Há
pelo menos uma década, palavras como inovação e criatividade têm dominado as
rodas de conversas dos empreendedores. Afinal de contas, quem não deseja
alavancar os seus negócios por meio de processos cada vez mais criativos e
inovadores?
Essas
características não são tão fáceis de serem encontradas no mercado.
Normalmente, tanto líderes e funcionários criativos e inovadores já
passaram por um longo processo de tentativa e erro. Isso tanto no campo
profissional como no pessoal.
Mas
como essas suas características não vêm e não podem ser criadas do nada, o
líder da empresa precisa organizar uma verdadeira mudança de mentalidade na
organização. Essa quebra de paradigma é conhecida como mindset de
Inovação e pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento.
Então,
o que você acha de conhecermos um pouco mais sobre o mindset, como ele
funciona e sobre como implementar um modelo de pensamento inovador para a sua
empresa? Vamos juntos?
Como surgiu o termo mindset?
As
primeiras aparições do termo remontam à primeira metade do século 20. Porém,
foram os estudos realizados por Peter Gollwitzer que construíram os fundamentos
precursores do estudo da cognição.
A
atenção ao uso do mindset como ciência aplicada prosseguiu no campo
da psicologia cognitiva, apesar de ter se expandido para outros campos como as
Ciências Sociais e a Psicologia Positiva.
Porém,
tanto o termo quanto o conceito ganharam mais força após as publicações da
psicóloga Carol S. Dweck. A professora da Universidade de Stanford, nos Estados
Unidos, prega que o nosso mindset é moldado tanto pelas
experiências otimistas quanto pelas pessimistas. Ambas determinam a nossa
maneira de encarar diversas situações de nossa vida e de como agir diante
delas.
Carol
S. denominou esses modelos de pensamento como Mentalidade Fixa e Mentalidade
Progressiva ou Crescente. Vamos entender mais sobre cada uma delas logo mais
abaixo.
Mentalidade Fixa
Este
modelo mental prega que a mente de um indivíduo não é capaz de ser modificada.
Como o próprio nome diz, ela é fixa. As pessoas que vivem por esse modelo
defendem que as pessoas não podem se tornar algo diferente para aquilo que
nasceram. Ou seja, as pessoas nascem criativas e inovadoras. Essas seriam
características inatas, não adquiridas.
Além
de terem o pensamento voltado para a inaptidão, outra característica dos
pensadores fixos é que eles evitam o feedback e são alheios a críticas.
Também são mais propensos a desistirem após fracassos e, com frequência, são
bastante preocupados com os talentos inatos dos outros.
É
fácil de ser identificado naquelas pessoas que, com frequência, reclamam que
outros tiveram mais oportunidades por nascerem com determinada característica.
Muito comum em funcionários de pouca produtividade.
Mentalidade Progressiva ou Crescente
Os
possuidores do modelo mental crescente (ou progressista), estão mais alinhados
de que características e comportamentos ligados à criatividade e inovação são
adquiridos, não inatos. São pessoas mais propensas a
receberem feedbacks e interpretá-los de forma mais proativa.
Aliados
a isso, são extremamente preocupados em aprender com o fracasso ou com
experiências ruins, o que as torna mais preocupadas com os treinos
(aprendizados) diários em vez da perseguição de uma meta maior em um curto
espaço de tempo.
Fazendo
uma analogia com os pilotos de Fórmula 1, o pensador crescente sabe que o
campeonato não é definido apenas por uma corrida, mas por várias. Sabe ainda
que só pelo fato de ele realizar ou sofrer uma batida ou ter perdido uma
corrida, não significa que ele é um piloto ruim.
As
pessoas com esse perfil também estão mais alinhadas à valorização de perguntas
e constante busca por novos conhecimentos. Perfil bastante comum em
funcionários de alta produtividade.
O que é mindset de inovação?
Apesar
de receberem investimentos massivos, empresas alinhadas à inovação, como
Microsoft, Apple e a brasileira Nubank, descobriram que, para que a inovação
aconteça, um novo modelo mental deve ser desenvolvido e internalizado.
Nas
duas primeiras, esse modelo é internalizado por meio da liderança de seus
fundadores e de forma praticamente orgânica. Isso é tão forte e tão notório
que depois da saída de Steve Jobs e Steve Wozniak (co-fundador) da Apple,
a empresa amargou o seu pior período. Apenas com o retorno de Steve em 1997, a
empresa voltou a revolucionar com novos lançamentos de produtos.
