Beto Colombo fala de como a terapia aliada ao esporte pode contribuir para o desenvolvimento e confiança dos atletas.
Para algumas pessoas
as abstrações (pensamentos) estão subjetivamente ligadas ao corpo (físico), e
nestes casos os problemas da mente podem refletir em dificuldades físicas, como
pudemos observar na última semana, o caso da ginasta dos EUA, Simone Biles, que
desistiu de parte da competição das Olimpíadas de Tokyo 2020, por causa de
consequências que estão afetando sua saúde mental.
Beto Colombo, filósofo
clínico, relata que as perturbações da mente, a falta de concentração e
autoconfiança, podem estar relacionadas aos atletas que entram em "ideias
complexas" e isso faz com que os atletas não consigam desenvolver seu
potencial. Em casos extremos, os competidores podem se desconectar
momentaneamente a mente do corpo e assim perderem as referências sensoriais
desencadeando em alguns casos de processos somáticos, podendo adoecerem antes
dos campeonatos ou até mesmo desenvolverem lesões nos treinos ou durante as
competições.
O medo de perda de
controle do corpo e da noção de espaço citado pela ginasta americana, também
foi relatado por vários atletas. Colombo explica como a Filosofia Clínica
contribui para o desenvolvimento dos esportistas. "Em diversos casos o
atleta grava uma dor ou dificuldade, o que chamamos de "termos agendados
no intelecto" e isso faz com que o corpo responda ao que o intelecto tem
como informação gravada. Quando trabalhamos em clínica os termos que ficaram
agendados, pode abrir-se uma perspectiva para que o atleta consiga ir além do
que estava por si mesmo condicionado".
O filósofo clínico
alerta que diante das competições, cada atleta reage de uma forma diferente, e
não é possível determinar qual o tipo de pressão seria negativa, ou não, tendo
em vista que para alguns é justamente a pressão que lhe faz ser o melhor em sua
área.
"Para cada um o
efeito da pressão será diferente, para alguns a dor física pode vir junto com
processos somáticos, para outros são questões emotivas, ansiedade, depressão,
para outros ainda pode trazer dificuldades na comunicação por se tornarem
intensos, entre outras causas", assegura Beto.
Em cada atleta, pela
sua historicidade, o filósofo consegue identificar o que é pressão e como ela
afeta o seu desempenho no esporte. A Filosofia Clínica, como terapia, é uma
ferramenta que trabalha cada atleta segundo a sua singularidade, buscando na
história de vida dele, as ferramentas a partir das quais ele conduzirá as
situações, tanto no sentido de encaminhar as dificuldades, quanto para
aproveitar todo o seu potencial. Para algumas pessoas o remédio existencial
pode ser diferente, no caso do atleta britânico Tom Daley flagrado tricotando
nas arquibancadas, para ele sair das ideias complexas, ele usou o "deslocamento
curto" (trabalhos manuais). Para o nadador César Cielo o remédio usado foi
"em direção as sensações", quando ele se soqueava no peito para sair
das ideias, ou seja, não há uma formula, uma receita, para cada um é de um
jeito. Há tantos remédios em nossa história de vida quanto nas farmácias, as
vezes o que acontece que nos esquecemos de toma-los em doses homeopática como
no caso do atleta Tom Daley.
Colombo explica que é
possível entender como extrair o melhor de cada atleta, garantindo sua resiliência
mental e física, bem como sua segurança psíquica.
O acompanhamento
filosófico clínico aliado ao esporte, traz diversos benefícios. Um deles pode
ser o autoconhecimento, proporcionando ao atleta a possibilidade de saber
trabalhar melhor consigo mesmo nas oportunidades e desafios que se apresentam.
Também é possível falar em aumento da capacidade de resiliência, uma vez que a
mente pode ter efeito poderoso sobre o corpo na recuperação, tanto entre
competições quanto de lesões mais graves. Outro benefício é a melhoria de
desempenho por foco e direcionamento da atenção ao que faz no momento, livrando
o atleta de misturar vida pessoal da profissional.
"Um atleta com
acompanhamento físico e mental é um atleta em potencial, com esse preparo ele
garante sua conexão entre o sensorial e o abstrato, e isso será seu diferencial
na condução da vida e do exercício profissional".
Beto Colombo - filósofo clínico, Beto Colombo, atua como professor, psicoterapeuta, mentor, conselheiro empresarial, palestrante e, nas horas vagas, é escritor. Atualmente é professor titular do curso de pós-graduação em Filosofia Clínica na Unesc e atende como psicoterapeuta em consultório focado em clínicas filosóficas. É conselheiro empresarial e exerce atividades voltadas para a segurança psicológica e mentoria para empresários, executivos e profissionais liberais. Beto tem formação como conselheiro pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e foi presidente de empresas por quase 30 anos. É autor de um best-seller com mais de 100 mil cópias vendidas. Publicou 10 livros: entre eles O Velho Bah, Compostela - Muito Além do Caminho de Santiago, A Alma da Empresa - Filosofia Clínica nas Organizações, PPR (Programa de Participação nos Resultados) na Prática, Pensatas - Filosofia no dia a dia, Muito Além do Lucro e o recém-lançado (best-seller) Todo Caminho É Sagrado.
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