Os smartphones têm mudado dramaticamente a forma como
interagimos com o mundo real e o virtual, assim como os nossos comportamentos e
relacionamentos. A tecnologia, aliada à internet e aos smartphones, coloca o
mundo na palma da mão onde cada janela do celular tem o poder de nos
transportar para outras realidades. Embora seja fantástico, o efeito colateral
disso é que ao nos conectarmos ao aparelho, sem perceber nos desconectamos do
quê e de quem está à nossa volta!...
Uma pesquisa recente realizada pela Motorola em parceria
com a universidade de Harvard – da qual participaram 4 países, incluindo o
Brasil - revelou que 50% dos jovens consideram o celular o seu melhor amigo! As
pessoas estão cada vez mais dependentes do celular e perdendo a capacidade de
se relacionar ao vivo e a cores umas com as outras. Na vida virtual as
pessoas são sempre mais ricas, mais felizes, mais bonitas do que na vida
real... e têm um monte de amigos! Ironicamente, acessar redes sociais online
piora o nosso estado emocional e aumenta a sensação de isolamento quando não
estamos bem, dizem as pesquisas. Qual das vidas vale mais a pena ser vivida?
Vários estudos mostram a relação entre a utilização
excessiva de smartphones com menor sensação de bem-estar, mais estresse, mais
ansiedade e mais sintomas depressivos. Entre outros impactos, muitas horas
online diminuem o tempo offline disponível para atividades como esportes,
exercícios, leitura, interações sociais e familiares. Além disso, se conectar
ao celular a cada segundo em que não estamos “fazendo nada” não deixa espaço
para a autorreflexão, fundamental para descobrirmos quem somos e conhecermos as
nossas necessidades, angustias, desejos e sonhos.
As pessoas têm preferido cada
vez mais digitar a conversar e a falta interação e de conversas ao vivo
prejudica os relacionamentos, o bem-estar, a criatividade e a produtividade. As
famílias estão cada vez mais desconectadas: pais não conhecem os seus filhos e
ficam sabendo de suas vidas e humor pelas redes sociais; filhos se sentem
perdidos e solitários mas não pedem ajuda; casais se comunicam por mensagens e
pouco se olham ou conversam; embora no mesmo ambiente, cada um está conectado
ao seu aparelho tecnológico e desconectado das pessoas à sua volta!
Algumas pessoas checam e-mails e redes sociais obsessivamente e têm sintomas de
estresse e ansiedade elevada.
Está claro que o problema não é a tecnologia em si, mas a
forma como a utilizamos. Temos
que criar oportunidades de conversar, de tocar e ser tocado em um abraço, uma
palavra ou um simples olhar. Precisamos fazer um uso consciente da tecnologia e
ajudar crianças e jovens a se conectar com a vida real, se tornando capazes de
descobrir e viver os seus sabores e aprender a lidar com os dissabores e
frustrações. Como adultos, cabe a nós colocarmos as regras e limites e
principalmente sermos um exemplo positivo.
Como virar esse jogo?
A seguir 10 atitudes que têm funcionado para muita
gente e que podem funcionar para você e sua família também!
1.
Saia do automático! Fique atento e consciente
de quando e como você tem usado a internet e o celular.
2.
Quando estiver com alguém, dê atenção
prioritária a essa pessoa e “esqueça” o celular.
3.
Silencie grupos e aplicativos.
4.
Defina horários e locais “sagrados” na casa,
onde o celular é proibido.
5.
Quando receber visitas não dê a senha do
wi-fi e se for à casa de alguém, não peça!
6.
Se você tem filhos, reserve alguns minutos
diários para conversar e se aproximar de seu mundo. Vale fazer a brincadeira de
cada um contar os “altos” e os “baixos” do dia.
7.
Descubra e se envolva em atividades ou
hobbies que sejam prazerosos e que ofereçam oportunidades de estar em contato
com pessoas.
8.
Não troque atividades offline pela internet e
estimule os seus filhos a viver o mundo offline.
9.
“Desconfie” do que você vê ou lê na
internet e nas redes sociais. Lembre-se: as pessoas mostram o que querem, como
querem.
10.
Utilize as redes sociais como um dos meios
para estar em contato com as pessoas, não o único e muito menos o principal.
Rosalina Moura - psicóloga
especialista em terapia de casais e família e em gerenciamento do estresse. É
diretora da consultoria Rumo Saudável, palestrante e coach de bem-estar e de
vida.
facebook @rosalinamoura
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