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terça-feira, 29 de março de 2022

Obesidade no país cresce 82,2% em 14 anos . Brasil é o país que mais engordou na pandemia em todo mundo e doença se torna tema de saúde pública

 

  • Vista pela sociedade ainda como um problema individual e até estético, a doença, multifatorial e crônica avança em todas as faixas etárias. ­­­­­­­­­­­­­ 
  • 1 a cada 10 crianças de até 5 anos no Brasil está acima do peso[1]. 13,2% das crianças com idade de 5 a 9 anos estão com sobrepeso ou obesidade. Entre os adolescentes, a prevalência de obesidade é de cerca de 18%[2]. 
  • Segundo a OMS, 1 em cada 5 adultos no mundo terá obesidade em 2025 e por isso a organização fala em epidemia quando se refere à obesidade. O Brasil está entre os cinco países que respondem por dos casos de obesidade em adultos no mundo[3]. 21,5% dos brasileiros têm obesidade atualmente1. 
  • Mais idosos estão acima do peso no país. De 2006 a 2019 a prevalência de obesidade aumentou de 16,1% para 23%, representando elevação nos riscos de problemas como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto, além de limitar - ainda mais - a locomoção deste grupo[4]. 
  • A obesidade é uma questão de saúde. Individual e pública. O acúmulo excessivo de gordura corporal está associado com o aumento no risco de mais de 30 DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis), em maior ou menor grau[5]. 
  • Somente em 2019 o gasto direto com DCNTs no país atingiu R 6,8 bilhões. Estima-se que 22% desse valor (R 1,5 bilhão) podem ser atribuídos ao excesso de peso e à obesidade7. 
  • O mesmo estudo mostrou que foram 128,71 mil mortes, 495,99 mil hospitalizações e 31,72 milhões procedimentos ambulatoriais realizados pelo SUS, atribuíveis ao excesso de peso e obesidade7. 
  • Em 2020, mais de 2,3 bilhões de pessoas (30% da população mundial) não tiveram acesso à alimentação saudável[6].

 

O Brasil há alguns anos tem se destacado como um dos países com o crescimento mais acentuado da obesidade em sua população. Em 14 anos, de 2006 a 2020, a obesidade no país cresceu 82,2%[7]. País que mais engordou na pandemia em todo mundo[8], o Brasil está entre os cinco países que respondem por dos casos de obesidade em adultos no mundo[9] e 21,5% dos brasileiros têm obesidade atualmente1. Embora sempre em pauta, a pergunta que fica é? A obesidade tem sido abordada e enfrentada com a complexidade e abrangência que os dados apontam que ela demanda? 

Existe uma profusão de informações sobre o tema. Narrativas que vão desde questões comportamentais e estéticas até questões de saúde, bem-estar, científicas, fake news, mitos, sustentabilidade dos sistemas de saúde, e o que sobra é muita desinformação para quem precisa lidar com o assunto: a sociedade.

Multifatorial e crônica, a obesidade é uma doença que está presente em todas as faixas etárias. Tem correlação com questões genéticas, econômicas e comportamentais. E por ser metabólica atinge o corpo humano de forma sistêmica, ocasionando as DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) e aumentando o risco para uma série de doenças, levando os indivíduos a uma considerável redução de sua qualidade de vida. 

“Não se trata de falar de padrões e medidas. Estamos falando de saúde. Obesidade não tem a ver com formas e peso. Tem a ver com o metabolismo, com o funcionamento do corpo para que a pessoa viva com saúde. Temos que olhar questões como nutrição, colesterol, diabetes, a biomecânica das articulações”, introduz Maurício Azevedo, gerente médico da Johnson & Johnson Medtech. Azevedo é médico desde 2004, PHD em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e especializado em Nutrologia, também pela Santa Casa de SP.

 

Ganho médio de peso durante a pandemia foi de 6,5 kg 

Considerada uma das condições mundiais de saúde mais prevalentes e preocupantes, a obesidade cresceu durante a pandemia de Covid-19. De acordo com a pesquisa Diet & Healt Under Covid 19 realizada pela Ipsos2 com respondentes de 30 nações em todo o mundo, os brasileiros foram os que mais engordaram. 52% declararam ter aumentado de peso desde o início da disseminação da Covid-19 no país. Na média global, 31% dos entrevistados engordaram durante o período. “Este estudo revelou que além de sermos o país que mais engordou no mundo, este número está bem acima da média mundial, o que é preocupante”, analisa o Dr. Maurício Azevedo. 

Na pesquisa, os entrevistados do Brasil declararam terem engordado em média 6,5 kg.

 

Aumento de peso nas capitais

Segundo dados do Vigitel 20201 em todas as capitais brasileiras, a frequência de adultos obesos foi de 21,5%, dado semelhante entre as mulheres (22,6%) e os homens (20,3%). A obesidade aumentou entre homens com idade até os 64 anos e entre mulheres até os 54. O levantamento foi realizado nas capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, contando com a participação de adultos acima de 18 anos. 

A frequência de adultos com excesso de peso variou entre 51,3%, em São Luís, e 62,7% em Cuiabá.

Entre homens, as maiores frequências no aumento de peso foram observadas, em Cuiabá (68,6%), Maceió (65,7%) e Porto Velho (64,6%); e, entre mulheres, no Rio de Janeiro e em São Paulo (60,1%), Recife (59%) e Fortaleza (58%). Já as menores frequências de excesso de peso, entre homens, ocorreram em Salvador (54%), São Luís (54,2%) e Curitiba (54,6%); e, entre mulheres, em Palmas (46,7%), Goiânia (47,7%) e São Luís (49%).

O IEPS[10] (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), divulgou em nota técnica a seguinte análise sobre os dados do Vigitel 2020: “As tendências de obesidade chamam atenção, especialmente porque, até 2011, nenhuma capital tinha uma prevalência de obesidade acima de 20%, enquanto em 2020 o Vigitel levantou 16 capitais acima dessa marca”. O estudo apontou ainda uma correlação socioeconômica para os dados. “Há uma associação entre nível de escolaridade e a prevalência de doenças, fatores e comportamentos de risco. O percentual de diabéticos e hipertensos entre os menos escolarizados (até 8 anos de estudo) é quase três vezes maior que o percentual do grupo mais escolarizado, com 12 anos de estudo ou mais.”

 

Mudança de hábitos e comportamentos

Na pesquisa da Ipsos, 29% dos brasileiros relataram uma diminuição na prática de exercícios físicos durante a pandemia, enquanto 23% disseram que estão se exercitando mais. Em relação a hábitos de consumo, 14% afirmaram estar bebendo mais, e 11% estão bebendo menos; 3% largaram o cigarro, 2% adquiriram o hábito de fumar. 

Durante a pandemia, as academias foram fechadas e as atividades físicas, reduzidas. Muitas pessoas passaram a trabalhar em casa e não se movimentavam tanto quanto antes. Combinado a tudo isso, a dieta mudou: come-se mais e de forma menos saudável. 

“O excesso de peso e a obesidade vêm aumentando no mundo não só por causas individuais. As causas populacionais da obesidade vêm mudando e estão acelerando seu crescimento de forma considerável. Como apontou o estudo coordenado pelo Dr. Leandro Fornéas Machado de Rezende da UNIFESP, as causas populacionais que ocorreram a partir dos anos 70 e 80, leia-se a combinação de mudanças no processamento dos alimentos, no marketing, nas leis agrícolas, entre outros pontos estruturais, influenciaram muito a forma como as pessoas se alimentam hoje e isso está impactando consideravelmente o quadro que temos da obesidade hoje no Brasil”, explica o Dr. Maurício Azevedo.

 

Movimento “Obesidade, Precisamos Conversar” 

O movimento “Obesidade, Precisamos Conversar” é uma iniciativa da Johnson & Johnson Medtech que propõe a abertura do diálogo sobre a obesidade. Busca romper os preconceitos e a discriminação com informação de qualidade, fatos e dados, além de conscientizar a população sobre a complexidade da obesidade, as formas de tratamento e seus benefícios para a saúde. 

O movimento busca conexão com o público-alvo, mas também o engajamento da sociedade. Traz para o debate a jornada real (visível e invisível) das pessoas com obesidade e sobrepeso. Aborda os desafios vivenciados, muitas vezes, de forma solitária, tratando os temas de maneira leve e empática. 

Esse movimento também visa o empoderamento, por meio do conceito "Decido por mim", porque todo mundo tem o direito a informações de qualidade, que capacitam à tomada das melhores decisões para a saúde e o bem-estar. 

“Nós, como médicos, temos essa missão de fazer chegar às pessoas essas mensagens. Temos que esclarecer as dúvidas, transmitir conteúdo de qualidade, oferecer atualizações, informar as famílias desde cedo”, finaliza o Dr. Maurício Azevedo.



 Johnson & Johnson MedTech

 

[1] Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI -- 2019), Consulta em 16/03/2022

[2] SISVAN 2019. Consulta em 16/03/2022.

[3] All countries significantly off track to meet 2025 WHO targets on Obesity. Consulta em: 16/03/2022.

[4] UFMG. Consulta em: 16/03/2022

[5] A Epidemia de Obesidade e as DCNT -- Causas, custos e sobrecarga no SUS. Consulta em 16/03/ 2022.

[6] SOFI 2021, UN. Consulta em 16/03/2022

[7] Vigitel 2020, DataSUS 2020.Consulta em 16/03/2022.

[8] Diet & Health Under Covid-19, Ipsos. Consulta em 16/03/2022.

[9] All countries significantly off track to meet 2025 WHO targets on Obesity. Consulta em: 16/03/2022.

[10] IEPS 2022, Nota Técnica 25. Consulta em: 16/03/2022


Diabéticos contarão com medicamento, antes apenas injetável, agora em versão oral

No primeiro semestre de 2022, as injeções do hormônio GLP-1 (Glucagon life-peptide-1) -- produzido naturalmente pelas células intestinais e indicadas para o tratamento da diabetes do tipo 2 -- começará a ser comercializado no Brasil, em forma de comprimidos

 

As injeções subcutâneas de um hormônio que simula a ação do GLP-1, produzido naturalmente no intestino humano, ganharam holofotes pelo sucesso no tratamento do diabetes tipo 2. Agora, sua versão em comprimidos orais vai tornar ainda mais fácil o acesso à medicação. Basta tomar a semaglutida, em jejum, com 120 ml de água, ao menos 30 min antes de tomar o café da manhã. 

“Quando começamos a utilizar esses medicamentos, o paciente tinha que aplicar a injeção duas vezes por dia. Depois, a tecnologia farmacológica evoluiu para aplicações apenas uma vez ao dia e, depois, uma vez por semana apenas”, conta a endocrinologista e metabologista pela USP Dra. Paula Pires. 

Há alguns anos, os médicos prescrevem medicamentos injetáveis para tratamento do diabetes. Essas injeções são inovadoras, pois, por aumentar os níveis desse hormônio no sangue, ajudam o corpo a metabolizar melhor os níveis de açúcar e, também, por atuar diminuindo o apetite. Por isso, tornam-se um auxiliador no processo de emagrecimento, tão necessário entre pacientes que possuem diabetes tipo 2. 

“Estudos recentes descobriram também que essa medicação pode proteger o coração dos diabéticos, o que é superimportante, visto que a maior causa de morte nesses pacientes são as doenças cardíacas”, revela a médica. Traz também benefícios para os rins, sendo indicados principalmente para pacientes com sobrepeso, pois regulam a liberação de insulina e glucagon (responsáveis pela modulação dos níveis de glicose) no pâncreas; além de melhorar a saciedade e reduzir a fome. 

Além disso, esse remédio tem o efeito de retardar o esvaziamento gástrico e inibir o apetite a nível hipotalâmico o que leva a uma maior saciedade e menos fome após as refeições. “Existem vários estudos científicos comprovando a sua eficácia em pacientes obesos e os resultados são muito animadores”, comemora a endocrinologista. 

“Como diabetes é uma doença crônica que demanda um tratamento para o resto da vida, ter opções que ajudem o paciente a aderir melhor ao tratamento é uma evolução médica muito importante. E o melhor tratamento médico será sempre aquele que o paciente consegue seguir a longo prazo”, confirma Dra. Paula Pires. Assim o diabético, agora, terá a opção de escolher entre o injetável ou oral, adotando a que melhor se acomoda com seu perfil. 

Nenhuma medicação deve ser indicada para qualquer paciente sem uma avaliação prévia porque existem perfis de pacientes que respondem melhor a uma determinada medicação do que a outra. E isso só pode ser determinado após uma consulta médica completa. 

Um exemplo são os pacientes com quadros de compulsão alimentar ou comer emocional que não se beneficiam tanto do uso da medicação, pois esses pacientes comem mesmo sem fome. “Nesses casos, é importante tratar junto o componente emocional da fome também com equipe multidisciplinar. Por isso, nenhuma dessas medicações devem ser prescritas sem avaliação médica especializada”, detalha a médica.

