O cigarro pode ser uma
substância prejudicial para o pós-operatório de quem realiza o procedimento
O tabaco contém centenas de substâncias
prejudiciais à saúde, entre elas a nicotina, o alcatrão e o benzeno, além de
metais pesados e tóxicos. Esta combinação, ao entrar em contato com a corrente
sanguínea de forma contínua e duradoura, pode causar mais de 50 doenças, entre
elas os cânceres de pulmão e de boca, enfisema pulmonar, angina e infarto do
miocárdio.
Deixar de fumar pode ser extremamente difícil,
mas se você planeja se submeter à uma cirurgia plástica ou procedimentos
estéticos, é bom pensar em abandonar a nicotina pelo menos por algum
tempo. Suspender o cigarro um mês antes e um mês depois do procedimento, ainda
que não seja o ideal, já pode ajudar significativamente.
“O cigarro afeta diretamente o desempenho do
sistema vascular, comprometendo a irrigação sanguínea dos tecidos e absorção
dos líquidos da área que sofreu a intervenção, dificultando o processo normal
de cicatrização e a recuperação geral”, explica o cirurgião plástico Fernando
Bianco, membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Portanto, livrar o organismo da nicotina, pelo
menos por algum tempo, pode contribuir para que os resultados sejam melhores e
a recuperação seja mais rápida e livre de complicações. Com uma interrupção
temporária do fumo por 30 dias, o índice de complicações pode cair entre 21% a
41 %.
O tabagismo pode complicar o pós-operatório com
hematomas que persistirão por mais tempo; pontos poderão se abrir; cortes
cirúrgicos estarão mais vulneráveis à infecção; inchaços serão maiores e a
drenagem dos líquidos pode demorar.
“Cada caso será visto individualmente e pode-se
até abrir uma exceção e realizar a cirurgia em quem fuma. Mas, esse paciente
poderá ter que tomar alguns medicamentos que, em não fumantes, não seriam
necessários. O paciente deverá assinar um “Termo de Consentimento”, onde
constará que a operação somente será realizada após o médico ter certeza que as
orientações serão observadas pelo paciente”, ressalta o médico.
De acordo com uma pesquisa publicada na revista
The Lancet, nos últimos 25 anos o número de fumantes no Brasil tenha diminuído,
mas o país ainda conta com 7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens –
aproximadamente 10% da população – dependentes do tabaco. Além de causar
dependência física, o tabagismo é uma doença epidêmica que ocasiona morte
precoce e incapacidade de indivíduos em todo o mundo.
“A cirurgia plástica é um procedimento cirúrgico
como qualquer outro, com seus benefícios e riscos e seu sucesso vai depender do
estado geral do paciente. No caso específico, ele jamais poderá omitir do
médico a informação do período que fumou. Caso contrário, o resultado da
operação poderá ser comprometido”, finaliza Bianco.
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