Diferente
dos dois casos citados, a Nubank já nasceu com um mindset voltado
para a inovação como uma estratégia empresarial. E isso foi determinado desde a
fundação pelos fundadores da empresa. Ou seja, a mudança partiu de cima para
baixo e em seu alto escalão.
Assim,
o mindset innovation ou mindset de inovação conjuga, como
símbolo semântico, uma série de ações e esforços direcionados para que as
organizações estejam alinhadas à inovação. Dentre esses esforços, podemos
citar:
o incentivo à colaboração interna e externa;
investimento em tecnologia e pessoal qualificados;
valorização e implementação de ideias e processos
inovadores;
Seguindo
uma premissa semelhante, durante a fase de planejamento de sua cultura
empresarial, os fundadores da Nubank puseram em um quadro
branco os fundamentos que nortearam o seu desenvolvimento durante os
anos seguintes. Veja alguns deles!
Valores fundamentais (Core values): ser sempre jovem; ser
sempre sedento; transparência e equidade para a nossa comunidade; fazer o
melhor para os consumidores e Empoderamento e responsabilidade.
Descrição vívida (Vivid description): serviços padrão
ouro/premium; ser global; quebra de paradigmas do “mundo/modelo
antigo”;comunidade fantástica e fanática;ser pessoal e legal e mudar o mercado.
Propósitos fundamentais (Core purposes): lutar contra a
complexidade e empoderar as pessoas.
Grande e Cabeludo Objetivo Audacioso(BHAG - Big Hairy
Audacious Goal): ser a empresa de serviços financeiros mais audaciosa do
mundo.
Como
você pode ter percebido, não houve a criação de um comitê para a inovação, não
houve menção à tecnologia ou uma estratégia de inovação. Nesse quadro, a
inovação está na pele. Com um projeto tão ousado, é tudo ou nada. Ou
inovariam ou seria melhor nem começar. E isso começou na declaração
de missão da empresa.
Mas,
lendo até aqui, você pode se perguntar como identificar pessoas inovadoras e
seus diferentes perfis. Sim, inovadores têm perfis diferentes e iremos falar
sobre cada um deles.
Como desenvolver o mindset de inovação?
Essa
é a pergunta que não quer calar. Mas sim, você pode desenvolver um mindset
inovador, mesmo que ainda não possua uma empresa, ideia ou negócio. E se tiver,
eles não precisam ter ambições semelhantes ao Nubank, por exemplo.
Mas,
para implementar um mindset de inovação, você precisa compreender que ela é
produto dos questionamentos sobre o modo como realizamos as coisas. Então, se
você ou as pessoas da sua empresa não têm espaço (físico ou hierárquico) para
questionar, é melhor pensar em remover essas barreiras.
Outra
coisa importante é saber que processos inovadores nem sempre estão ligados
à disrupção digital. Você pode inovar em processos ou na percepção que seus
clientes terão de seus produtos e serviços. As tecnologias servem para
dinamizar o processo inovador ou dar um novo significado àquilo que se deseja
implementar.
Assim,
para o desenvolvimento do mindset inovador em pequenas e médias empresas, você
precisará realizar um modelo de transição e isso pode ser feito por meio de uma
estratégia de inovação.
Desenvolva a estratégia de inovação
Uma
estratégia de inovação é um processo pelo qual a empresa toma para si o
estímulo ao desenvolvimento de ideias e processos disruptivos. Tal medida serve
para evitar que as seguintes situações ocorram:
a
alta direção ou os fundadores da empresa têm pouco ou nenhum conhecimento sobre
como um processo de inovação se desenvolve;
a
equipe ou pessoas com potencial inovador não conversam entre si por estarem
separadas entre setores ou por conta de limitações hierárquicas;
a
maior parte dos setores inovadores surgiu de forma orgânica, mas estão
totalmente focados na solução de problemas técnicos, internos e não alinhados
com as estratégias da empresa.
Assim,
o desenvolvimento não só de uma estratégia, mas de um planejamento estrutural,
pode oferecer um novo rumo a uma pequena, média ou grande empresa já
estabelecida no mercado. E, para prosseguir na direção certa, essa organização
poderá precisar da criação de um comitê especial.
