Comecei a trabalhar com 16 anos, numa época em que não existia
tanta oportunidade de trabalho - ou se trabalhava em empresas familiares, ou
dava a sorte de encontrar algum emprego para menores de idade. Basicamente, eu
montava caixas no arquivo municipal da minha cidade e trocava os papéis das
caixas velhas para as novas.
Desde então, entre freelancer e registros, troquei de emprego 10
vezes em 11 anos. Para algumas pessoas, o sinônimo de felicidade é estar
seguro, para outras é estar realizado com sua atividade profissional. No meu
caso, estar seguro nunca foi suficiente, eu sempre precisei de mais. Quando
comecei a estudar Publicidade e Propaganda tinha um emprego bem legal de editor
de vídeo em uma pequena emissora de televisão na Região Metropolitana de
Curitiba, mas não era o suficiente para minhas pretensões: eu queria exercer o
que estava estudando na faculdade. Então, pela primeira vez, saí da minha zona
de conforto.
Com o respaldo financeiro da minha família, troquei um emprego
consolidado para ganhar menos como estagiário. Conclusão: a primeira melhor
decisão da minha vida profissional. Do segmento de áudio e vídeo, me arrisquei
uma área que nunca sequer havia ouvido falar: mídia digital. Da calmaria de uma
pequena produtora de cinco pessoas, me joguei em uma grande agência de
publicidade, com mais de 150 funcionários.
Quando você muda, é necessário recomeçar. É como se eu tivesse
vivido em um lago e fosse jogado em um grande oceano, aprendendo a nadar do
começo, em meio a muitas pessoas experientes, de forma que cada braçada e cada
respiração eram importantes. Busquei todo o aprendizado possível nesta empresa
e depois de três anos decidi fechar esse ciclo buscando novas experiências. A
decisão foi tomada em cima da necessidade de aprender mais e conhecer outros
modelos de negócio. E eu tive a oportunidade de realmente vivenciar isso.
Outras duas agências de publicidade, duas startups e um grupo de comunicação no Paraná. Cada lugar que em que trabalhei me trouxe dezenas de experiências gratificantes, que se caso tivesse permanecido na minha zona de conforto, talvez nunca as tivesse conhecido.
Por ter esse perfil inquieto, dependendo da proposta, sempre tive
dificuldade em dizer não para uma nova oportunidade. No entanto no meio do
percurso fui questionado sobre isso. Em uma entrevista o entrevistador olhou
meu CV e afirmou: “Depois que você saiu da empresa em que trabalhou por três
anos, você não construiu mais nada na carreira". Aquilo ficou refletindo
na minha cabeça desde então... Será mesmo que vivenciar outros cargos, outras
áreas, outras empresas, outras experiências não me ajudaram a construir nada?
Será que manter-se um ano a mais no seu emprego significa mais
sucesso, mais respaldo, mais visibilidade, do que sair da sua zona de conforto
e conhecer o mundo? Ouvi depois de uma pessoa muito legal e experiente
no mercado publicitário, que pessoas inquietas são as que mudam o mundo, e que
a coragem de mudar é um sentimento muito mais bonito do que se manter na bolha
do medo. Mesmo inconscientemente, descobri que esse era e sempre havia
sido o meu lema de vida. O medo de fracassar em uma nova aventura é sempre um
empecilho na hora de tomar uma decisão, em contraponto com o que temos hoje.
Mas atualmente temos várias oportunidades de conhecer o dia-a-dia de uma empresa
e como os seus colaboradores pensam.
LinkedIn, Love Mondays, Facebook e outras ferramentas nos ajudam a
entender a jornada de trabalho, benefícios, deveres e até mesmo o que essas
empresas pensam antes de efetivar uma troca de emprego. Ainda não mostra tudo
que precisamos saber, mas é um bom indicativo do que esperar.
Com 27 anos e mais de 10 experiências profissionais, incluindo as
de grande proveito e as que não foram tão boas assim, acredito que todos nós
sentimos quando é a hora de mudar. É certo que existem variáveis, como momento
da vida, família e salário, porém, quando possível, as mudanças são benéficas e
nos ajudam a sair do patamar que estamos, trazendo conhecimento e crescimento.
Na busca do emprego no qual você se sinta realizado, feliz com o que faz, e financeiramente recompensado, busque sempre sair da sua zona de conforto. Como diria Heráclito, “nada é permanente, exceto a mudança”.
Thayan Acevedo - publicitário e atua como professor do curso de
Gestão de Mídias Sociais do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário