamento for identificado nos idosos, pode ser indício de
problemas relacionados à senilidade ou demência, afirma a veterinária Livia
Romeiro, especialista em comportamento canino da Vet Quality Centro Veterinário
24h.
A falta de exercícios físicos e
brincadeiras também podem fazer com que os pets corram atrás do rabo porque
eles têm tendência a ficarem entediados por conta do excesso de energia
acumulada.
Quadros de ansiedade, necessidade de
atenção do dono, vermes e machucados na região também podem ser a causa desse
comportamento. Outro ponto que importante é que raças com instinto muito forte
de caça tendem a ver no rabo uma espécie de presa.
Lamber as patas
Esse comportamento é uma estratégia que
o pet utiliza para informar que está entediado e precisa de uma atividade que o
entretenha. Em outras palavras, é um sinal que indica que ele precisa de
uma distração.
Nesse caso, o melhor a ser feito é
proporcionar momentos de interação. Pode ser com brinquedos, levando ele para
passear ou fazendo carinho. A rotina desses tipos de atividades deve ser sempre
mantida para evitar outros problemas.
Apesar de ser um comportamento
relativamente comum, o ato de lamber as patas é uma das manias que
devem ser observadas com atenção para que não se transforme em compulsão.
Caso perceba que o cão está se lambendo
além dos limites a ponto de provocar ferimentos, um especialista veterinário
deve ser procurado.
Os veterinários serão capazes de
fornecer um diagnóstico preciso a partir da avaliação clínica e exames
laboratoriais. Se o comportamento indicar que ele apresenta um quadro de
ansiedade, os profissionais prescreverão o tratamento mais adequado.
Fazer xixi em lugares inapropriados
Alguns cães fazem xixi na cama ou no
travesseiro de quem lhe deu bronca. Isso não acontece porque eles são
desaforados. Na verdade, trata-se de um sintoma que pode estar relacionado ao
medo.
Após receber uma bronca ou correção, é
comum que o cachorro trema e encolha o rabo. Nesse processo, o xixi acaba
vazando.
Além disso, fazer xixi pode ser
sinônimo de marcação de território. Se o pet estiver em um contexto que faça
com que ele se sinta desafiado, pode sentir a necessidade de deixar seu cheiro
em lugares específicos.
É importante lembrar que a punição só é
eficaz quando o pet é pego em flagrante. Sua memória não é como a nossa e ele
não é capaz de associar a bronca ao ocorrido. Além disso, ele pode entender que
o erro está no próprio ato de urinar.
Tratamentos
Nunca deixe de lembrar que um cachorro
com transtorno compulsivo apresenta um desequilíbrio emocional e isso exige
muita paciência e dedicação para que ele possa se recuperar em um ambiente que
forneça equilíbrio e bem-estar.
Do ponto de vista da saúde física, é
preciso intervir com soluções que tratam os sintomas. Em casos de feridas pelo
corpo causadas por mordidas ou lambedura, pode ser que o médico veterinário
prescreva medicamentos para inflamação.
Além disso, talvez seja necessário o
uso de ataduras ou colar elizabetano.
Do ponto de vista comportamental, é
necessário que o pet passe por um processo de reeducação e socialização. Isso é
fundamental para que ele seja capaz de fortalecer a autoconfiança e se sentir
seguro no ambiente onde ele vive.
Todos os tratamentos devem ser
acompanhados de perto por um especialista em neurologia
veterinária.
Como evitar transtornos compulsivos
em cães
É necessário que o tutor forneça um
ambiente saudável e aconchegante para seu pet. Ele deve se sentir protegido e
amado. Caso ele faça xixi fora do lugar ou destrua algum objeto, jamais use a
violência física ou emocional como corretivo.
É necessário promover a realização de
atividades físicas regularmente. Caminhar, pular, brincar e correr são
exercícios que aliviam a tensão acumulada e previnem depressão e
ansiedade.
Ofereça uma dieta equilibrada. Mantenha
o calendário de vacinas e vermifugação sempre atualizado e não deixe de fazer
consultas regulares com o veterinário.
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