Circulam pelas redes sociais vídeos em que auxiliares de enfermagem são flagrados fingindo aplicar a vacinação contra a Covid-19 em idosos, o grupo mais suscetível à doença. As prefeituras de Niterói e Petrópolis confirmaram os casos e a Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga os fatos. Em Niterói, uma profissional de saúde foi identificada e afastada das suas funções. Mais que perder o emprego, esses profissionais que enganam idosos e suas famílias podem responder por crimes como prevaricação, lesão corporal grave e até homicídio por omissão.
A jurista e
mestre em Direito Penal pela PUC-SP, Jacqueline Valles, afirma
que, caso a vítima morra em decorrência da ação do agente público, ele pode ser
indiciado por homicídio e a pena pode chegar a 30 anos de prisão. “Mesmo que
o ato não tenha consequências, o servidor responderá por crime contra a saúde
pública e prevaricação (deixar de fazer aquilo que o seu ofício impõe). Caso
esse idoso venha a falecer por não ter sido vacinado, o profissional pode
responder por homicídio, pela omissão. A lei é muito clara: se você faz algo
que contribua com o resultado final, você responderá por esse crime. E todos
esses delitos são agravados em razão da idade da pessoa”,
afirma.
Caso
a vítima desenvolva a doença e precise ser hospitalizada, o profissional que
deixou de aplicar a vacina pode ser indiciado por lesão corporal grave, já que
há perigo de vida. “A pena, nesse caso, é de 1 a 5 anos de prisão,
aumentado em razão da vulnerabilidade da vítima”, completa
a criminalista. As penas para os crimes contra a saúde pública e prevaricação
são a detenção de 3 meses a 1 ano.
Além
da repercussão criminal dos atos, as vítimas podem processar o Estado. “Um caso
parecido e que resultou em indenizações vultosas aconteceu na década de 90,
quando um fabricante colocou à venda pílulas anticoncepcionais feitas com
farinha e muitas mulheres engravidaram. Neste caso da vacina contra a Covid-19,
se as vítimas adoecerem em razão da falsa imunização, podem solicitar
indenização ao Estado”, completa Jacqueline.
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