A Lei Geral de Proteção de Dados já está a todo vapor nesse começo de 2021. Cada vez que entramos em um site, mesmo aqueles que acessamos com frequência, nos pedem autorizações.
Nos últimos dias, muitos começaram a questionar práticas do WhatsApp e
cogitaram modificar a maneira como se comunicam por “instant messages”.
São os novos tempos, nos quais os consumidores têm cada dia mais consciência da
importância de seus dados e da necessidade de escolher com quem os compartilha.
A LGPD vem impactando e mudando a história de muitos setores e o marketing não
fica de fora. Esta área, que realiza parte essencial do relacionamento das
empresas com seus consumidores, tem um novo desafio pela frente: o de se
reinventar diante das novas regulamentações, tanto no online ou offline, tanto
no Brasil quanto no mundo.
Quando penso em Lei Geral de Proteção de Dados me vem à mente a questão da
propriedade das informações. A democratização da web iniciou uma era em que as
empresas tinham facilidade em conseguir e armazenar dados e esses eram
facilmente utilizados pelos departamentos de marketing para fazer a ponte entre
os desejos dos clientes e o que as empresas tinham a oferecer.
Agora, com as novas legislações, o consumidor se torna soberano em relação aos
seus dados, mas não vejo isso como um problema e sim como uma nova porta que
abrimos para desbravarmos uma nova realidade. Adaptação sempre foi uma
característica fundamental em marketing e esta é mais uma grande oportunidade
de irmos além.
A LGPD impacta o marketing em relação a coleta, armazenamento, segurança e
compartilhamento dos dados de clientes e prospects. Por isso, a primeira coisa
que devemos ter me mente é a necessidade de ter o controle da origem destes
dados e como iremos utilizá-los. É o que chamamos de “deep
dive”, ou seja, uma pesquisa profunda para saber exatamente de onde
vem os dados que utilizaremos em uma campanha ou uma ação de vendas, de forma
que possamos informar o cliente em caso de questionamento e termos a
possibilidade de agir com rapidez em solicitações de descadastramento.
A segunda, e não menos importante, é a oportunidade que a LGPD nos dá de
atuarmos de forma muito mais focada e alinhada com as tendências de consumo. Em
todos os setores observamos cada dia mais a importância de uma experiência
personalizada para conquistar novos clientes e fidelizar aqueles que já estão
conosco. Com a lei, ações de marketing preocupadas em oferecer uma experiência
rica e única para o público-alvo se tornam necessárias e mais do que
bem-vindas.
O trabalho de geração de leads com a oferta de algo que seja útil ao consumidor
também tem destaque nesse novo cenário. Afinal, sendo dono de seus dados, o
cliente entende a importância que suas informações têm para o mercado
corporativo e, consequentemente, pensa duas vezes antes de preencher uma ficha
de inscrição com e-mail e telefone, por exemplo. Trocar essa informação por
algo que seja útil e leve conhecimento, experiência (ela de novo) e/ou algum
tipo de ganho mensurável acaba atraindo consumidores interessados na interação
com a marca e com lead de potencial mais realista. O tempo dos disparos para
mailings gigantes e aleatórios está chegando ao fim.
Finalizando, porém não menos importante, é necessário olhar para esses dados
como a preciosidade que eles realmente são. E cuidar da segurança e da gestão
da privacidade das informações de clientes e potenciais leads como uma
ferramenta valiosa e com a qual precisamos lidar com todo entendimento do
compliance das empresas e seus respectivos mercados e órgãos reguladores.
Dessa forma inauguramos uma nova era para o marketing, principalmente o
digital. Quem se adaptar prontamente sairá na frente.
Vinicius
Siqueira - líder de marketing da NICE para Caribe e América Latina.
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