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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Outubro Rosa: Nem sempre o apoio vem de onde se imagina e os relacionamentos podem virar abusivos


Mesma em uma situação delicada, algumas mulheres ainda precisam enfrentar separações e abusos


Aproveitando o mês de Campanha Outubro Rosa, que visa alertar as mulheres sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, vamos entrar em um tema que não é muito discutido, mas que é mais comum do que podemos (e queremos) imaginar: OS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS E O ABANDONO.

Pois é, muitos casais que juraram “na saúde e na doença” e outros tantos que pretendem fazer o mesmo juramento acabam não agüentando o baque do diagnóstico de um câncer de mama, e o relacionamento passa de conto de fadas para filme de terror.

Sabemos que o apoio dos familiares é essencial para ajudar a superar e enfrentar todo o tratamento, que é muito doloroso. Mas, no caso do câncer de mama, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Avon e o Data Popular foi contatado que 38% dos homens acham que o câncer de mama pode acabar com o relacionamento.

“Ao receber o diagnóstico de um câncer de mama, além do choque inicial e do medo da morte, muitas mulheres relatam o receio de perder o parceiro. E, infelizmente, esse tipo de abandono acontece com certa freqüência. Sem contar, os relacionamentos que se tornam abusivos e cheios de ofensas”, conta Débora Damasceno, psicanalista e diretora da Escola de Psicanálise de São Paulo.

Perder os cabelos e/ou a mama é bastante doloroso para as mulheres, pois mexe diretamente com a feminilidade delas, e consequentemente com a sexualidade. Com isso, a autoestima cai e o medo de não agradar o companheiro começa a aparecer.

“Muitas tem a sensação que o marido/namorado não vai mais sentir desejo, muitas acham que ele pode sentir nojo ao ver a mama pós masectomia. E, assim, elas não permitem mais explorar os momentos íntimos e se afastam. Alguns homens compreendem bem e ajudam, mas outros realmente acabam não agüentando. Nesse ponto podem ocorrer separações ou o início de abusos, ofensas e agressões”, explica Débora.

O que já era difícil pode tornar-se muito pior quando o parceiro não consegue acompanhar todas as mudanças e no meio de tantas transformações e lutas, muitas mulheres acabam enfrentando uma separação.

Já outras, precisam enfrentar abusos, não são compreendidas e acabam cedendo às pressões sem ter vontade, apenas para agradar o companheiro. No meio disso tudo podem ocorrer agressões verbais e ofensas que mexem muito com o psicológico (que já está abalado) e para dar a volta por cima não é nada fácil.

“O problema também aparece quando as mulheres culpam o câncer pela perda do relacionamento, ou agüentam os abusos, pois se sentem culpadas. No atendimento clínico temos que mostrar a realidade e fazer com que elas entendam que elas são as vítimas disso”, afirma a psicanalista.

Paciência, amor e força de vontade são fatores importantíssimos para quem precisa enfrentar a batalha, não apenas por si, mas para ajudar a companheira. As fases da doença são diferenciadas, no início pode ser mais difícil, sem contar que o tratamento mexe com os hormônios e a falta de apetite sexual pode aparecer. Mas, depois, aos poucos o casal pode ir se redescobrindo e descobrindo maneiras de voltar à rotina sexual, com a ajuda de lubrificantes, lingeries e artigos diferentes de sex shop.

A Escola de Psicanálise de São Paulo possui profissionais altamente capacitados que podem ser fontes e ajudar em matérias relacionadas a esse tema. Estamos à disposição para entrevistas e consultorias.


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