Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica pede celeridade às autoridades regulatórias no país
Depois que o FDA, agência norte-americana que
regulariza medicamentos, concedeu em 08 de março a aprovação ao atezolizumabe
em combinação com nab-paclitaxel para pacientes com câncer de mama triplo
negativo, a comunidade médica brasileira segue na mesma missão. A Sociedade
Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) quer celeridade na aprovação da combinação
terapêutica que trata eficientemente um dos subtipos mais graves dos cânceres
de mama.
A eficácia da medicação contra a doença metastática
foi apresentada em Munique, Alemanha, no Congresso da Sociedade Europeia de
Oncologia (ESMO Congress 2018), principal evento voltado à oncologia clínica do
mundo. O IMpassion 130, foi o primeiro estudo de fase 3 a documentar benefício
significativo de imunoterapia em câncer de mama metastático.
Considerado um tipo de câncer agressivo e que afeta
geralmente mulheres jovens, o câncer de mama triplo-negativo representa cerca
de 20% de todos os casos da doença mundialmente. Se considerarmos que o Brasil,
segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) contará com cerca de
60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, esse percentual representa um
universo de ao menos 12 mil pessoas.
"A denominação "triplo-negativo" é
utilizada em casos em que o tumor não conta com nenhum dos três biomarcadores
relacionados à classificação do câncer de mama: receptor de estrógeno, receptor
de progesterona e proteína HER-2", explica o oncologista Daniel Gimenes,
do Centro Paulista de Oncologia ( CPO) – unidade de São Paulo do Grupo
Oncoclínicas.
Segundo o especialista, o câncer de mama
triplo-negativo tem maiores chance de recorrência e em muitos casos acaba
promovendo uma sobrevida menor em comparação a outros subtipos de tumores
mamários. Por isso, a possibilidade de sucesso com a imunoterapia é animadora e
abre novas frentes para o enfrentamento desta doença. "Para esses casos de
câncer especificamente houve poucos progressos terapêuticos nos últimos anos.
Por isso, os estudos internacionais preliminarmente divulgados na ASCO são
animadores por indicarem um novo caminho para tratar esse tipo de câncer de
mama", afirma o oncologista.
O médico ainda menciona o estudo GeparNuevo que
analisou 174 pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático ou
localmente avançado. Um grupo recebeu um tipo de imunoterápico associado à
quimioterapia enquanto as demais pessoas utilizaram placebo. O resultado
demonstra um aumento significativo na redução do tumor nos casos que receberam
a combinação da imunoterapia com a quimioterapia. "Apesar de ainda ser o
uma primeira etapa de análises, esse avanço já pode ser entendido como um progresso
terapêutico importante para médicos e pacientes. Essa combinação de
imunoterapia com quimioterapia desconta como uma opção estratégica importante
para mulheres com a doença, em especial pelos benefícios e a qualidade de vida
dessas pacientes", explica Gimenes.
Entenda a Imunoterapia
Na última década, a imunoterapia passou de um
tratamento teórico promissor para um padrão de cuidados que está contribuindo
para respostas positivas de pacientes oncológicos. Desde 2011, o FDA aprovou 15
novas drogas imunoterápicas para o tratamento do câncer, sendo cinco só no ano
passado. No Brasil, a imunoterapia tem aprovação da Anvisa para uso em casos de
melanoma, câncer de rim , câncer de pulmão e câncer de bexiga.
Quando, contudo, ocorre uma falha nesse processo de
combate ao inimigo e, em consequência, o surgimento de um tumor, a medicação
imunoterápica pode ser adotada para inibir a ação desses freios e provocar a
resposta necessária para combater as células malignas. "A imunoterapia
cria uma memória imunológica no paciente contra o tumor. A concepção é gerar
uma resposta imunológica exacerbada no paciente. Ao fazer isso, o sistema
imunológico volta a reconhecer o tumor como um agente externo", explica.
Quando a imunoterapia é a melhor opção?
Apesar dos avanços promissores, o especialista
explica que ainda é cedo para afirmar que a imunoterapia seria a chave para a
cura do câncer de mama. Todavia, os passos já trilhados são observados com
otimismo e lançam boas perspectivas para tratamentos do câncer de mama
triplo-negativo metastático e que não responde às medicações convencionalmente
indicadas, tais como quimioterápicos e drogas alvo-moleculares.
O que tem se observado de forma global no
tratamento do câncer é que nos casos onde o médico pode optar pela
imunoterapia, a resposta dos pacientes têm sido satisfatórias.
"Ela [a imunoterapia] tem alguns efeitos colaterais,
porém o paciente tem melhor qualidade de vida. É um tratamento mais sustentável
para a saúde do paciente, pois ataca diretamente o tumor. Uma das principais
vantagens da adoção destes imunoterápicos de nova geração é que, mesmo após o
fim do tratamento, a imunidade desse indivíduo pode continuar respondendo a
células tumorais, diminuindo a recidiva de tumores e aumentando o tempo livre
de progressão da doença", conclui o médico.
Grupo
Oncoclínicas
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