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segunda-feira, 27 de abril de 2020

CONSIDERAÇÕES PARA O FIM DO ISOLAMENTO SOCIAL, NA TRANSMISSÃO DO VÍRUS E NA PROTEÇÃO CONTRA A COVID-19


Entender como é a transmissão comunitária, a infecção pelo coronavírus tipo 2 (SARs- Cov-2), como a doença viral se manifesta e se comporta na população mundial são fundamentais nas decisões a serem tomadas na flexibilização do isolamento social


Todos estão questionando como e quando poderemos sair do isolamento social. Os números desta segunda-feira, 27/04, apresentam que há mais de 2,9 milhões de casos confirmados de coronavírus e mais de 206 mil mortes em todo o mundo por complicações da Covid-19. O levantamento foi feito pela universidade norte-americana Johns Hopkins. No Brasil foram registradas 4,2 mil mortes provocadas pela Covid-19 e 60 mil casos confirmados da doença em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

Já sabemos que o coronavírus ou a Covid-19 mostra um aumento crescente e difuso na população e que pode levar a um número elevado de mortes. 
Sabemos também que um longo tempo de distanciamento social leva a um detrimento das condições físicas, mentais e econômicas do indivíduo e da sociedade. Mas quando poderemos relaxar as restrições?

Quem explica e nos fornece algumas dessas respostas é o neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima, que é coordenador de uma das equipes de neurocirurgia da Rede D’or de Hospitais e atua também no Hospital Israelita Albert Einstein, com mais de 30 anos de experiência em neurologia e neurocirurgia.

Segundo doutor Wanderley, será possível começar a relaxar algumas medidas de restrições quando “houver um programa massivo e difundido para identificação de pessoas assintomáticas e ao mesmo tempo existir um monitoramento do isolamento e da quarentena, que são de responsabilidade dos estados e municípios”, diz o neurocirurgião.

Doutor Wanderley também alerta que é necessário atenção especial na redução dos focos de transmissão domiciliar, pois muitos casos acontecem dentro da família, principalmente naquelas mais carentes e vulneráveis.

E o médico ainda aconselha que a quarentena somente poderá ser reduzida quando os tratamentos propostos para Covid-19 reduzirem o tempo de permanência nas UTIs em cerca de 20% a 30%, o que gera um benefício para a capacidade do sistema de saúde público e privado, podendo ser melhor administrado.

“Durante essa pandemia a obtenção rigorosa e confiável de dados (estatísticos) é essencial para os programas e medida a serem adotados nessa extensão e severidade da Covid-19, levando com isso a respostas efetivas”, ressalta.
Nesta semana duas das mais populosas cidades da China, Pequin e Xangai, voltaram às aulas, após quatro meses de isolamento social e na Espanha, os parques foram reabertos. Ou seja, o retorno à rotina próxima ao normal nesses lugares, após o pico da doença, está se dando de forma gradativa.


As especialidades

Os hospitais de São Paulo estão quase com suas capacidades de internação, principalmente UTIs, esgotadas. Mesmo assim, médicos de diversas especialidades continuam atendendo nos hospitais, clínicas e em seus consultórios.

“Estamos atuando normalmente nos centros médicos para consultas, realizações de exames complementares, fornecendo tratamentos e neurocirurgias, se necessárias, no meu caso como neurologista e neurocirurgião. Estamos tomando todos os cuidados, obedecendo protocolos rigorosos, a fim de nos protegermos para proteger o paciente e seus familiares. Não é possível que o paciente adie uma consulta ou um tratamento para o seu problema neurológico, por exemplo. Mas, isso vale para todas as especialidades; sei que meus colegas cardiologistas, pediatras e de todas as áreas da Medicina estão trabalhando para atender aquele paciente que têm um problema específico nessas áreas.

Há doenças que não podem ter seus tratamentos interrompidos, como por exemplo, as aplicações de quimioterapia em pacientes com algum tipo de câncer, ou aqueles que necessitam fazer constantemente hemodiálise. Esses pacientes devem continuar seus tratamentos normalmente e as unidades de saúde estão atendendo para este fim.


O que vem a ser o novo coranavírus Sars-Cov-2?

Doutor Wanderley explica que nunca é demais saber sobre o vírus e suas formas de transmissão, multiplicação, infecção, mutação e até mesmo reinfecção.
O conhecimento está no conjunto de milhões de componentes no nosso organismo, como bactérias, fungos e vírus que estão em constante equilíbrio saudável naquilo que chamamos “microbioma. Em um desiquilíbrio eles afetam de várias maneiras a nossa saúde”.

Nessa diversidade entre os componentes do microbioma, quando os diferentes números e tipos se alteram, alguns desses agentes podem se tornar dominantes, por exemplo, quando há uma alteração na flora intestinal e nas vias aéreas respiratórias, ou seja, o microbioma intestinal e nas vias aéreas, respectivamente.

A transmissão e a infecção viral das vias aéreas e dos pulmões na Covid-19 ocorrem por meio de pequenas gotículas de pessoa para pessoa, contendo uma quantidade enorme de cargas virais, transmitidas ao falar, tossir e espirrar, por isso se dá importância a utilização de máscaras de proteção individual.

“Pode haver também a transmissão por meio de objetos e superfícies de contato, como no uso de copos, talheres, no toque de maçanetas, botões de elevadores, corrimões, dispositivos de biometria, no aperto de mãos e outros, assim é fundamental lavar, limpar e desinfectar”, diz doutor Wanderley.

A transmissão pode ocorrer por meio de gotículas ainda menores, chamadas aerossóis, que ocorrem em algumas circunstâncias especiais. “Elas ocorrem durante a intubação “orotraqueal” de pacientes na UTI, nas aspirações de secreções, naqueles pacientes que necessitam de mudança de posição no leito, naqueles submetidos à broncoscopia, nas traqueostomias realizadas nos centros cirúrgicos, nas extubações e também nas manobras de ressuscitação cardiopulmonar – por isso o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) mais específicos no ambiente hospitalar e nas UTIs”, explica o doutor Wanderley Cerqueira de Lima.


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