Em
épocas de polarização política, fica o questionamento: por que há pessoas que
possuem o que chamamos de “político de estimação”? E isso acontece sejam elas
de esquerda ou de direita, ou apoiando este ou aquele candidato/partido. Por
muitos anos não se entendeu este comportamento, até que de repente “caiu a
ficha”: é tudo questão de marketing.
No
marketing, temos um conceito bem difundido, a lealdade à marca. Ou seja, as
empresas devem procurar não apenas vender uma única vez seu produto/serviço, mas
criar e manter um relacionamento para tornar este cliente leal a fim de que,
além de sempre comprar de sua empresa, ainda o indique para as outras pessoas.
Dois
professores de Harvard nos anos 90, Jones e Sasser, classificaram os
consumidores, conforme seu nível de lealdade como terroristas, reféns,
mercenários e apóstolos. E justamente estes últimos nos interessam aqui. Os
clientes classificados como “apóstolos” são aqueles altamente satisfeitos e
leais, que apoiam uma marca, sempre comprando sem pensar em trocar por uma
concorrente, e falam bem dela para outras pessoas (famoso boca a boca
positivo).
Ainda
neste contexto, vemos algumas pessoas que extrapolam até o limite dos
“apóstolos” – é o que a autora Barbara Carrol chama de brandlovers ou fanboys. Segundo
ela, esses brandlovers são aquelas pessoas que têm um forte vínculo emocional
com uma marca, produto ou local". Elas podem ser tão aficionadas por
certas marcas que não suportam ouvir críticas ou opiniões contrárias. Enfim,
são consumidores extremamente leais. E onde tais teorias se ligam a estes
comportamentos políticos mais radicais?
Aqui
está o “pulo do gato”. Outro conceito que temos no marketing é que “produtos”
não são apenas bens físicos. Tanto é que locais, organizações, ideias e até
pessoas podem ser consideradas “produtos”, sendo possível usar estratégias de
marketing para “vendê-los”. No caso de pessoas, podemos citar como exemplo
atletas, celebridades e políticos que sempre precisam “vender” sua imagem, logo
são “produtos” também.
As
teorias, então, ligam-se umas às outras perfeitamente! Políticos são um tipo de
“produto” que utilizam estratégias de marketing para evidenciar sua “marca”.
Alguns consumidores (no caso cidadãos/eleitores) “consomem” estas marcas e
acabam se tornando tão leais que a defendem (no caso o político) com todas suas
forças, não aceitando críticas, não enxergando falhas — ou seja, com um forte
vínculo emocional tornando-se “apóstolos”, “fanboys” ou “brandlovers”.
Enfim,
realmente comprova-se que o marketing e suas estratégias devem ser empregados
em vários setores, inclusive o político. Sempre esperando que ele seja
utilizado da melhor forma possível enaltecendo e comunicando “produtos” que
realmente sejam bons, tenham qualidade. Porém, infelizmente, como em todas as profissões,
temos bons e maus profissionais, assim como bons e maus “produtos”.
Faça
a reflexão: será que você se tornou um “brand lover”, um “apóstolo”, sem
perceber? Será que a “marca/produto”, objeto do seu amor, é realmente “de
qualidade”? Vale a pena tamanha dedicação?
Shirlei Miranda Camargo -
tutora do Curso de Gestão Comercial do Centro Universitário Internacional
Uninter.
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