A temporada de balanços no Brasil segue forte. Na
última semana, empresas de peso divulgaram seus dados sobre o primeiro
trimestre do ano. Entre as principais, estão:
Petrobras (PETR4)
Começando pelo símbolo e orgulho brasileiro, a
Petrobras (PETR4) registrou um prejuízo líquido de R$ 48,5 bilhões no primeiro
trimestre do ano. A companhia foi impactada, principalmente, pela baixa
contábil de R$ 65,3 bilhões causada pelos atuais patamares de preços do
petróleo e a queda na demanda devido à pandemia de covid-19.
Apesar do número negativo, os baixos custos de
extração do pré-sal e o bom resultado da gestão no desinvestimento da companhia
colocaram a Petrobras em posição estável nesse começo de ano.
A gestão do presidente Roberto Castello Branco,
inclusive, segue firme no desinvestimento da companhia e, na última sexta
feira, falou em entrevista que pode trabalhar com 50% das pessoas em casa e
liberar vários prédios para redução dos custos. As ações PETR4 são a quarta
maior participação do Ibovespa.
JBS (JBSS3)
A empresa frigorífica JBS (JBSS3) registrou nos
primeiros três meses do ano um prejuízo contábil de R$ 5,9 bilhões, afetada
principalmente pelo impacto cambial não-caixa de R$ 8,2 bilhões no trimestre.
Pelo lado positivo, o fluxo de caixa operacional de R$ 1,1 bilhão foi forte,
+43% na comparação anual, e a alavancagem em reais caiu de 3,2x no 1T19 para
2,8x no 1T20.
Além da linha financeira, o efeito cambial fez com
que a dívida líquida da companhia aumentasse de R$ 48,7 bilhões para R$ 57
bilhões, porém, sem prejudicar a redução da alavancagem que saiu de 3,2 vezes
para 2,77 vezes, no comparativo anual.
Neste momento, as interrupções na cadeia de
suprimentos por conta da queda do consumo e a escassez de mão de obra são os
maiores desafios para JBS.
B3 (B3SA3)
A bolsa de valores brasileira B3, que também
negocia ações sob o ticker B3SA3, reportou o lucro de R$ 1,025 bilhão no
primeiro trimestre do ano, um salto de 69,1% no comparativo anual. O resultado
excepcional da companhia veio, principalmente, do forte aumento nos volumes
transacionados no mercado brasileiro, resultando no sólido desempenho
financeiro e forte geração de caixa.
É importante reforçar que o resultado da empresa B3
não representa o sentimento dos investidores observado no Índice Bovespa e sim
a receita obtida com o volume de operações. As ações B3SA3 são a quinta maior
participação do Ibovespa.
Via Varejo (VVAR3)
Dona das redes de varejo Casas Bahia, Ponto Frio,
entre outras, a Via Varejo (VVAR3) registrou um lucro líquido de R$ 13 milhões
no primeiro trimestre do ano, revertendo um prejuízo de R$ 50 milhões no mesmo
período em 2019.
De acordo com a companhia, a receita bruta do canal
online apresentou crescimento de 49% no período, proveniente das melhorias nos
prazos de entrega, avanços na plataforma tecnológica e ofertas de produtos.
Já a receita bruta das lojas físicas foi no sentido
oposto e registrou queda de 7,1%. Isso se deu devido ao fechamento das lojas
por conta da pandemia de covid-19.
Suzano (SUZB3)
Por fim, a companhia de papel e celulose Suzano
(SUZB3) encerrou o período com prejuízo de R$ 13,4 bilhões, um salto de 991,8%
em relação a R$ 1,2 bilhão negativo para o mesmo período no ano passado. De
acordo com a companhia, a variação cambial e monetária sozinha impactou
negativamente em R$ 12,4 bilhões, sendo que até 76% da dívida total em moeda
estrangeira.
Apesar dos números financeiros negativos, o
resultado operacional da companhia melhorou e a receita líquida da companhia
subiu 22% no trimestre, para R$ 6,98 bilhões. O resultado antes de juros,
impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) avançou 10%, a R$ 3,03
bilhões, diante da forte melhora nas vendas de celulose.
Apesar da expectativa de um segundo trimestre ainda
pior, o mercado tem demonstrado resiliência com os números apresentados pelas
companhias, sem renunciar aos fundamentos. Esse fato explica, em boa parte, o
motivo de ainda não termos visto nenhum movimento mais intenso dos preços nesta
temporada de balanços.
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