 

Desconfortos e contraindicações 

Náusea, presente em até 30% dos pacientes, é o efeito mais comum, sendo geralmente transitório. Além disto, pode haver vômitos e piora da doença do refluxo gastroesofágico, dor abdominal, diarreia, cefaleia e existem alguns casos descritos de pancreatite

O remédio, como coadjuvante na perda de peso, se bem indicado, respeitando a individualidade dos pacientes, as contraindicações e os efeitos colaterais, pode ser uma ótima estratégia para auxiliar o paciente obeso em todo o processo de mudança de estilo de vida (que muitas vezes não é fácil: um paciente engajado em um programa de perda de peso tem três vezes mais chance de atingir um resultado significativo com o remédio do que sem ele, e mais de 80% dos pacientes obesos, mesmo que altamente motivados, falham em conseguir perder peso apenas com atividade física, dieta e modificações do estilo de vida. Isso pode modificar a vida de muitas pessoas). 

A médica lembra que nenhum remédio é capaz de consertar um estilo de vida ruim. O tratamento farmacológico não substitui as estratégias dietéticas e comportamentais, apenas as complementam para aumentam a taxa de resposta! 

Para finalizar, Dra. Paula recorda que não se deve fazer o uso da automedicação e que estas medicações devem ser utilizadas apenas com prescrição do seu médico de confiança. “A resposta às medicações é individual. E o que funciona para uma pessoa pode não ser a melhor escolha para a outra! Por isso, fuja das fórmulas e de tratamento feito por profissionais não especialistas no assunto e que prometem milagres! Isso não existe!”, finaliza.

 

 

Dra Paula Pires -- endocrinologista e clínica geral formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

@drapaulapires


ALOPECIA AREATA

Conhecida popularmente como “pelada”, é uma condição caracterizada por perda de cabelo ou de pelos em áreas arredondadas ou ovais do couro cabeludo ou em outras partes do corpo (cílios, sobrancelhas e barba, por exemplo). Acomete de 1% a 2% da população, afeta ambos os sexos, todas as etnias e pode surgir em qualquer idade, embora em 60% dos casos seus portadores tenham menos de 20 anos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Alopecia areata é uma doença inflamatória que provoca queda de cabelo.  Sua característica é ser progressiva resultando frequentemente em falhas circulares sem pelos ou cabelos. A extensão dessa perda varia, sendo que, em alguns casos, poucas regiões são afetadas. Em outros, a perda de cabelo pode ser maior. Há casos raros de alopecia areata total, nos quais o paciente perde todo o cabelo da cabeça; ou alopecia areata universal, na qual caem os pelos de todo o corpo. A alopecia areata não é contagiosa.

Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro. A evolução da alopecia areata é imprevisível. 

O cabelo sempre pode crescer novamente, mesmo que haja perda total. Isto ocorre porque a doença não destrói os folículos pilosos, apenas os mantêm inativos pela inflamação. Entretanto, novos surtos podem ocorrer. Cada caso é único. Estudos sugerem que cerca de 5% dos pacientes perdem todos os pelos do corpo.

Entre as possíveis causas do distúrbio, estão fatores genéticos (quando há outras pessoas na família com o problema), imunológicos (fatores genéticos interagem com fatores ambientais, como o estresse ou a presença de micro-organismos, para disparar uma resposta imunológica que lesa o folículo piloso).

Em alguns casos, a alopecia areata pode estar associada a enfermidades de natureza imunológica, como tireoidites, diabetes, lúpus, vitiligo, rinites e a outras condições alérgicas.

 

Como fazer o diagnóstico da doença?

Além da boa anamnese e do exame clínico, para o profissional tricologista médico, existe ainda mais uma alternativa diagnóstica muito valiosa: a biópsia. Na suspeita de alopecia cicatricial, o exame anátomo patológico é imperativo para avaliar o tipo de infiltrado inflamatório que está destruindo o folículo. Nos casos suspeitos de Alopecia Areata, o material deve ser coletado em áreas com folículos presentes, preferencialmente na borda das lesões.

Outro exame que auxilia muito no diagnóstico diferencial das alopecias é o exame de tricoscopia. É uma técnica simples de consultório que pode ser realizada com dermatoscópio manual ou sistema digital de videodermatoscopia.  Baseia-se na análise das estruturas como hastes capilares, orifícios dos folículos pilosos (pontos), epiderme perifolicular, vasos sanguíneos que podem ser visualizadas com o dermatoscópio que faz um aumento de 10 a 20 vezes o tamanho da lesão.

 

Tratamento da alopecia areata

Diversos tratamentos estão disponíveis para este tipo de alopecia. Medicamentos tópicos como Minoxidil, corticoides e antralina podem ser associados a tratamentos mais agressivos como sensibilizantes (difenciprona) ou metotrexate.

No caso de pequenas áreas de alopecia normalmente são injetados corticoides em consultório médico, além da orientação do uso de Minoxidil diariamente pelo paciente. No caso de áreas maiores, pode-se aplicar corticoides no couro cabeludo além de serem usados por via oral.

Outros tratamentos para alopecia areata envolvem aplicação de produtos químicos, como antralina, difenilciclopropenona ou dibutilester do ácido esquárico ao couro cabeludo para induzir uma leve reação irritante ou leve reação alérgica que, às vezes, promove o crescimento capilar. Esses tratamentos são em geral administrados a pessoas que apresentam perda de cabelo amplamente disseminada e que não tenham sido beneficiadas por outros tratamentos.

Para casos mais graves, as pessoas podem receber metotrexato administrado por via oral. Esse medicamento pode ser combinado com corticoides tomados por via oral. Os medicamentos chamados inibidores da janus quinase (JAK), que são usados no tratamento de outros distúrbios autoimunes e do sangue, podem ser úteis no tratamento de alopecia areata. A opção deve ser realizada pelo dermatologista em conjunto com o paciente.

Os tratamentos visam controlar a doença, reduzir as falhas e evitar que novas surjam. Eles estimulam o folículo a produzir cabelo novamente, e precisam continuar até que a doença desapareça.

 

Dra. Simone Neri - dermatologista



O labirinto de quem convive com a neuromielite óptica

 

Certa vez me perguntaram: “como é ter uma doença autoimune como a sua?”. Confesso que um filme passou pela minha cabeça. Os sentimentos se misturavam e muitas emoções surgiram. As lembranças vieram por meio de várias cenas: os primeiros sintomas, as dores, muitos e muitos exames, o diagnóstico, os medos, as sequelas, as dificuldades da adaptação, os possíveis tratamentos, o desconhecido. Agora eu tinha um novo “normal”. E uma simples pergunta abriu um labirinto na minha mente com inúmeros corredores que, muitas vezes, davam em caminhos sem saída.

Quem já se aventurou em um labirinto sabe da ansiedade inicial que toma conta. Um misto de animação com a vontade de vencer e de não se dar por vencido. À medida que percorremos o caminho aparecem as dificuldades. A mente dá um nó e você se confunde se questionando se já passou ou não por aquele corredor. A angústia vem. A fragilidade também. A dúvida faz a gente parar e avaliar as possíveis rotas. Qual o melhor lado? Para onde ir agora? O que fazer? A intuição e a coragem aparecem com respostas rápidas e você pensa: “não dá pra voltar porque eu nem sei o caminho de volta. É preciso seguir”.

E foi assim que eu respondi como é ter uma doença autoimune rara: “é difícil, tem dias bons e ruins, mas principalmente é cansativo pelas lutas que precisamos travar”. Penso que essas lutas são de uma vida toda, pois a cada momento algo diferente nos pega e nos revira. É preciso ter calma e perseverar. Enfim, se a ideia é viver bem e com saúde, a luta vai com a gente até o fim. É assim com todos os inúmeros corredores desse labirinto chamado vida, mas para quem tem uma doença autoimune o labirinto apresenta outras emoções.

O labirinto de uma pessoa com Neuromielite Óptica tem nuances que mudam com o tempo. As paredes (ou dificuldades) não são estáticas, elas se moldam, apresentam novos desafios e a gente precisa se adaptar muitas vezes. Como se o labirinto tivesse vida própria e essa se torna uma boa explicação para uma doença autoimune. É como se você estivesse caminhando, seguindo bem sua vida, com os altos e baixos que ela tem, mas aí algo novo surge abrindo mil corredores novos para você passar. Alguns são escuros, outros estreitos, outros que você não consegue avistar o fim. A realidade de uma pessoa que convive com doença autoimune é assim. Nós não sabemos o que virá no dia seguinte. As crises ou surtos, como são chamadas as manifestações da NMO, vem de repente, de surpresa mesmo, mudando todo o curso do caminho que estávamos fazendo.

Quando penso nos corredores sem saída, me vem à mente um corredor que talvez seja um dos mais sofridos: o de um paciente sem acesso ao tratamento. É como conviver com um problema sem solução, sem perspectiva. É viver a angústia de não saber se irá melhorar ou piorar. Nós vivemos um momento em que nunca se valorizou tanto estudos e evidências científicas, nunca na história foi colocado tanto a prova como as medicações são necessárias e fazem a diferença.

No caso das doenças raras faltam medicações específicas, estudos e apoio governamental. Hoje, no nosso país, ainda não temos um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para NMO. Isso significa que a maioria dos pacientes tem acesso às medicações por meio de “mentiras”. Os médicos precisam dizer que temos esclerose múltipla ou outra doença para nos enquadrar no sistema e termos acesso ao pouco de tratamento disponibilizado. A sensação que temos é que não existimos. Falta alguém que nos enxergue em nossa totalidade. O direito a um PCDT é apenas o início da nossa luta. Um papel timbrado, assinado e publicado que diga o caminho a seguir nesse labirinto escuro da vida de uma pessoa com NMO. Afinal, ter um tratamento para uma doença é a chance de viver com mais possibilidades e poder, assim, caminhar com mais segurança e dignidade.

  

Marcela Borges Mustefaga


Especialista explica como travesseiros e colchões podem desencadear alergias

Alergista explica como travesseiros e colchões podem ser inimigos de quem tem algum tipo de alergia


Todos os dias você afofa os travesseiros, estica as cobertas e se prepara para uma noite de sono tranquila e reparadora, certo? Errado! Para quem tem alergia, a cama pode ser um dos piores locais da casa e a noite, uma hora de pesadelo e crises de espirros.

“Travesseiros e colchões juntam suor, saliva, células mortas da pele e essas substâncias alimentam os ácaros que acabam penetrando no tecido”, conta a Dra. Brianna Nicoletti, alergista e imunologista pela USP, “com o tempo, eles acabam morrendo, mas a proteína alergênica que carregam permanece dentro dos travesseiros e colchões onde respiramos diretamente por 8 horas (na média) por dia”.

Parece assustador? Pois aí está a importância da higienização e da troca do colchão e do travesseiro de tempos em tempos.

Segundo Dra. Brianna, os travesseiros devem ser trocados a cada dois anos, mesmo se forem higienizados a cada seis meses ou se usar algum tipo de protetor específico. “É que depois desse tempo, 30% do peso do produto, independentemente do seu estado, é composto por excrementos e restos de ácaros”, conta.

Apesar de serem feitos para durar até 10 anos, a recomendação é que a troca do colchão seja feita entre 5 e 7 anos. E o uso “inadequado” pode encurtar esse prazo. Com o mau uso, a alergia cita dormir em um colchão que não oferece sustentação suficiente ou não fazer uma boa higienização nem o giro regular.

Colocar travesseiros e colchões ao sol de vez em quando também ajuda a eliminar os ácaros, mas segundo a médica, não elimina a proteína que causa a alergia. O ideal, para os travesseiros, é uma lavagem completa -- que pode ser feita em casa ou em lavanderia -- e, para o colchão, o uso de capas protetoras, além do giro da peça.

  

Dra. Brianna Nicollei - Alergista e Imunologista pela USP.


Estudo aponta alterações genéticas que estão associadas com risco de aborto espontâneo

Uma nova pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, da Nature, aponta que alterações em dois genes podem estar associadas a perdas antes de três meses de gestação. Cientistas apostam que a descoberta possa ajudar casais com histórico de perdas gestacionais precoces


Alterações em dis genes podem estar associadas a casos de aborto espontâneo, aqueles que ocorrem em até três meses de gestação. Os autores, dentre eles pesquisadores da Igenomix Foundation, na Itália, acreditam que a descoberta possa ajudar casais que sofrem repetidamente de perdas fetais e não teriam outra explicação para este fenômeno. O trabalho está publicado na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

Os indivíduos saudáveis apresentam 46 cromossomos. Esta condição pode ser alterada quando há aneuploidias (aumento ou diminuição do número de cromossomos). Dependendo do tipo de aneuploidia cromossômica, o bebê pode nascer com síndrome de Down ou trissomia 21, síndrome de Turner, síndrome de Klinefelter, dentre outras. As alterações cromossômicas são a causa de 50% a 70% das perdas gestacionais. 

Por sua vez, conforme aponta o estudo, há casos em que o aborto espontâneo ocorre em mulheres saudáveis com embriões euploides (com os 23 cromossomos herdados da mãe e 23 do pai, o que caracterizaria como um embrião euploide, portanto, cromossomicamente saudável). Algumas dessas razões podem ser alterações hormonais e infecções bacterianas ou virais. No entanto, outra explicação diz respeito a casos em que ocorre uma alteração no gene, não no cromossomo —e foi justamente esse o ponto investigado pela pesquisa e que permitiu associar as alterações genéticas nos genes STAG2 e TLE4 com maior risco de perda gestacional precoce.

“A partir dos resultados preliminares apresentados, a indicação é que esses genes possam ser usados para testar a predisposição genética para abortos em pais que planejam uma gestação, principalmente para os pacientes com histórico de abortos recorrentes. São informações que podem ser relevantes para aconselhamento genético e gerenciamento de risco, podendo assim ajudar casais com histórico de perdas gestacionais precoces”, ressalta Taccyanna Mikulski Ali, bióloga molecular e coordenadora de análises de pré-natal da Igenomix Brasil.

Como o estudo foi realizado - Foi sequenciado o genoma de 46 embriões euploides abortados de mães adultas saudáveis para entender a suscetibilidade genética ao aborto não causado por aneuploidias cromossômicas. Para tanto, a análise contemplou 439 variantes únicas em 399 genes, incluindo genes conhecidos por estarem associados a perdas espontâneas. Entre os genes priorizados nas análises, foram encontrados o STAG2 e o TLE4. O STAG2 tem a função de codificar a subunidade do complexo coesina (quando inativada, a coesina se mostrou letal em camundongos). Já o TLE4 interage fisicamente com uma região do cromossomo 9, associada a abortos espontâneos.

Metodologia mais ampla - Os abortos são estudados, principalmente, usando informações genéticas parentais e em uma resolução que deixa de explorar uma parte significativa do genoma. A principal técnica é a hibridação genômica comparativa, que detecta variantes de vários milhares de pares de bases. Também se faz o sequenciamento direcionado, que aponta mutações pontuais. Ambos são atualmente os métodos mais precisos para a análise genética do DNA parental de perdas espontâneas, mas não são sensíveis a pequenas variantes ou visam apenas algumas regiões codificantes.

Usando uma abordagem diferente, o único estudo até agora que testa a associação genética em todo o genoma em uma grande coorte de abortos também é baseado em informações maternas. Porém, dependendo do modo de herança, o estudo do genoma parental pode ser ineficaz, pois há incerteza sobre quais partes dos genomas parentais são realmente herdadas pelo embrião e não fornece nenhuma maneira de identificar as mutações não herdadas. “Portanto, analisar o genoma fetal é o próximo passo necessário para entender completamente a genética dos abortos espontâneos. Este é o principal diferencial deste estudo, que contou com participação da Igenomix Itália”, ressalta Taccyanna.

Perfil dos embriões e gestantes incluídos no estudo – Na amostra, a idade gestacional dos embriões ao término da gestação, calculada como o intervalo entre a data da interrupção da gestação e a data da última menstruação, variou de 7,14 a 19,43 semanas. Entre os 46 embriões, 21 foram classificados como casos de abortos recorrentes. As pacientes que tiveram as perdas incluídas no estudo são em sua maioria de origem europeia (87%) e a idade mediana na data da coleta foi de 36,7 anos, com idade ligeiramente maior nos casos recorrentes em comparação com os primeiros. Os prontuários das pacientes não relataram comorbidades importantes. O ácido fólico foi utilizado por 71% das mães, sem diferença entre os casos iniciais e recorrentes. A mediana do índice de massa corporal e da idade da menarca (primeira menstruação) são comparáveis entre os primeiros casos e os casos recorrentes, bem como comparáveis a um grupo de mulheres controle. Ao todo, a partir dos registros médicos disponíveis, os autores observam que as mães dos embriões estavam na faixa de indivíduos adultos saudáveis. 

Os próximos passos deste estudo multicêntrico – Segundo os autores, dentre eles Antônio Capalbo, diretor de Laboratório e de Projetos de Pesquisa e Adriano De Marino, pesquisador sênior, ambos da Igenomix Itália, o diferencial deste trabalho é ser uma exploração sistemática do genoma, que combina o conhecimento prévio com a priorização livre de hipóteses, tornando-o robusto não apenas para a descoberta de mutações em genes sabidamente associados ao aborto, mas também na identificação de novos genes. As possíveis estratégias para acompanhar e validar os resultados relatados, concluem os autores, será a replicação em uma coorte diferente e maior, assim como a realização de ensaios experimentais sobre propriedades moleculares e celulares dos genes.

 

 Igenomix – A Igenomix é um laboratório de biotecnologia que ajuda no sucesso dos tratamentos de Reprodução Assistida, diagnóstico e prevenção de Doenças Genéticas.  


Referência do estudo

Buonaiuto S, Biase ID, Aleotti V, Ravaei A, Marino A, Damaggio G, Chierici M, Pulijala M, D'Ambrosio P, Esposito G, Ayub Q, Furlanello C, Greco P, Capalbo A, Rubini M, Biase SD, Colonna V. Prioritization of putatively detrimental variants in euploid miscarriages. Sci Rep. 2022 Feb 7;12(1):1997. 


IMPACTO DA COVID-19

 Pandemia trouxe prejuízo para a atenção à saúde ocular de crianças e adolescentes, aponta Conselho Brasileiro de Oftalmologia

 

Com a pandemia de covid-19, a saúde ocular das crianças e adolescentes brasileiros ficou mais vulnerável. A dificuldade de acesso a consultas e exames oftalmológicos na rede pública e o receio de pais e responsáveis de levar seus filhos aos ambulatórios por conta de risco de contaminação com o coronavírus causaram uma queda significativa no número de ações preventivas nesta área. Esta realidade surge em levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP). 

Os números mostram, por exemplo, que, em 2019, o Sudeste - a região que mais realizou exames oftalmológicos em crianças e adolescentes, na faixa etária de 0 a 19 anos, com um total de 560.360 procedimentos -- teve no ano seguinte (2020) uma queda de 34% no seu volume de procedimentos desse tipo (369.222 exames). No Nordeste, a perda foi ainda maior neste mesmo intervalo: redução de 45% entre o volume realizado em 2019 (total de 362.661 exames) e o em 2020 (199.426). 

Diante deste cenário, o CBO alerta para a importância de se recuperar o terreno perdido durante a pandemia. “O começo do ano é um período marcado pela motivação para resolver pendências, e as consultas oftalmológicas podem fazer parte disso. Esse é um momento oportuno para pais e responsáveis levarem suas crianças e adolescentes ao oftalmologista. Revisar a saúde ocular é fundamental para garantir um bom rendimento escolar, prevenir o surgimento de problemas na visão e evitar o agravamento de quadros clínicos já existentes”, ressalta o presidente do Conselho, Cristiano Caixeta Umbelino. 

Segundo ele, os professores podem ser grandes parceiros no monitoramento da saúde ocular das crianças. “Muitas vezes os professores podem perceber sinais que só se manifestam dentro da sala de aula. Querer se aproximar muito da lousa, virar a cabeça para tentar ver melhor ou mesmo a dificuldade de aprendizagem, podem representar indicativos de doenças oftalmológicas, como miopia hipermetropia ou astigmatismo”, alertou.
 

Consultas oftalmológicas - O estudo elaborado a partir da base de dados do Ministério da Saúde indica a redução de 43% no total de consultas oftalmológicas realizadas com o público de 0 a 19 anos, entre 2019 e 2020. Para a mesma faixa etária, o número de exames com finalidade diagnóstica teve redução de 36%. Para especialistas, a não realização destes procedimentos pode implicar em diagnósticos tardios, demora no início de tratamentos, redução de chances de cura e/ou recuperação e subnotificação. 

“Crianças e adolescentes que usam óculos, e retornavam periodicamente para a renovação do exame oftalmológico, deixaram de ter esse cuidado nesse período. Isso é preocupante, já que excesso no uso de eletrônicos, comum durante o isolamento social, aumenta a progressão ou riscos de surgimento de doenças comuns nesse público, como a miopia”, relata a presidente da SBOP, Luísa Hopker. 

Apesar de uma tendência de retomada do ritmo de atendimentos para esse público, em 2021, os dados analisados mostram que ainda não foi o suficiente para se chegar ao mesmo desempenho registrado no período pré pandemia. Na série histórica de 2012 a 2021, o ano de 2019 foi o que registrou maior número de consultas com oftalmologistas na faixa etária entre 0 e 19 anos. Foram mais de 2 milhões de procedimentos deste tipo (confira dados abaixo). 

De todas as consultas oftalmológicas realizadas entre janeiro de 2012 e novembro de 2021 para a população de até 19 anos, cerca de 40% foram com crianças de menos de um ano. Esse percentual corresponde a 6.365.393 idas aos consultórios de oftalmologia. Já a faixa de 1 a 4 anos é que menos atendimento do tipo no período, somando 1.348.895, o que representa apenas 9% do total. 

Em 2020, todas as faixas etárias tiveram redução no número de consultas. A queda foi de, no mínimo, 40%, sendo que a maior queda foi observada no seguimento que cobre de cinco a nove anos (49%). Já em 2021, os dados computados de janeiro a novembro indicam um aumento no número de consultas oftalmológicas em 20%, em relação ao ano anterior, contudo ainda aquém de 2019. 

A faixa etária que registrou a melhor performance foi a das crianças menores de um ano (28%). No período, o pior desempenho ficou no grupo de 5 a 9 anos, com apenas 10% de crescimento. As demais faixas registraram um aumento entre 12 e 17%, em relação a 2020, mas ainda são em média 36% menores do que a produção de 2019. 

Não foi possível fazer uma análise detalhada sobre a distribuição geográfica das consultas. Apesar dos dados apontarem uma queda significativa no período, as informações disponíveis não permitem identificar as variações por estado com exatidão. Nos registros da produção ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SUS), 87% das visitas de crianças e adolescente ao oftalmologista, estão sem informações sobre o local onde foram realizados.
 

Exames de diagnóstico - Com relação ao número de exames, ou seja, procedimentos com fins diagnósticos, o levantamento também aponta queda durante os anos analisados. Em 2020, houve redução de 36% de procedimentos realizados por pacientes com até 19 anos. O decréscimo que ocorreu em todas as faixas etárias é ainda mais acentuado na que corresponde ao intervalo de 5 a 9 anos, com baixa de 42% (verificar tabela abaixo). 

São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco são os estados que registraram os maiores números de exames oftalmológicos no Brasil, entre 2012 e 2021, na faixa de 0 a 19 anos. Esses três estados, juntos, representam 49% dos procedimentos realizados em todo o país. Para o mesmo grupo, o Amapá, Acre e Rondônia são os estados que menos realizaram exames oftalmológicos no período, somando, respectivamente, 4.481, 9.363 e 23.651. 

Os dados apontam que 38% de todos os exames foram realizados na região Sudeste do Brasil, somando 3.356.380. A região Norte, em contrapartida, somou 506.427 exames oftalmológicos em crianças adolescentes entre 2012 e 2021, o que representa 6% do total observado nesse intervalo. 

A leitura dos dados mostra também que o grupo etário que realizou o maior número de procedimentos oftalmológicos, entre 2012 e 2021, foi o que corresponde aos adolescentes de 15 e 19 anos. Eles respondem por 30% de todos os exames oferecidos ao público infanto-juvenil. Na sequência, vem a faixa de 10 a 14 anos, com 29%. Por outro lado, crianças com menos de um ano respondem por apenas 7% do total de procedimentos realizados. 

O estudo também relacionou quais os principais exames realizados por crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos. Do total de serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 37% eram de tonometria, somando 3.338.234 registros entre 2012 e 2021. Na segunda posição, vem mapeamento de retina, com 2.659.288. Juntos, eles representam 67% de todos os exames realizados, conforme demonstra a série histórica (ver tabela abaixo). 

Para Luísa Hopker, a queda no número de consultas e exames oftalmológicos no público infantojuvenil é preocupante. “A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica orienta que o cuidado com a saúde ocular deve ser periódico e permanente. Em crianças saudáveis, deve ser feito pelo menos um exame no período de 6 a 12 meses, outro aos 3 anos e a acuidade visual, ou seja, a clareza e nitidez da visão das crianças, deve ser verificada anualmente”, ressaltou.

 

Teste do Olhinho -- O cuidado com a saúde das crianças começa logo nas primeiras horas após o nascimento. Também conhecido como “Teste do reflexo vermelho”, esse procedimento de triagem é realizado pelo pediatra nas primeiras 72 horas de vida. O exame pode identificar doenças que levam a deficiências visuais graves, como a catarata e glaucoma congênitos. 

Outras alterações no aparelho de visão podem precipitar o diagnóstico de doenças mais graves, como o retinoblastoma, tipo raro de tumor intraocular que acomete crianças. O teste do olhinho é realizado pelo pediatra e, notada qualquer alteração, a criança deve ser encaminhada, em até 30 dias, para uma consulta oftalmológica completa. O procedimento deve ser repetido 3 vezes ao ano, nos 3 primeiros anos de vida. 

“O diagnóstico de qualquer alteração oftalmológica nos primeiros anos de vida permite que o tratamento seja precoce, aumentando as possibilidades de um melhor desenvolvimento visual na vida adulta”, alerta Luísa.


70% das brasileiras acham que é mais difícil ser mãe após os 40 anos, diz estudo

Principalmente as mulheres dos 25 aos 29 anos, com 74% das participantes. 

 

Há que se considerar vários elementos de risco quando se fala em uma gravidez tardia. Baixo peso do feto, prematuridade, diabetes gestacional, cromossomopatias (ou seja, as alterações dos cromossomos, que podem causar defeitos congênitos) e pré-eclâmpsia são alguns deles. Além disso, é preciso ter em mente que a decisão de começar uma família após os 40 anos vem acompanhada de um grande número de oportunidades, mas também de desafios. 

