Ginecologista
alerta que mudanças hormonais e no organismo feminino e deficiências
alimentares são algumas possíveis causas da baixa na guarda das defesas da
mulher
A pandemia Covid-19
evidenciou uma questão pouco discutida, mas que é tema recorrente nas consultas
de pré-natal: a imunidade das gestantes. Para Odair Albano, médico
ginecologista, obstetra e consultor em saúde, o período gestacional altera a
resposta imune da mulher, deixando-a mais vulnerável às doenças. São apontadas
como possíveis causas as mudanças hormonais do ciclo gestacional, adaptação do
corpo feminino para receber e desenvolver o bebê e as deficiências
nutricionais. Entenda como minimizar esses fatores:
Alimente-se bem e de forma
equilibrada e saudável
A necessidade de uma alimentação adequada, balanceada e rica em diversos nutrientes é uma realidade na vida de qualquer pessoa. Na gravidez, esse cuidado é necessário e deve ser redobrado já que o bebê em desenvolvimento depende da nutrição materna. São importantes os macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais). Ente os micronutrientes importantes para o sistema imune estão: a vitamina D, vitamina C, vitamina E, zinco e selênio. Uma dieta alimentar variada com leite e derivados; carnes e ovos; grãos, pães e cereais integrais e colorida com verduras, legumes e frutas. Cuidado com açúcar refinado, gorduras e excesso de sal. No total uma gestante deve ingerir 2.500 kcal por dia, cerca 300 calorias a mais que a não grávida.
Não esqueça de beber
bastante água. As necessidades na gestação também são maiores. Dados de
pesquisa nacional¹ sobre alimentação na gestação mostrou que a maioria não tem
uma dieta adequada e 70% das entrevistadas relata abuso de sal. A suplementação
das gestantes com vitaminas, minerais e ômega 3 pode suprir as necessidades
aumentadas, melhorar a imunidade e reduzir os riscos de complicações materna e
fetais.
Os probióticos podem ser
importantes aliados
Queridinhos da saúde
intestinal, os probióticos têm inúmeros benefícios para o corpo e um dos
principais deles é reforço do sistema imunológico e prevenção de algumas
infecções respiratórias virais, papeis já atestados das chamadas “bactérias do
bem”. Algumas dessas bactérias são tão poderosas, que podem ajudar na
prevenção de alergias do bebê ainda dentro da barriga. Mas, fique atenta
gravidinha, nem todas as cepas de bactérias são liberadas para as gestantes. O Lactobacillus rhamnosus GG é comprovadamente
seguro e indicado durante a gestação.
Mexa-se, gravidez não é
doença!
Atividade física em qualquer
momento da vida e também na gestação é um excelente combustível para manter a
boa saúde mental e física. O exercício regular e moderado fortalece a sua
imunidade. Um estudo publicado na revista científica Diabetes & Metabolic
Syndrome: Clinical Research & Reviews², que analisou pacientes com
Covid-19, sugeriu que treinos aeróbicos podem fortalecer a imunidade em geral
reduzindo os riscos de infecções do sistema respiratório.
Procure sempre um profissional especializado na área para acompanhar seus
exercícios. E não se esqueça de usar máscara e higienizar aparelhos utilizados
e as mãos.
Boas horas de sono
Com a gestação surgem
dúvidas e alguma insegurança. A gestante fica ansiosa e muitas vezes
estressada. Cuidado! O estresse crônico provoca um grande desgaste e alterações
físicas e psíquicas. Causa insônia, fadiga, reduz a imunidade e altera o humor.
Depois de um dia longo e agitado, a gestante precisa ter uma noite tranquila
para descansar e reparar as suas funções. Dormir bem, num local escuro, sem
barulho e confortável, cerca de 7 a 8 horas por noite, é fundamental para
manter uma boa saúde física e psíquica.
Vacine-se!
A vacina também é uma importante aliada na manutenção da imunidade contra diversas doenças. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm)³, durante a gravidez são recomendadas quatro principais vacinas: Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche - dTpa): que protege a gestante e evita que ela transmita a Bordetella pertussis (coqueluche) ao recém-nascido; a Hepatite B: recomendada para todas as gestantes e a Influenza (gripe): já que gestante faz parte do grupo de risco para complicações e Covid-19 por conta do cenário atual, recentemente, a vacina do coronavírus também passou a ser recomendada pelo Ministério da Saúde para gestantes.
Em situações especiais são
recomendadas Hepatite, A, Pneumocócicas, Meningocócicas conjugadas
ACWY/C, Meringocócias B e Febre Amarela. São contraindicadas: tríplice
vital (Sarampo, Caxumba, Rubéola), HPV, Varicela (Catapora) e Dengue. Exceto a
vacina da Dengue, todas podem ser pode ser aplicada no pós-parto e durante
amamentação. A vacina da Dengue é contraindicada em mulheres soronegativas, que
estejam amamentando e imunodeprimidas.
“A imunidade pode ser
influenciada pela genética, idade, gestação, doenças crônicas e tratamentos
imunossupressores. E por fatores ligados ao estilo de vida, entre eles, a
alimentação, falta atividade física, distúrbios do sono e alterações
emocionais. Na gestação, a orientação pré-natal e a mudanças dos hábitos e do
estilo de vida podem reduzir os riscos, em especial, das doenças infecciosas,
causadas pela baixa imunidade. Por isso, se torna tão importante tentar
controlar esses fatores, para diminuir os riscos à saúde causados pela baixa em
nossas defesas”, conclui o especialista.
Referências consultadas
¹ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24890188/ (acesso em agosto de 2021).
²https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-32388326 (acesso em agosto de 2021).
³https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf
(acesso em agosto de 2021).
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