Monte um comitê de inovação
Após
a criação da estratégia, é possível que a expectativa de seus colaboradores já
esteja elevada e os ventos da mudança já estejam sendo percebidos. Mas agora é
o momento de avançar.
O
próximo passo será a criação de um comitê organizacional ou comitê de inovação.
Ele normalmente é composto por um grupo de profissionais cuidadosamente
selecionado. O objetivo deles é o de disseminar a cultura inovadora dentro da
empresa.
É
totalmente válido que os membros desse comitê pertençam a diferentes setores e
hierarquias. A diversidade deve ser mantida. Não há como questionar
modelos sem ser heterogêneo.
Os
principais objetivos dessa nova liga de profissional será o foco na ideação de
novas soluções para os principais problemas e desafios da empresa, bem como na
implementação para que a empresa colha resultados reais.
Além
de acertos, a tolerância a erros deve ser esperada e cultivada desde que hajam
resultados e fluxo de caixa para cobrir a estruturação das ideias e projetos.
Incentive a colaboração
Feito
o comitê, agora é hora da ação. Ter pessoas com crenças, visões, hierarquias e
percepções diferentes trabalhando juntas não é uma tarefa fácil. Algumas
desejarão impor suas visões para outras — normalmente as de hierarquia menor.
Mas essas últimas precisam entender que a empresa lhes oferece liberdade
para propor ideias e de que elas não serão demitidas por
oferecer feedback.
Aqui,
a realização de encontros presenciais ou semipresenciais, meetups ou
dinâmicas de grupo podem fazer a diferença. A organização deve fazer um
registro das atividades e de seus resultados iniciais, parciais e finais para
que se possa monitorar o processo e o progresso de aprendizagem dos membros da
equipe.
A
tecnologia pode ajudar. Várias empresas fazem uso de chats colaborativos, como
o Slack, Discord e outros, para que o registro das discussões seja
reaproveitado e acessado com maior facilidade.
Invista em tecnologia
Em
um mundo competitivo e conectado com a Revolução
Tecnológica 4.0, o investimento em tecnologia não é só desejado, mas
esperado. Ele não necessariamente precisa ser percebido em bens tangíveis, mas
também pode acontecer por meio de processos. Nós também podemos ter
avanços nos investimentos em tecnologia de comunicação (chats,
videoconferência, sinalização), de software (um novo CRM, aplicativo
de gestão, financeiro, etc), entre outros.
Aposte em pessoas qualificadas
Se
o investimento em tecnologia serve como catalisador para a implementação de
ideias, o investimento em pessoal qualificado é a chave para que isso aconteça
da melhor forma possível.
Pessoas
qualificadas são, em sua maioria, mais orientadas a processos de sucesso que os
não qualificados. E isso ajuda muito no processo de implantação da inovação.
Esse perfil de funcionário (qualificado), normalmente é capaz de aliar teoria
conceitual e prática de mercado. Assim, ao poder contar com pessoas mais
qualificadas em seu time, as discussões e implementações de projetos evoluirão
a passos largos.
Mas
há algo importante. Dê atenção à contratação de pessoal. Nem sempre um
currículo muito recheado é indicativo de que a pessoa é capaz de ter boas
relações no trabalho, de cumprir metas, ou de liderar com eficácia. Fique
atento ao CHA: características, habilidades e atitudes de seus futuros
candidatos.
Modelos
de educação
moderna inclusive recomendam que pessoas e profissionais contem com
experiências externas (viagens, hobbies, etc) para alavancar suas
características laborais.
Como
vimos acima, ser competitivo sem abrir mão da inovação não é tarefa fácil. É preciso
muita resiliência, comprometimento e foco nos clientes e nos resultados.
Mas,
como vimos ao longo deste artigo, concentre-se apenas em como começar,
organize-se e faça as coisas acontecerem. A cada etapa, colha os aprendizados e
comece novamente. Depois de algumas interações, os processos fluirão e você
passará a colher os resultados.
Ter
o contato com novas informações e com outros empreendedores ajuda bastante.
Assim, caso você tenha vontade de fazer parte de um ecossistema de pessoas com
Mindset voltado para inovação se inscreva na nossa newsletter ou entre em contato com a ECQ – Lifelong
Learning. Estamos a sua disposição.
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