Ainda estamos longe de conhecer todo o mistério que
envolve a interligação do cérebro com o nosso organismo como um todo, mas já
temos importantes achados. Confira a lista abaixo elaborada pelo pesquisador e
diretor científico da brain4care, Gustavo Frigieri:brain4care: monitoramento não invasivo do
cérebro
- O
nosso cérebro pesa mais ou menos 1,5kg. Cerca de 75% de sua massa
total é composta por água. O seu peso representa de 2% a 3% da massa
corporal e consome cerca de 20% do nosso oxigênio e de 15% a 20% da
glicose.
- O
cérebro tem cerca de 100 bilhões de células nervosas. Além disso, possui mais
conexões do que o número de estrelas em nossa galáxia. Ele pode
arquivar o equivalente a 1 mil terabytes de informações. Somos ainda
capazes de escanear e processar imagens complexas em até 13 milissegundos.
Só para se ter uma ideia, as redes neurais artificiais (RNAs), modelos
computacionais inspirados pelo sistema nervoso central, precisam de 40
minutos para processar o que o cérebro leva apenas um segundo.
- Nosso
cérebro pulsa. Isso acontece quando o coração bate e envia o fluxo de sangue
carregado de nutrientes para todo o organismo, inclusive o cérebro. Neste
exato momento, o cérebro pulsa. E o mais importante: na presença de
algumas doenças esse pulso se comporta de modo diferente, indicando que
pode ser a hora de investigar mais sobre a saúde do paciente. A Covid-19,
por exemplo, muda a forma de como o fluxo sanguíneo chega ao cérebro.
- A
caixa craniana é expansível. Desde mais de 200 anos atrás, a medicina
acreditava que o crânio era totalmente rígido e que o aumento no volume de
um de seus componentes (cérebro, sangue e líquido cerebroespinhal)
implicaria na diminuição do volume dos outros. Porém, descobertas recentes
indicaram que o crânio é capaz de se expandir para acomodar mudanças nesse
volume interno. Essa capacidade de ajuste é chamada de complacência
intracraniana e seu comprometimento pode levar a um aumento da pressão
intracraniana.
- Pressão
arterial alta pode afetar o cérebro. Quando o coração bate e leva o sangue para o
cérebro, se a pressão arterial estiver alta, a força dessa onda pode
resultar em hipertensão intracraniana e causar dores de cabeça frequentes,
às vezes acompanhadas de náuseas, visão turva e ruídos dentro da cabeça. A
hipertensão intracraniana também pode provocar acidentes vasculares
cerebrais (AVC), também conhecidos como "derrame".
- A
obesidade pode trazer complicações para o cérebro. Isso porque o excesso de
gordura abdominal comprime as veias da região, prejudicando o retorno do
sangue venoso do cérebro para as outras partes do organismo. Esse fato já
era previsto, mas apenas com o monitoramento não invasivo foi possível
observá-lo.
- Doenças
como síndrome renal interferem na saúde do cérebro. Pesquisas recentes
indicaram que pacientes com síndrome renal em estágios mais graves tinham
a complacência intracraniana comprometida. Após o tratamento desses
pacientes com hemodiálise, a complacência retornou a um estado normal.
Isso é uma importante pista para entender como a o cérebro pode ser
afetado pelas mais diversas doenças e como monitorá-lo é essencial para
garantir que não surjam mais complicações para um paciente.
- Acordando
um paciente em coma induzido. Com o monitoramento não invasivo do crânio, o
médico pode saber com mais segurança se já está no momento de “acordar”
esse paciente. Para isso, ele checa se a complacência intracraniana está
normal. Antes, o médico contava apenas com a avaliação do estado clínico
do paciente para tomar a decisão.
- Pulmão
artificial é calibrado pelo cérebro. O ECMO (sigla em inglês
para “Oxigenação por Membrana Extracorpórea), ou “pulmão artificial”,
tornou-se mais conhecido no Brasil recentemente quando foi utilizado no
tratamento do ator Paulo Gustavo, uma das vítimas da Covid-19. A técnica
substitui as funções do pulmão quando necessário. Durante esse tratamento,
o volume de sangue na máquina e no corpo precisa estar equilibrado. Para
isso, a equipe de especialistas observa sinais do paciente, como
temperatura, frequência cardíaca e pressão arterial. Com o monitoramento
não invasivo do cérebro, os médicos passaram a acompanhar também a
complacência intracraniana e a calibrar com mais segurança a máquina.
- É
possível monitorar o crânio de forma não invasiva e confiável. Até pouco tempo atrás só
era possível monitorar a pressão intracraniana (PIC) com métodos
invasivos. Aliás, a monitorização invasiva intraventricular é considerada
padrão ouro para essa checagem, mas ela está relacionada a inúmeras
complicações. Mais recentemente, métodos não invasivos de monitorização da
complacência intracraniana têm sido utilizados com sucesso para avaliar a
saúde do cérebro, mostrando que a complacência intracraniana tem relação
direta com a PIC e pode até ser um meio mais eficaz para esta avaliação.
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