Mesma em uma
situação delicada, algumas mulheres ainda precisam enfrentar separações e
abusos
Aproveitando o mês de Campanha Outubro Rosa, que
visa alertar as mulheres sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, vamos
entrar em um tema que não é muito discutido, mas que é mais comum do que
podemos (e queremos) imaginar: OS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS E O ABANDONO.
Pois é, muitos casais que juraram “na saúde e na
doença” e outros tantos que pretendem fazer o mesmo juramento acabam não
agüentando o baque do diagnóstico de um câncer de mama, e o relacionamento
passa de conto de fadas para filme de terror.
Sabemos que o apoio dos familiares é essencial
para ajudar a superar e enfrentar todo o tratamento, que é muito doloroso. Mas,
no caso do câncer de mama, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Avon e o
Data Popular foi contatado que 38% dos homens acham que o câncer de mama pode
acabar com o relacionamento.
“Ao receber o diagnóstico de um câncer de mama,
além do choque inicial e do medo da morte, muitas mulheres relatam o receio de
perder o parceiro. E, infelizmente, esse tipo de abandono acontece com certa
freqüência. Sem contar, os relacionamentos que se tornam abusivos e cheios de
ofensas”, conta Débora Damasceno, psicanalista e diretora da Escola de
Psicanálise de São Paulo.
Perder os cabelos e/ou a mama é bastante doloroso
para as mulheres, pois mexe diretamente com a feminilidade delas, e
consequentemente com a sexualidade. Com isso, a autoestima cai e o medo de não
agradar o companheiro começa a aparecer.
“Muitas tem a sensação que o marido/namorado não
vai mais sentir desejo, muitas acham que ele pode sentir nojo ao ver a mama pós
masectomia. E, assim, elas não permitem mais explorar os momentos íntimos e se
afastam. Alguns homens compreendem bem e ajudam, mas outros realmente acabam
não agüentando. Nesse ponto podem ocorrer separações ou o início de abusos,
ofensas e agressões”, explica Débora.
O que já era difícil pode tornar-se muito pior
quando o parceiro não consegue acompanhar todas as mudanças e no meio de tantas
transformações e lutas, muitas mulheres acabam enfrentando uma separação.
Já outras, precisam enfrentar abusos, não são
compreendidas e acabam cedendo às pressões sem ter vontade, apenas para agradar
o companheiro. No meio disso tudo podem ocorrer agressões verbais e ofensas que
mexem muito com o psicológico (que já está abalado) e para dar a volta por cima
não é nada fácil.
“O problema também aparece quando as mulheres
culpam o câncer pela perda do relacionamento, ou agüentam os abusos, pois se sentem
culpadas. No atendimento clínico temos que mostrar a realidade e fazer com que
elas entendam que elas são as vítimas disso”, afirma a psicanalista.
Paciência, amor e força de vontade são fatores
importantíssimos para quem precisa enfrentar a batalha, não apenas por si, mas
para ajudar a companheira. As fases da doença são diferenciadas, no início pode
ser mais difícil, sem contar que o tratamento mexe com os hormônios e a falta
de apetite sexual pode aparecer. Mas, depois, aos poucos o casal pode ir se
redescobrindo e descobrindo maneiras de voltar à rotina sexual, com a ajuda de
lubrificantes, lingeries e artigos diferentes de sex shop.
A Escola de Psicanálise de São Paulo possui
profissionais altamente capacitados que podem ser fontes e ajudar em matérias
relacionadas a esse tema. Estamos à disposição para entrevistas e consultorias.
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