O distanciamento social, causado pela pandemia da Covid-19, trouxe muitos impactos na vida emocional das pessoas, como aumento de índices de depressão e ansiedade. Nesse sentido, as empresas também tiveram que se adaptar e aprender a lidar com essas questões tão delicadas.
Porém, além dos
sintomas acima citados, o luto coletivo na pandemia também foi uma grande
questão vivida por todos nós. Para quem não está familiarizado com o tema, luto
coletivo é o sentimento que experienciamos após grandes tragédias, podendo ser
elas naturais (como um tsunami, ou furacão) ou até mesmo a pandemia na qual
estamos vivendo.
O sentimento de luto
afeta, não somente as pessoas impactadas diretamente, mas também àquelas que
têm contato com as notícias. Ou seja, estamos todos no mesmo momento. Por isso
é importante também entender como as empresas e RHs podem auxiliar seus
colaboradores a viver esse luto de uma forma mais humana e saudável.
O luto na pandemia
Sabemos que não foram
apenas mudanças físicas e estruturais que ocorreram durante a pandemia. Em um
curto espaço de tempo, tivemos que nos adaptar a novos hábitos e maneiras de
viver, bem como interagir com as pessoas.
Todas essas mudanças,
por conseguinte, nos trazem uma bagagem emocional muito grande e relevante,
empresas que oferecem ações acolhedoras durante esses cenários mais
delicados, proporcionam experiências mais compreensivas e humanas.
O luto por si só, já
não é um ritual simples. Agora, adicionados todos os fatores e limitações da
pandemia, o que já não era fácil, ficou ainda mais complicado. As incertezas do
ambiente no qual estamos vivendo, somados a questões emocionais internas,
corroboram para que este processo seja muito complicado.
Nesse sentido, lidar
com as emoções, associado a longa jornada de trabalho, pode ser bem desafiador,
por isso, as empresas e RHs devem estar cada vez mais atentos, a fim de
promover um ambiente de suporte e apoio para seus colaboradores.
Um olhar do RH para o
luto dos colaboradores
A pandemia, como já
foi dito anteriormente, nos trouxe muitas mudanças. Porém, uma das mais
importantes, sem dúvidas, foi a preocupação do mundo corporativo para com a
saúde mental dos colaboradores.
Antes, o que era
visto, talvez, como um mero detalhe sem importância, hoje é tido como uma das
maiores prioridades. É interessante analisar que, não somente startups começam
a ter esse olhar ativo para a saúde mental, mas também as grandes corporações.
Dessa maneira, vemos
cada vez mais, benefícios de saúde mental surgindo para conseguir atender às
demandas de mercado. Algumas práticas podem ser muito bem-vindas na hora de
promover a saúde mental dos colaboradores, principalmente quando estamos
tratando de um processo de luto. Separamos algumas que podem ajudar:
• Licença para o
colaborador: permitir que o colaborador tenha um espaço para viver o luto,
afastado do trabalho, é essencial para passar por este processo. É importante
garantir que exista uma política interna para assegurar este direito;
• Criar um ambiente de
escuta ativa: rodas de conversa podem ser bons momentos para os colaboradores
compartilharem experiências e sentimentos. Falar é muito importante para
aliviar o peso desta fase;
• Benefícios focados
em saúde mental: além de benefícios de saúde, ter uma cesta de benefícios que
contemplem também a saúde mental do colaborador, é de grande valia.
O papel da Atenção
Primária no Luto
Para quem ainda não é
familiarizado com o termo, a Atenção Primária existe para ser o seu primeiro
ponto de contato com o sistema de saúde. É por ela que você, como indivíduo,
vai tratar cerca de 90% dos seus problemas de saúde, sejam eles crônicos ou
não.
Em outras palavras,
você possui uma equipe de saúde que te acompanha ao longo de sua vida, de forma
integral e coordenada. Ela também é responsável em acompanhar como andam outros
aspectos de sua saúde, que não só a física, mas também, a mental e social.
Vivenciar um luto
impacta praticamente todas as esferas de nossas vidas. Ter um acompanhamento
nesse momento, é essencial para ter forças e poder passar por esse período de
uma maneira menos traumática.
O atendimento
psicológico na Atenção Primária tem como objetivo sanar questões mais pontuais,
agudas, e não perenes - diferentemente da terapia longitudinal. A ideia é que
as vidas tenham um amparo ainda mais especializado e maior para lidar com
questões complexas e emergenciais.
Rafael Barreto -
Enfermeiro com residência em Atenção Primária pela Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é mestrando pela mesma faculdade.
Rafael já atuou como enfermeiro de família por quase dois anos no Albert
Einstein e hoje é também Head de Saúde da Cuidas.
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