E conforme observou a Famivita em seu mais recente estudo, 70% das brasileiras acham mais difícil ser mãe após os 40 anos. Principalmente as mulheres dos 25 aos 29 anos, com 74% das participantes, e as dos 30 aos 34 anos, com 73% delas. Já entre os homens, 38% acreditam que não é mais difícil para a mulher ser mãe após os 40 anos.

O Distrito Federal é o estado em que mais mulheres acham difícil ser mãe após os 40 anos, com 81% das entrevistadas. Em Minas Gerais e no Espírito Santo, 74% e 73%, respectivamente, acreditam ser mais difícil. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, 70% e 68%, respectivamente, confirmaram o fato. E Santa Catarina é um dos estados em que mais mulheres acham difícil ser mãe após os 40 anos, com 64% das participantes. 

Ainda, nosso estudo demonstrou que somente 26% das brasileiras conseguem se imaginar tendo filhos após os 40 anos. Porém, entre as mulheres dos 40 aos 44 anos, 69% delas conseguem imaginar ter filhos nesta idade. Ainda, entre as mulheres dos 35 aos 39 anos, 45% das entrevistadas relataram que imaginam ter filhos após os 40 anos.

Para as mulheres que desejam engravidar após os 40 anos, hoje existe um verdadeiro “arsenal” que pode facilitar uma gestação. São ferramentas capazes de auxiliar realmente a fertilidade do casal, a exemplo de vitaminas, gel específico para engravidar, testes de ovulação e teste de fertilidade masculina, entre outros itens úteis para aumentar a segurança da reprodução.


Dermatologistas lançam guia para esclarecer à população sobre relação entre covid-19 e manifestações cutâneas

Para ajudar a população a entender de forma didática e simplificada como o vírus causador da pandemia pode deixar sinais evidentes na pele, cabelo e unhas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) acaba de lançar o “Guia sobre a covid-19 e suas manifestações cutâneas”. A publicação trazer informações importantes sobre o tema, inclusive alerta que lesões cutâneas decorrentes dessa doença podem ser parecidas com as de outras. Por conta disso, esclarece a SBD, é importante a avaliação de cada caso por dermatologista para diagnóstico e tratamento corretos.

ACESSE O GUIA SOBRE COVID NA ÍNTEGRA

No “Guia sobre a covid-19 e suas manifestações cutâneas”, os especialistas enfatizam que, embora os principais sintomas da doença sejam respiratórios, estima-se que seis em cada grupo de 100 pacientes com a doença apresentam alguma manifestação na pele. Apesar do número parecer baixo, o texto ressalta que identificar quadros nesta situação ajuda no diagnóstico precoce da covid-19 e no acompanhamento dos casos.

Pacientes com covid-19 podem apresentar lesões na pele, sendo as mais comuns manchas vermelhas. Elas são chamadas de “exantema” ou “rash”. Os especialistas pontuam que surgem nos primeiros dias da doença e podem coçar e descamar. A melhora ocorre de forma espontânea, com a recuperação do quadro clínico.

Por sua vez, outras lesões, como a urticária, podem preceder sintomas gerais ou surgir concomitante a eles. O documento traz ainda a informação de que há relatos de pacientes em que lesões de pele foram o único sintoma da doença, uma situação que tem sido avaliada pela comunidade científica.


Cabelos - A covid-19 pode desencadear, ainda, queda capilar intensa, também chamada de eflúvio telógeno. Esse sintoma se inicia de um a três meses após a infecção viral e a duração é variável. Os médicos frisam que medidas como alimentação adequada e lavagem dos cabelos na frequência recomendada podem ajudar. Em alguns casos, o tratamento específico com suplementação de nutrientes e medicações pode ser necessário, devendo ser orientado por dermatologista.

Outra manifestação relatada é a chamada de “dedos covid” ou pseudo eritema pérnio. Eles se caracterizam por manchas arroxeadas ou vermelhas nas pontas dos dedos dos pés, mãos, nariz e orelhas, que podem ser acompanhadas de leve inchaço, aumento da sensibilidade, queimação e dor. A melhora também ocorre espontaneamente em algumas semanas, podendo ser necessário o auxílio de medicações analgésicas e anti-inflamatórias. Dentre as crianças, essa é a manifestação cutânea mais comum e indica pouca gravidade da doença. O trabalho publicado pela SBD, que comemora 110 anos de fundação, aborda ainda a relação das vacinas para covid-19 com problema de pele. O Guia explica que reações cutâneas também podem ocorrer após o uso de qualquer tecnologia, sendo mais comum a reação no local da aplicação (imediata ou tardia). Nestas situações, há edema, vermelhidão e dor local, o que pode exigir tratamento com medicamentos. Porém, o documento ressalta que, até o momento, não existe reação cutânea à vacina que impeça a aplicação da segunda dose ou dose de reforço, quando indicadas.


Alopecia areata: entenda a doença que ganhou destaque na cerimônia do Oscar

Condição autoimune provoca falhas no couro cabeludo e pode ser agravada por situações de estresse e ansiedade

 

Mais uma vez, a doença autoimune alopecia areata ganhou holofotes na TV. Durante a exibição da 94ª edição do Oscar, a mais importante premiação do cinema mundial, uma brincadeira de mau gosto feita pelo humorista e apresentador Chris Rock causou desconforto no ator Will Smith e em sua esposa, a atriz Jada Pinkett Smith. 

Jada, de 50 anos, conhecida por suas inúmeras mudanças de visuais, raspou os cabelos no ano passado e publicou um vídeo em suas redes sociais explicando que sofria de alopecia areata, que provoca falha e queda dos fios.

“Vocês sabem que eu tenho lidado com a alopecia e, do nada, apareceu esta falha aqui. Olhem só. Ela veio do nada e vai ser mais difícil de esconder. Então, achei melhor mostrar para todos, para não surgirem dúvidas”, comentou à época em uma publicação.

De acordo com Flávia Rosalba, dermatologista do Hospital Dia Campo Limpo, unidade sob gestão do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, o risco de alguém desenvolver a doença durante a vida é de cerca de 2%, sendo a condição agravada por outras enfermidades, como depressão e ansiedade.

A seguir, a dermatologista esclarece as principais dúvidas sobre a alopecia areata:



- Quais as principais causas para a ocorrência de alopecia areata?

A alopecia areata é uma doença autoimune que acomete os folículos pilosos (estrutura composta por um fio de pelo ou cabelo e outros elementos como glândula e músculo), levando à perda de pelos não cicatricial (quando o cabelo cai, mas pode voltar a nascer, pois não há destruição do folículo piloso). Essa ausência de pelos pode ser em placas, que é a forma mais comum, na qual notamos áreas ovaladas sem pelos, podendo ser única ou múltipla.

Há também a alopecia areata total, com perda de todo ou quase todo o pelo do couro cabeludo. E a forma alopecia areata universal, na qual a perda de pelos ocorre em todo o corpo.



- Há alguma prevalência maior em homens ou mulheres?

O risco de desenvolver alopecia areata em toda a vida é de cerca de 2%, igualmente entre os sexos masculino e feminino. A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas antes dos 40 anos.



- A perda de cabelo é o único sintoma?

A perda de cabelo é o principal sintoma, embora possa haver problemas também nas unhas e/ou nos olhos. A evolução da alopecia areata é imprevisível, pois algumas pessoas apresentam crescimento dos cabelos de forma espontânea mesmo sem tratamento, enquanto outras não conseguem retomar o crescimento dos fios (repilação), apesar do tratamento. Cerca de 50% dos doentes apresentam repilação espontânea nos primeiros 6 meses, e 70% têm repilação no primeiro ano da doença.



- Essa perda irá sempre se intensificar se não houver tratamento?

Em geral, quanto mais extenso o quadro, pior a resposta ao tratamento. Alguns fatores estão relacionados a um pior prognóstico, sendo eles: início na infância; duração do episódio maior que um ano; área extensa ou acometendo o contorno da cabeça (ofiásica); acometimento ungual (nas unhas); associação com atopia (lesões alérgicas na pele); associação com doenças autoimunes, principalmente endócrinas; história familiar de alopecia areata; e associação com doenças genéticas.

Atualmente, não há um tratamento definitivo para alopecia areata, assim como não há evidências de que o tratamento mude a evolução da doença a longo prazo. É comum o acontecimento de alguns episódios ao longo da vida.



- Como é feito o tratamento?

As opções terapêuticas devem ser avaliadas em conjunto entre médico e paciente. Há possibilidade de tratamentos com medicamentos de uso local, como soluções ou cremes a serem aplicados, injeção de medicamentos no couro cabeludo e medicamentos de uso oral, incluindo os imunomoduladores que atuam diretamente na inflamação.



- Qual a relação entre estresse, ansiedade e alopecia? Quadros de estresse pioram a doença?

Estudos mostram que mais da metade dos pacientes com alopecia areata apresenta algum diagnóstico psiquiátrico, sendo depressão e ansiedade os mais frequentes, mas não somente. É evidente o impacto psicológico que a perda de cabelos traz, atrapalhando a autoimagem, o relacionamento interpessoal e o relacionamento no trabalho/escola.

O mecanismo pelo qual transtornos emocionais pioram doenças ainda não está esclarecido, mas uma possível explicação seria a interferência de neuromediadores no sistema imune.



- O tratamento deve sempre envolver também um psicólogo?

Sim, o suporte emocional pode levar a melhores respostas ao tratamento da alopecia areata.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”

 

Como evitar a intoxicação alimentar e qual a diferença da alergia alimentar

Médica explica como prevenir e tratar quadros de intoxicação causados por bactérias, fungos, vírus e suas toxinas, presentes em alimentos preparados sem os devidos cuidados 

 

A intoxicação alimentar, como explica a médica alergista e imunologista Brianna Nicoletti, formada pela Universidade de São Paulo (USP): “é uma doença causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados por bactérias (Salmonella, Shigella, E. coli, Staphilococus, Clostridium), vírus (Rotavírus), ou por suas respectivas toxinas, parasitas, por fungos ou toxinas. A contaminação ocorre durante a manipulação, preparo, conservação e/ou o armazenamento da água ou dos alimentos”. 

A forma com que são servidos e expostos deixam esses alimentos facilmente contamináveis; sem a refrigeração necessária, como em buffets; manipulação e armazenamento de forma inadequada esses são os principais fatores para intoxicação alimentar.

 

Sintomas e ações a tomar 

Os primeiros sintomas podem surgir poucas horas após a ingestão de algo contaminado, variando de acordo com o micro-organismo causador. “O intervalo, no geral, vai de duas a 72 horas para o início dos sintomas”, explica a médica. Porém, os sintomas sempre são parecidos: náuseas, vômitos, diarreia, febre, dor abdominal, cólicas e mal-estar. “Nos quadros mais graves, ocorrem queda da pressão arterial, desidratação e perda de peso”, enumera. 

O primeiro passo, ao sentir um dos sintomas, é fazer repouso e ingerir muito líquido (principalmente água, água de coco e isotônicos, e evitar bebidas gaseificadas com excesso de sódio. “Quando há risco de desidratação (com vômitos e diarreia), há medicamentos para controlar as náuseas e é necessário procurar ajuda médica para repor líquidos e sais por via endovenosa”, indica Brianna. 

A boa notícia é que a grande maioria das intoxicações são consideradas leves e duram poucos dias. “As infecções bacterianas com colites e desidratação podem durar mais tempo. E, eventualmente, poderá ser necessário tratamento mais prolongado com antibiótico”, indica a médica. Daí a importância de consultar um médico para avaliar a gravidade e a necessidade do uso de medicamento.


 

Os vilões e como prevenir a doença 

Peixe e frutos do mar, processados e embutidos (por exemplo, o presunto), legumes e frutas lavados com água contaminada costumam ser os causadores mais comuns da intoxicação alimentar. 

O primeiro ponto determinante para evitar as contaminações está no cuidado com a água. “A prevenção das intoxicações está diretamente associada ao saneamento básico, ou seja, à boa qualidade da água para o preparo dos alimentos; aos cuidados ao cozinhar e armazenar, isto é, o modo de embalar e conservar em freezer ou geladeira; e a medidas básicas de higiene de quem os consome, como lavar as mãos antes das refeições e depois de usar o banheiro”, explica a especialista. Outra dica é nunca consumir alimentos em conserva com embalagens estufadas ou amassadas”.

 

Diferença entre intoxicação e alergia alimentares 

Vale distinguir a diferença que existe entre a alergia alimentar e a intoxicação alimentar. “A alergia ocorre quando nosso sistema imunológico passa a entender uma parte da estrutura do alimento como ‘alergênica’ e estranha, e responde com a produção de anticorpos (chamado de IgE) ou células, gerando um processo inflamatório”, explica a médica. 

A alergista detalha ainda que uma vez sensibilizado o organismo, o risco de uma reação alérgica mais grave, em um contato futuro existe, inclusive ao ter contato com uma mínima quantidade daquele alimento. “Mas, da mesma forma, as transformações frequentes do sistema imunológico podem trazer novas sensibilizações ao longo da vida, e pode também acontecer o que chamamos de ‘tolerância’ e, assim, depois de algum tempo, deixar de ter a alergia daquele alimento”. Os que mais causam alergias em adultos são: camarão, frutos do mar, amendoim, castanhas; nas crianças, são leite, ovo, soja, milho e trigo.

  

Dra Brianna Nicoletti - alergista e imunologista pela Universidade de São Paulo (USP)

 

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