Entenda o que o excesso de informação causa no seu cérebro
Não importa sua ocupação, idade ou classe social: a sensação de
cansaço mental por excesso de informações é uma queixa constante já
classificada informalmente como uma epidemia, ou “infodemia” – termo utilizado
por especialistas para mensurar o impacto do excesso de informações e dados na
vida do homem moderno.
A boa notícia é que, para além de uma realidade ainda em
ascensão, é possível virar a chave e aprender a filtrar os estímulos
tecnológicos entendendo a relevância do que o nosso cérebro consome, absorvendo
melhor a tecnologia, sem necessariamente ser intoxicado por ela.
Dado, informação e cansaço virtual - Para entender o cansaço mental que vem da vida online é preciso
entender que a democratização dos meios de comunicação transformou todas as
pessoas em produtores de dados e informações. Se famílias inteiras se
sentavam em frente a televisão para assistir os mesmos programas de TV há 30
anos, hoje nos contentamos em assistir a vida de outras pessoas em nossos
celulares.
Cada informação, foto, vídeo, áudio é um dado que vai para o
nosso cérebro e precisa de energia para ser consumido. O risco, segundo a
jornalista Ana Lucia Ferreira, analista de comunicação do Método Supera, está
em não estabelecer um limite para a exposição virtual diária. “De forma
isolada, os dados não alteram um contexto. Já dados contextualizados e comparados
são informação. Somos bombardeados por informações e dados de todo tipo e
muitas vezes não sabemos o que fazer com eles”, explicou.
O risco da atenção parcial constante - Você já percebeu que está cada vez mais difícil se concentrar?
A atenção parcial constante é também uma consequência de um mundo multitarefa,
em que somos assediados a realizar muitas coisas ao mesmo tempo.
Para o nosso cérebro isso tem consequências que merecem a nossa
atenção. “O excesso de informações afeta não apenas a concentração, mas também
habilidades como a memória. Assim como a maioria das habilidades que podem ser
treinadas e aprimoradas, a atenção e a concentração também podem ser
fortalecidas”, assegurou Patrícia Lessa, Diretora Pedagógica do Método Supera,
uma rede de escolas de ginástica para o cérebro.
Por que me sinto cansado na internet? - Levantamento da Data Never Sleeps (Dados Nunca Morrem) de 2020,
mostrou que, a cada minuto cerca de 347 mil novos stories são postados no
Instagram, 147 mil fotos são postadas no Facebook e 41 milhões de mensagens são
trocadas no WhatsApp. Se ninguém consegue acompanhar tudo que é postado em
um dia na internet, os algoritmos direcionam o usuário para os estímulos pelos
quais ele mais é atraído. Se por um lado isso é positivo, por outro isso também
contribui para a sensação de looping e cansaço mental, uma vez
que o usuário não é levado para longe de suas preferências.
“Já sabemos que os algoritmos trabalham para otimizar a
experiência do usuário de forma que ele se mantenha dentro das suas
preferências pessoais. Como o usuário de uma rede social sempre permanece na
mesma zona, vendo os mesmos conteúdos não são instigados ao diferente, o que
pode justificar essa sensação de estar sempre no mesmo lugar, fazendo a mesma
coisa, também virtualmente”, explicou a jornalista.
Virando a chave - Uma forma
de absorver melhor o que a tecnologia tem a oferecer e melhorar os “gaps”
ocasionados pelo seu uso constante em termos de atenção e memória, é manter o
cérebro ativo. “Precisamos entender que quando exercitamos o cérebro ativo
com novidade variedade e desafio crescente, as conexões entre neurônios se
modificam, algumas ficam mais fortes, outras mais fracas, dependendo do uso. E
essa mudança, com a experiência que é justamente a base do aprendizado, faz com
que o cérebro responda de uma maneira diferente da próxima vez que for usado,
que for acionado. Isso é possível graças ao conceito de neuroplasticidade (ou
seja, a capacidade do cérebro se modificar de acordo com estímulos), já
comprovado pela neurociência”, explica a Diretora Pedagógica.
Ela complementa dizendo que a missão do Supera enquanto empresa
de estimulação cognitiva é também ajudar a sociedade a enxergar quando os
estímulos não são favoráveis ao crescimento. “Como tudo na vida, navegar na
internet também exige equilíbrio e bom senso”, conclui.
Confira algumas dicas para fazer as pazes com a
tecnologia:
• Estabeleça horários para acessar as redes sociais;
• Priorize o que é importante. Você tem mesmo que ver tudo o que
aconteceu na vida de todos os seus amigos? Priorize seu tempo e reserve um dia
da semana apenas para interações sociais e virtuais;
• Evite os extremos - Se o excesso de informações é ruim, o
contrário também não é bom. A alienação completa pode ter consequências individuais
e coletivas. Busque sempre o equilíbrio;
• Entenda o que é relevante. Quem nunca deixou de seguir alguém
porque o conteúdo das postagens não fazia mais sentido? Crie filtros para
identificar se assistir alguém vai somar a sua vida ou não.
• Imagine um carro andando que freia toda hora? Quando estamos
em uma tarefa e checamos as redes sociais a todo momento, interrompemos nosso
pensamento e dificultamos a formação de memória.
• Treine a sua atenção: melhorar a atenção significa melhorar
sua memória. A atenção é a porta de entrada para as informações que são
captadas pelos vários sentidos do nosso corpo. Quando isto acontece, as
informações que recebemos chegam ao cérebro e são selecionadas conforme a
prioridade que serão processadas.
• Mantenha o senso crítico: o
que estou aprendendo vendo isso? Nossa vida é um constante aprendizado e sim:
na internet aprendemos muitas coisas boas. Se um conteúdo causa mal-estar,
questione o quanto você está crescendo com o que você vê todos os dias.
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