Do ponto de vista da
comunicação, podemos definir a mentira como a projeção de uma imagem da
realidade conscientemente alterada, modificada e distorcida, a fim de
condicionar a resposta do outro.
Certamente, as mentiras não
são todas iguais e nem todas, é claro, tem o mesmo peso e as mesmas
consequências. Algumas mentiras são inofensivas, passam despercebidas, são
ditas por superficialidade, por narcisismo, ou para agradar, para não ferir
alguém ou para conter a curiosidade de outras pessoas e a intrusão excessiva em
sua vida.
Existem também as mentiras que
são ditas para enganar, para trair, manipular e machucar, e que muitas vezes
acabam sendo utilizadas de forma sistemática e contínua. No trabalho, por
exemplo, pode-se mentir para agradar os clientes, para aparecer melhor nas
habilidades e capacidades, ou para encobrir os erros. Entretanto, no contexto
profissional a mentira é, talvez, o comportamento mais arriscado que se pode
ter, seja com os colegas, clientes ou com o chefe.
Lembre-se sempre que as
mentiras têm pernas curtas, principalmente quando envolvem projetos comuns,
cumprimento de prazos ou descrição de títulos e
falsas qualificações. Ser honesto é um bom antídoto para não criar situações de
tensão e possibilidades de demissão.
Uma vez que as mentiras
“sociais” podem ser compreendidas como pequenas e inofensivas mentiras
ocasionais para evitar constrangimentos, elas passam a ser inaceitáveis quando
isso desencadeia um círculo vicioso de mentiras, do qual não se consegue mais
sair, pois, nesse caso, é preciso mentir para cobrir mentiras anteriores,
entrando em comportamentos estressantes e com certeza sendo descoberto mais
cedo ou mais tarde, deixando manchas nos relacionamentos e quebrando a
confiança, às vezes de maneira permanente.
Se mentir pode aparecer
inicialmente mais “fácil” que argumentar e explicar, no final as mentiras se
tornam mais prejudiciais à pessoa que as dizem. Para esconder a verdade que não
se quer ver ou para continuar não lidando com as próprias responsabilidades e
com a realidade verdadeiramente como ela é, a pessoa continua se
mascarando. No entanto, você pode mentir para os outros, mas não para
você mesmo.
Quando contamos uma mentira o
nosso corpo e mente fazem um trabalho duplo: por um lado precisa bloquear a
verdade e do outro tem que construir uma alternativa plausível, usar
muita imaginação, fantasia e também ter uma boa memória para evitar
ser descoberto.
Esse é um processo complexo
que confirma que aqueles que usam constantemente a mentira, vivendo na
incoerência e na falta de ética, estão sob constante estresse.
Ser
verdadeiro no contexto profissional significa demonstrar um compromisso com a
integridade e com a construção de uma reputação sólida e uma liderança
autêntica. Significa construir relacionamentos de confiança, pois, uma vez
estabelecida uma base de honestidade com os colaboradores e colegas, se começa
a operar como uma verdadeira equipe, permitindo assim que a empresa ou a
organização se torne mais eficiente e o ambiente de trabalho mais prazeroso.
Eduardo
Shinyashiki - palestrante, consultor organizacional,
especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de
Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, Eduardo também é
escritor e autor de importantes livros como Transforme seus Sonhos em Vida, da
Editora Gente, sua publicação mais recente. www.edushin.com.br.
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