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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Questão de pele: problemas dermatológicos ainda são pouco conhecidos pela população


 Queixas relacionadas à estética ainda são as que mais levam pacientes a buscar consulta com dermatologista


A dermatologia é uma complexa área da medicina: são mais de três mil doenças que afetam pele, mucosas, cabelos e unhas. Por ser o mais extenso e versátil órgão do corpo humano, a pele tem um importante papel de proteção, estando mais exposta a variações climáticas, atrito e contato com microrganismos. Apesar disso, a especialidade ainda é comumente associada a questões estéticas - levantamentos mostram que a maior parte das queixas que levam os pacientes ao consultório do dermatologista incluem acne, rugas e manchas.
Segundo a dermatologista Seomara Passos Catalano, dermatologista e coordenadora de pós-graduação das Faculdades BWS, isso acontece porque a pele está sempre em evidência. “Estamos em contato com a pele o tempo todo. Se há algo nela que incomoda, isso pode afetar a autoestima e o bem-estar. Por isso, é mais fácil procurar auxílio para os problemas que estão aparentes. Mas é preciso alertar para o fato de que há diversas outras doenças – genéticas, autoimunes e infecciosas, por exemplo – que podem ou não apresentar manifestações cutâneas e que impactam diretamente na saúde física e mental do indivíduo”.
À frente da última edição da Virada da Pele Saudável, que aconteceu em setembro e promoveu 36 horas de atendimento dermatológico gratuito para a população em São Paulo, a especialista comenta que ainda há muito desconhecimento em torno das doenças de pele. “Recebemos muitas pessoas que estão há meses, até mesmo anos, com uma lesão que não cicatriza. Em geral, começa com o que a pessoa acredita ser uma espinha ou um pelo encravado, ela vai espremendo, até que um dia a ferida infecciona, a dor aumenta e passa a atrapalhar a rotina. Aqueles que decidem procurar um dermatologista, muitas vezes, têm que esperar meses para uma consulta. Então a pessoa passa a conviver com aquele problema, mesmo incômodo, e sem receber um diagnóstico formal”.
Muitas doenças podem ter essas características. Os eczemas, por exemplo, são bastante comuns. São lesões avermelhadas, com aspecto áspero ou descamativo, que podem aparecer em qualquer parte do corpo. Essa irritação, quando não tratada, pode levar ao surgimento de pequenas bolhas e até mesmo lesões mais graves. Já a hidradenite supurativa, apesar de menos frequente, tem um impacto bastante negativo na vida dos pacientes. Trata-se de uma doença inflamatória crônica e dolorosa, que se caracteriza por nódulos que se localizam em áreas de dobras e atrito, como axilas e virilha. Quando os nódulos estão inflamados, além da dor, há eliminação de pus e consequente mau cheiro – por isso, é bastante comum que a hidradenite leve, também, ao isolamento social.
“A falta de conhecimento a respeito de doenças como hidradenite, psoríase e vitiligo é, sem dúvidas, um desafio. Muitas pessoas acreditam, por exemplo, que toda doença de pele é contagiosa e, por isso, evitam manter contato com quem tem esses problemas. O preconceito afeta a forma como o paciente se vê e lida com a doença, o que, em alguns casos, pode levar a uma piora do quadro”, alerta a Dra. Seomara. Só neste ano, passaram pela Virada da Pele Saudável mais de três mil pessoas – das quais 754 passaram por algum procedimento cirúrgico. “Mais do que oferecer um atendimento resolutivo, nosso objetivo é disseminar conhecimento a respeito das doenças de pele e reforçar que o diagnóstico precoce é o primeiro passo para um tratamento exitoso”, completa a médica.


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