Ao chegarmos ao mundo vamos sendo carimbados: é
bela, parecida com a tia, é a cara da avó, é igual ao pai, é uma princesa, é um
príncipe... Na escola, outros carimbos virão: estudiosa, inteligente, futuro
brilhante ou ao contrário não tem futuro. Entre os amigos, no grupo social, e
assim, por viver tantos timbres, um dia a casa cai: aquela do timbre não sou
eu!
Muitas de nós experimentaram a vida observando uma
a uma as indicações das etiquetas, porém, sente que errou o caminho – não era
aquele – aquela não sou eu: surge a crise! E agora? O que fazer?
No início a família, os irmãos, os amigos, os
colegas são corrimãos a apoiar nossos passos incertos, mas após alcançada certa
maturidade, nossa inteligência impõe-se criativa, naturalmente sem desorganizar
o precedente em modo danoso a si ou aos demais.
Adaptações constantes aos timbres não nos convém,
pois estes no geral refletem mais quem os colocou do que a minha real natureza.
Tantas vezes nos acomodamos, tomamos a estrada mais curta e asfaltada, não era
aquela e por isso a vida não funciona para nós.
O processo de globalização em curso, refere o
filósofo Antonio Meneghetti, se de um lado contribui para estender a cultura
cibernética que pode produzir danos, por outro lado significa uma ocasião para
mostrar um horizonte mais amplo, novas provocações criativas em que
se dá cultura e responsabilidade para a contínua criação dos
outros: “o terciário da globalização rompeu os freios das defesas tradicionais
do núcleo familiar, aportando em troca notáveis vantagens e instrumentos para
os indivíduos”.
Aí está a ocasião de aprender a ver-se,
desinvestir-se as antigas marcas e jogar fora as memórias do passado, porque a
vida é sempre ativa, está sempre renovando. Nesse momento, segundo a obra Feminilidade
como Sexo, Poder e Graça, sentimos o frescor da existência e logo
já somos outra pessoa: adquire-se uma nova roupagem que faz começar um
profissionalismo diverso.
Observo então o meu mundo que se expande, que fica
mais rico e sinto aquela alegria, razão do meu viver. Eis o momento para
desenhar o meu itinerário evolutivo que não somente é possível como já está
previsto pelo projeto base da natureza.
Não, não sou um príncipe ou uma princesa, mas como
refere Carl Rogers: aquilo que sou é suficiente se realmente consigo sê-lo.
O momento é agora queridas amigas! Ao sucesso!
Alice Schuch - doutora em gêneros, pesquisadora,
palestrante e escritora sobre o universo feminino
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