Pesquisar no Blog

terça-feira, 28 de abril de 2020

Estudo com a substância nitazoxanida em pacientes com Covid-19 já foi iniciado


Ao todo, 50 pacientes infectados, em fase intermediária da doença, participam da pesquisa


Um estudo iniciado semana passada, realizado por acadêmicos de diferentes centros de pesquisa, ­busca esclarecer dados de eficácia e segurança da substância nitazoxanida, no tratamento de pacientes acometidos por COVID-19, por meio de análises.

Evidências in vitro, publicadas internacionalmente, revelam um amplo espectro antiviral da droga, que é empregada no Brasil há aproximadamente 15 anos, sob a marca de referência Annitaâ, utilizada no tratamento de doenças parasitárias e virais intestinais.  Estudos em humanos já confirmaram sua ação contra o vírus Influenza, tipicamente respiratório, publicados em conceituada revista médica internacional, em regimes de tratamento diferentes dos atualmente preconizados em suas indicações habituais.

O fármaco apresenta bom perfil de segurança em diferentes doses e regimes de tratamento, e pode ser utilizado por adultos, idosos e crianças. De acordo com os pesquisadores, a substância não apresenta toxicidade relevante e, por isso, os riscos para pacientes portadores de diferentes doenças são baixos, mas devem sempre ser considerados pelo médico prescritor. O efeito colateral, apresentado em pacientes que utilizaram a nitazoxanida em tratamentos, é a coloração amarelo-esverdeada em secreções, principalmente a urina.

A ideia da pesquisa na sua primeira fase (como prova de conceito, que visa determinar o impacto sobre a carga viral, melhora clínica e segurança) é realizar um teste randomizado, duplo cego, ou seja, médico e paciente não têm ciência se a ministração é da droga ou o placebo. No total, 50 pacientes de cinco hospitais no estado de São Paulo receberão os comprimidos com a nova formulação e novo regime de tomada, já estipulados previamente pelos pesquisadores.

Pesquisas anteriores com outras substâncias, como a hidroxicloroquina, ainda carecem de melhores dados em pacientes em fase aguda da doença, principalmente por questões de segurança. Por isso, a pesquisa será focada em quadros moderados da infecção, ou seja, que apresentam os sintomas como febre, tosse, dores no corpo, dor de cabeça, sempre associados à insuficiência respiratória e que não necessitam de ventilação mecânica ou internação em UTI. Entre os critérios da pesquisa, o participante deve ter resultado positivo para o exame RT-PCR, ao qual identifica a presença do vírus SARS-Cov2 no organismo.

Apesar de estudos in vitro reportarem eficácia na inibição do vírus, os pesquisadores não podem afirmar que haverá os mesmos resultados nos testes in vivo, até que a pesquisa seja concluída, incluindo as fases posteriores do estudo citado acima. “Temos grande esperança de encontrar respostas eficientes para a COVID-19, mas somente o resultado de estudos bem desenhados e conduzidos dentro das normas éticas e regulatórias poderão nos dar essa tranquilidade. O fato de podermos contar com a possibilidade de reduzir as complicações e bloquear a disseminação do vírus já configuraria uma vitória no combate à COVID-19 para nosso país”, afirma o gerente Executivo de Assuntos Médicos e Pesquisa Clínica da FQM, Dr. Vinicius Blum.

Após a aprovação da pesquisa, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos comercializados atualmente com a molécula no país entraram, por determinação da Anvisa, para a lista de drogas controladas e, toda prescrição médica da substância para a sua finalidade original deve ser realizada em receita especial de duas vias.

Não há uma data exata para a apresentação de resultados concretos da pesquisa. Entretanto, estima-se que leve ao menos três semanas até que as primeiras evidências sejam claras. A pesquisa atual é uma prova de conceito, conhecido no meio acadêmico como estudo de fase II, e se os resultados clínicos forem efetivos, será realizada uma nova análise para um número maior de pacientes, conhecido como estudos de fase III, será conduzido para que a sua eficácia e segurança sejam totalmente definidas.

A FQM Farmoquímica, empresa detentora do registro do medicamento referência no país, sob a marca Annitaâ, está apoiando o estudo e, de acordo com sua diretoria, está muito otimista em relação ao estudo.  Ao mesmo tempo, a empresa reitera que o uso de qualquer outro medicamento, fora de suas indicações de bula, definidas pelos registros na Anvisa, está frontalmente em desacordo com sua posição de ética dentro do mercado farmacêutico.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados