Alzheimer, AVC com sequela e paralisia cerebral
são alguns exemplos de doenças que merecem atenção especial nesse momento
O importante alerta para pessoas infectadas
com problemas neurológicos com a COVID-19 é que, além do vírus, elas podem
também ter mais propensão a pegar infecção bacteriana. Os riscos para esses
pacientes podem ser ainda mais graves. O cenário fica mais crítico dentro da
população idosa.
Esses pacientes vão precisar, além do
tratamento específico para o coronavírus, de medicações e possíveis recursos
intensivos e hospitalares mais sérios de acordo com cada caso.
A situação é alarmante desde a fase dos
sintomas da Covid-19 em pacientes com sequelas de AVC (Acidente Vascular
Cerebral), os que sofrem de Alzheimer e aqueles com algum tipo de paralisia ou
outras alterações cognitivas.
Isso porque algumas pessoas com sequelas de
ACV já têm dificuldade para falar e de se expressar; além disso, o esforço que
fazem para respirar se assemelha à falta de ar. Forçam o tórax e o diafragma.
Assim, se tiverem mesmo falta de ar por terem sido contaminadas com o coronavírus
e não apresentarem febre ou outros sintomas, os familiares ou pessoas próximas
podem não perceber.
São pacientes mais vulneráveis e apresentam
uma resistência menor por natureza das doenças neurológicas pré-existentes que
possuem.
De acordo com o neurocirurgião Wanderley
Cerqueira de Lima, que tem mais de 30 anos de experiência na área e é
coordenador de uma das equipes de neurocirurgia da Rede D’or de Hospitais, os
pacientes que já têm predisposições podem contrair infecções.
O especialista atende atualmente vários casos
de pacientes neurológicos que foram diagnosticados com coronavírus e, desses
pacientes, ele relata que alguns já se recuperaram completamente da COVID-19 e
voltaram aos demais tratamentos das outras doenças de base.
“Se ainda tal paciente já sofre com diabetes,
por exemplo, com hipertensão e tem as sequelas de AVC, e se caso ele seja
acometido pelo novo coronavírus, vai exigir cuidados redobrados”, alerta o
médico.
Com a capacidade imunológica mais baixa, se
ele for acometido pelo coronavírus, poderá ter infecção bacteriana
concomitantemente e nesse caso pode ter todo o quadro agravado. “São casos que
requerem cuidados minuciosos. É um paciente que necessita de fisioterapia
motora, respiratória e com atenção especial à nutrição e à hidratação. É
preciso fazer com que ele se locomova dentro do possível, como andar no
ambiente de casa, mesmo que restrito ao próprio quarto, que ele receba
estímulos familiares cognitivos de interação. Tudo isso é fundamental para esse
tipo de paciente”, recomenda o neurologista.
Outro grupo mais delicado de pessoas são
aquelas acometidas pelo Alzheimer. Em alguns casos a pessoa não sabe reproduzir
nem demonstrar o que está sentindo e pode não ter febre. Apenas a atenção de
quem cuida do paciente pode ajudar como alerta importante para salvar a vida.
Estudos pelo mundo - Saiba mais:
Uma equipe de neurologistas de três hospitais
da cidade de Wuhan, onde teve início a epidemia do coronavírus (Covid-19),
reuniram informações de 214 pacientes. Desses, 78, ou seja, 36,4% dos pacientes
analisados, tiveram algum sintoma neurológico.
Os neurologistas conseguiram classificar três
grupos:
Sintomas do sistema nervoso central,
encontrados em 53 pacientes dos 214, que tiveram dor de cabeça, tontura,
sonolência ou diminuição do nível de consciência, ataxia, AVC
ou isquemia cerebral e crise convulsiva. Em
outro grupo, de 19 pacientes dentre os 214, encontraram sintomas do sistema
nervoso que apresentaram alteração do paladar, alteração do olfato e diversas
dores de origem neurológica. E, em um terceiro grupo, 23 desses pacientes
apresentaram sintomas musculares esqueléticos com mialgia, ou seja, dor
muscular.
A questão neurológica chama atenção dos
especialistas pois, o número, por exemplo, de pessoas que sofrem com AVC, no
Brasil, é alto. No ano passado, um estudo apontou que 400 mil brasileiros
tiveram AVC e, desses, cem mil morreram em decorrência do problema, figurando
como a segunda causa de mortes no país, sendo a primeira o infarto.
O coronavírus
O neurocirurgião Wanderley explica que
“quando o vírus entra no organismo pode haver uma “viremia” (vírus no sangue).
“O vírus pode acometer diversos órgãos e daí fazer com que o doente sofra
várias manifestações. Por exemplo, se acometer o intestino pode provocar
diarreias; se atacar os rins provoca insuficiência renal; se for nos músculos,
dará dores musculares; se se instalar no líquor cerebral provocará as
meningites virais; caso atinja o cérebro leva à encefalite viral, ou seja, é
uma doença sistêmica que, dependendo do órgão que ele ataca, os órgãos estarão
mais ou menos comprometidos”, diz o médico.
No caso do novo coronavírus, ele entra no organismo pelo
nariz e garganta, portanto o acometimento será nos pulmões, atingindo (vias
aéreas), onde ocorre há a troca de oxigênio, por isso que a pessoa terá falta
de ar em menor ou maior intensidade.
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