Nesta pandemia pela qual estamos passando, o cuidado com o
controle da glicemia é essencial. Números mostram que pessoas com diabetes têm
maior risco de agravamento da Covid-19 no Brasil. Isso porque a glicose
descontrolada pode alterar a imunidade levando à menor proteção contra doenças
e maior suscetibilidade a infecções.
Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostra que
pacientes com diabetes são casos mais graves da Covid-19. Ao analisar os
primeiros 391 hospitalizados no Brasil, o estudo apontou que cerca de 80 tinham
diabetes e, dos que morreram, quase metade eram diabéticos. Portanto, gostaria de
reforçar que números indicam que, com essa pandemia, o cuidado com o controle
da glicemia é indispensável. O Diabetes atinge mais de 16 milhões de pessoas no
País, segundo o atlas 2019 da IDF – Federação Internacional do Diabetes.
Mas acredito que não é necessário entrar em pânico, apenas tomar
alguns cuidados. Importante destacar que a pessoa com diabetes não tem mais
risco de se contaminar pelo vírus, mas sim de agravamento. A glicose
descontrolada pode deixar o paciente com uma resposta imune mais baixa, o que
leva a menor proteção contra doenças e mais suscetibilidade a infecções.
As pessoas com diabetes que podem ser mais afetadas ao contrair
o coronavírus são as com longo histórico da doença, mau controle metabólico,
presença de complicações e doenças concomitantes, independentemente do tipo de
diabetes – 1 ou 2. Esse perigo aumenta quando falamos de idosos com mais de 60
anos, que tendem a ter outras comorbidades.
Outra preocupação que tenho são as pessoas com diabetes tipo 2
que não sabem que têm a doença, por falta de acompanhamento médico ou acesso à
informação caso de infecção pela Covid-19. No Brasil, estima-se que quase
metade das pessoas com diabetes não sabe ter a doença e portanto, estão sem
controle.
Os dois principais tipo de diabetes são o diabetes tipo 1 e o
tipo 2. O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência. De
início rápido, seus sintomas são evidentes, como muita sede e fome, e perda de
peso, e requer tratamento com insulina. Já o diabetes tipo 2 é normalmente
diagnosticado em adultos, apresenta poucos sintomas, está associado a
obesidade, sedentarismo e fatores hereditários, e costuma ser tratado com
medicamento oral.
O controle da glicemia é muito importante para proteger quem tem
diabetes de infecções. Portanto, destaco que monitorar a glicose, além de
ajustar medicações orais ou insulinas - com orientação médica, podem ser formas
de prevenção de agravamento em caso da contaminação pelo COVID-19. Outra medida
necessária para manter a saúde – e a glicose - em dia é vigiar a alimentação e
hábitos, principalmente dentro de casa neste período de quarentena, onde todos
saem da rotina. Disciplina e comprometimento, com dieta balanceada e atividade
física e sono regular contribuem para que pacientes com diabetes mantenham-se
saudáveis.
Para isso, a conscientização para não contrair a Covid-19 é
também um caminho a ser seguido por mim e por toda a população. Medidas
preventivas precisam estar presentes na vida dos que convivem com diabetes e da
população em geral, já que o vírus se espalha com uma taxa alta de
transmissibilidade, normalmente por contato com secreções contaminadas, como
gotículas de saliva e espirro. Entre elas, estão: lavagem frequente das mãos,
cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir, não compartilhar objetos pessoais,
evitar aglomerações, e o que tem mais sido reforçado pelos órgãos responsáveis:
fique em casa!
Este é o momento de união da população para combater um inimigo comum,
tornando essencial buscar hábitos de vida saudáveis, manter a glicemia
controlada e reforçar a higiene, por exemplo. O melhor cuidado com a saúde e a
solidariedade, acredito, são algumas das lições que levaremos para além da
pandemia.
Mariana
Pereira - médica consultora da Roche Diabetes Care Brasil
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