Leite materno evita que bebês tenham infecção no ouvido
Crianças
alimentadas com leite artificial têm maior incidência de otites, segundo
pesquisas, o que pode causar perda auditiva e afetar o desenvolvimento da fala
e do aprendizado
Já se sabe que o leite materno é um alimento
indispensável para a criança. E neste mês, conhecido como Agosto Dourado por
simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação, é importante ressaltar que
doenças crônicas, alergias - e até a Covid-19 - podem ser evitadas ou terem os riscos reduzidos
graças à amamentação. O leite materno aumenta a imunidade. Contém anticorpos e
proteínas que reduzem os riscos de infecções e inflamações, como a otite, por
exemplo, que causa muita dor ao bebê e noites sem dormir.
Duas pesquisas realizadas no Paraná
investigaram a ocorrência de otite em crianças amamentadas e não amamentadas no
peito; a alimentação com leites artificiais; e a relação entre otite e a
postura do bebê na hora de mamar. Embora seja um tema controverso, muitos
pediatras recomendam às mães não dar o peito ou a mamadeira com o bebê deitado
porque isso pode facilitar com que tanto o leite ingerido quanto uma possível
regurgitação da criança parem na trompa auditiva, podendo servir de transporte
para vírus e bactérias até a orelha, causando otites.
Um dos estudos, coordenado pelas
pesquisadoras Francis Oliveira; Raquel Colombo e Cristiane Gomes, do Centro
Universitário de Maringá, foi feito com 59 mães de bebês com até dois anos de
idade. A investigação mostrou que a incidência de otite foi maior em crianças
entre 13 e 24 meses, por causa de fatores como a introdução de leite artificial
oferecido em mamadeira e em posição deitada. As fonoaudiólogas alertaram para o
perigo do desmame precoce.
Outra pesquisa, feita pelas
fonoaudiólogas Luciana Marchiori e Juliana Melo, na Universidade do Norte do
Paraná, também comprovou a proteção que a amamentação no peito oferece contra
as infecções na orelha. O artigo, intitulado Resultados Timpanométricos:
Lactentes de Seis Meses de Idade, traz os dados da pesquisa. Dos 46 bebês
avaliados, 30 foram submetidos à amamentação exclusiva com leite materno,
enquanto 16 não. Todos passaram por exames para detecção de alterações
sugestivas de otites na orelha. Entre os que mamaram apenas no peito, a
timpanometria foi normal em 90% dos casos. Entre os bebês que não tiveram
amamentação exclusiva, apenas 50% deles tiveram timpanometria normal.
A proteção oferecida pelo aleitamento
materno é ainda mais importante porque é sabido que na primeira infância muitas
crianças apresentam perda auditiva devido às infecções na orelha. O problema é
mais grave nos casos das otites de repetição, variados períodos em que as
crianças não escutam bem - ora escutam, ora não. Nestes casos, a
perda auditiva, mesmo que seja leve e temporária, prejudica a decodificação dos
sons, podendo causar prejuízos no desenvolvimento da fala, da linguagem e na
aprendizagem.
"O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre
durante os primeiros três anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste
período de maior plasticidade cerebral é imprescindível, já que para o
aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento
intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crianças consigam
interagir com seus pais e familiares e, assim, possam estabelecer novas
conexões neurais", pontua a fonoaudióloga Rafaella Cardoso,
especialista em Audiologia na Telex Soluções Auditivas.
A boa notícia é que os índices de
aleitamento materno estão aumentando no Brasil, de acordo com o Estudo
Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), coordenado pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a
Universidade Federal Fluminense (UFF).
Foram avaliadas 14.584 crianças menores
de cinco anos, em todo país, entre fevereiro de 2019 e março de 2020 e os
resultados mostraram que a prevalência de amamentação exclusiva em bebês com
até quatro meses saltou de 4,7%, em 1986, para 60% neste período. Já entre os
menores de seis meses, o índice aumentou de 2,9% para 45,7%; um avanço
significativo mas ainda longe do ideal.
Leite materno também protege contra a
Covid
Pesquisa recente realizada em São Paulo
pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com 218 mulheres que testaram
positivo para a Covid-19 em algum período da gravidez, mostrou que as mamães
infectadas não transmitem o vírus para seus bebês.
Em um dos casos, os pesquisadores
comprovaram que o colostro de uma mulher, que estava com coronavírus ao dar à
luz, tinha anticorpos capazes de anular o ataque do vírus. A pediatra Fabíola
Suano de Souza, que participou do estudo, confirma. "A Covid-19 não é
transmitida por meio da amamentação nem durante a gestação".
Fonte: Telex Soluções Auditivas
Nenhum comentário:
Postar um comentário