Expectativa é de
que a concorrência possa resultar em serviços mais atraentes e taxas menores
para o empreendedorismo, a exemplo do que vem acontecendo em outros países
O Open Banking, novo sistema em que há
compartilhamento de dados, produtos e serviços financeiros, está em fase de
implantação no Brasil. Portanto, ao longo deste ano, algumas mudanças já
puderam ser notadas por parte das empresas e elas têm acontecido gradualmente,
permitindo dessa forma que, tanto instituições financeiras quanto clientes se
adaptem à proposta desse novo modelo financeiro.
As inovações propostas pelo Open Banking visam
trazer mais transparência e estão mudando a forma como pequenas e médias
empresas (PMEs) fazem negócios, pois, gera competitividade entre instituições
financeiras. Nesse modelo, empresas e clientes terão maior controle de seus
dados e podem carregá-los para aquele banco que oferece melhores pacotes de
serviços e produtos.
Ao autorizar a troca de informações entre as
instituições, a empresa que tem uma conta corrente em um banco, mas está com
empréstimo em outro, por exemplo, poderá ver esses dados em um único lugar e
assim, controlar melhor a gestão financeira.
A adoção desse sistema financeiro moderno, colocará
o Brasil no mesmo patamar que outros países. A análise dos resultados
internacionais demonstra um aumento de produtos provenientes do Open Banking
nos anos seguintes à sua implementação, que teve início em 2015. A Europa, por
exemplo, chegou à marca de 239% de crescimento relacionado a soluções
disponíveis em 2020.
O resultado que mais se assemelha às expectativas
do Brasil é o britânico, que iniciou o compartilhamento de dados em 2018,
obtendo crescimento gradativo, chegando a atingir em 2020 três milhões de
usuários, sendo que 50% das pequenas empresas adotaram os serviços provenientes
do Open Banking.
Nesse ínterim, o destaque fica para as fintechs,
tendo em vista que, 66% das ações realizadas por elas foram direcionadas para a
gestão financeira de pequenas empresas. O foco principal neste caso, foi em
serviços de contabilidade na nuvem e gestão de caixa, com utilização de
tecnologia de inteligência artificial, que recebeu a adesão de 24% das
empresas. Destas, 41% obtiveram reduções de custos administrativos.
O serviço de previsão de fluxo de caixa que utiliza
inteligência artificial foi contratado por 21% da amostra. “É essencial
ressaltar a importância que os serviços prestados pelas fintechs têm para as
PMEs, neste caso específico, 27% dos empresários que aderiram ao serviço de
fluxo de caixa, relataram ter passado a entender melhor como funciona o seu
próprio negócio”, explica João Tosin, CEO e Co-fundador da Celero,
fintech desenvolvedora de um software de gestão financeira que visa
descomplicar o trabalho de pequenos e médios empreendedores.
A partir dessa análise do mercado financeiro
internacional pode-se fazer projeções de como a questão do Open Banking
funcionará no Brasil, onde atualmente metade das pessoas estão empregadas em
pequenas empresas, sendo que, 38% destes estabelecimentos relataram não receber
o atendimento e a atenção adequada por parte das instituições financeiras,
afirmando se sentirem mal atendidas e até mesmo, desrespeitadas. O estudo
aponta que 74% consideram o serviço regular e apenas 26% dessas empresas
apresentaram satisfação em relação ao serviço financeiro.
Menos burocracia e aumento da oferta de crédito
A chegada do Open Banking trará benefícios para as
PMEs, estimulando dessa forma o aumento de marketplaces, que inserem as
empresas no mercado digital, reduzindo custos e propondo inovação.
“No Brasil, o processo de digitalização das empresas
está ocorrendo paralelamente à implantação do Open Banking, fato que tem
trazido oportunidades e ao mesmo tempo, desafios para as PMEs. Mas é importante
que os empreendedores prestem atenção às novas ferramentas e oportunidades e
saibam como transformar tudo isso em crescimento e maior rentabilidade para
suas empresas”, explica Tosin.
As PMEs possuem grande relevância econômica para o
país, mas, ainda assim, encontram dificuldades perante os serviços financeiros
disponíveis.
Pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2018 apontou que
61% das pequenas empresas no Brasil consideravam o sistema bancário ruim ou
muito ruim. Em 2020, 38% dessas empresas avaliaram o sistema financeiro como
regular e 36% como ruim ou muito ruim, demonstrando que houve algumas melhoras.
As PMEs enfrentam grandes empecilhos quando se
trata de questões financeiras, pois, em muitos casos algumas têm restrições de
crédito, por não possuírem garantias. “Quanto menor o porte do empreendimento, maior tende
a ser a taxa de juros paga, o que compromete o seu orçamento, nesse sentido, o
Open Banking vai trazer melhoras significativas para as finanças das PMEs”,
declara Tosin.
A expectativa é que o Open Banking supra algumas
das principais carências das PMES, trazendo mais facilidade e gerando resultados
positivos, com uma oferta de crédito mais atrativa e condescendente com o
perfil de cada empresa.
A terceira fase do Open Banking no Brasil está
prevista para 30 de agosto, e a quarta e última fase, para 15 de dezembro,
fechando o ciclo ainda em 2021. Vale ressaltar que, apenas é permitida a
participação de instituições que tenham recebido autorização do Banco Central
para operar.
Celero
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