“Surpreende-me que haja posicionamento contrário à
aprovação em exame nacional como condicionante à habilitação para o exercício
da Medicina.
É óbvio que
apenas a aprovação em um “exame” não garante habilitação, mas a reprovação
identifica os insuficientes. O “exame de Ordem” pode não bastar para avaliar
todas as dimensões do candidato ao diploma de médico, mas é essencial. A
aprovação pode não ser suficiente, mas é absolutamente necessária.
É falacioso
afirmar que eventual reprovação penaliza o estudante, visto que o protege das
consequências da má prática.
Ser
contrário ao “exame de proficiência” é posicionamento que atenta à ética
médica, visto que relega para plano secundário a proteção do paciente, objeto
primordial atenção do médico.
A
responsabilidade pela avaliação tem de ser delegada a comissão isenta, em
processo transparente e tecnicamente qualificado. Faz-se imperativo evitar que
os mesmos organismos (públicos ou privados) que credenciam faculdades, as
mantém ou as operam, sejam os mesmos que elaborem ou apliquem as avaliações.
A
realização do “exame de conclusão” não elimina intervenções complementares,
quais o rigor na autorização para abertura de novas vagas, os testes de
progresso, a acreditação de escolas, mas sobretudo no encerramento de novas
vagas nas faculdades cujos alunos sejam reprovados.
Diz-se que
os exames de conclusão servirão aos interesses de “cursinhos preparatórios”.
Vejo que a procura por esses “cursinhos” se explica melhor pelas lacunas na
formação convencional que por um processo avaliatório subsequente. Afinal,
seria melhor deixar o egresso ignorante de aspectos essenciais da formação que
oferecer-lhe informação complementar? Se, na faculdade o aluno não encontra
quem lhe ensine, faz-lhe mal buscar conhecimento alhures?
Ou seriam
os “cursinhos” pré-vestibulares a causa das fraquezas do ensino
pré-universitário?
Defendo com
firmeza a qualidade do ensino em todos os seus níveis. Não vejo cursos
suplementares na origem dos problemas da educação brasileira, mas efeito
colateral da sua exploração criminosa.
Pesquisa
recente* revela que a sociedade brasileira espera que a aprovação em exame de
conclusão de curso seja obrigatória para o exercício da profissão.
Pensamos da
mesma forma.
Em prol da
saúde da população que assistimos e pela credibilidade da Medicina brasileira”.
José Luiz Gomes do Amaral - presidente da
Associação Paulista de Medicina
Nenhum comentário:
Postar um comentário