No
primeiro semestre de 2022, as injeções do hormônio GLP-1 (Glucagon
life-peptide-1) -- produzido naturalmente pelas células intestinais e indicadas
para o tratamento da diabetes do tipo 2 -- começará a ser comercializado no
Brasil, em forma de comprimidos
As injeções subcutâneas de um hormônio que simula a ação do GLP-1, produzido naturalmente no intestino humano, ganharam holofotes pelo sucesso no tratamento do diabetes tipo 2. Agora, sua versão em comprimidos orais vai tornar ainda mais fácil o acesso à medicação. Basta tomar a semaglutida, em jejum, com 120 ml de água, ao menos 30 min antes de tomar o café da manhã.
“Quando começamos a utilizar esses medicamentos, o paciente tinha que aplicar a injeção duas vezes por dia. Depois, a tecnologia farmacológica evoluiu para aplicações apenas uma vez ao dia e, depois, uma vez por semana apenas”, conta a endocrinologista e metabologista pela USP Dra. Paula Pires.
Há alguns anos, os médicos prescrevem medicamentos injetáveis para tratamento do diabetes. Essas injeções são inovadoras, pois, por aumentar os níveis desse hormônio no sangue, ajudam o corpo a metabolizar melhor os níveis de açúcar e, também, por atuar diminuindo o apetite. Por isso, tornam-se um auxiliador no processo de emagrecimento, tão necessário entre pacientes que possuem diabetes tipo 2.
“Estudos recentes descobriram também que essa medicação pode proteger o coração dos diabéticos, o que é superimportante, visto que a maior causa de morte nesses pacientes são as doenças cardíacas”, revela a médica. Traz também benefícios para os rins, sendo indicados principalmente para pacientes com sobrepeso, pois regulam a liberação de insulina e glucagon (responsáveis pela modulação dos níveis de glicose) no pâncreas; além de melhorar a saciedade e reduzir a fome.
Além disso, esse remédio tem o efeito de retardar o esvaziamento gástrico e inibir o apetite a nível hipotalâmico o que leva a uma maior saciedade e menos fome após as refeições. “Existem vários estudos científicos comprovando a sua eficácia em pacientes obesos e os resultados são muito animadores”, comemora a endocrinologista.
“Como diabetes é uma doença crônica que demanda um tratamento para o resto da vida, ter opções que ajudem o paciente a aderir melhor ao tratamento é uma evolução médica muito importante. E o melhor tratamento médico será sempre aquele que o paciente consegue seguir a longo prazo”, confirma Dra. Paula Pires. Assim o diabético, agora, terá a opção de escolher entre o injetável ou oral, adotando a que melhor se acomoda com seu perfil.
Nenhuma medicação deve ser indicada para qualquer paciente sem uma avaliação prévia porque existem perfis de pacientes que respondem melhor a uma determinada medicação do que a outra. E isso só pode ser determinado após uma consulta médica completa.
Um exemplo são os pacientes com
quadros de compulsão alimentar ou comer emocional que não se beneficiam tanto
do uso da medicação, pois esses pacientes comem mesmo sem fome. “Nesses casos,
é importante tratar junto o componente emocional da fome também com equipe
multidisciplinar. Por isso, nenhuma dessas medicações devem ser prescritas sem
avaliação médica especializada”, detalha a médica.
Desconfortos e contraindicações
Náusea, presente em até 30% dos
pacientes, é o efeito mais comum, sendo geralmente transitório. Além disto,
pode haver vômitos e piora da doença do refluxo gastroesofágico, dor abdominal,
diarreia, cefaleia e existem alguns casos descritos de pancreatite
O remédio, como coadjuvante na perda de peso, se bem indicado, respeitando a individualidade dos pacientes, as contraindicações e os efeitos colaterais, pode ser uma ótima estratégia para auxiliar o paciente obeso em todo o processo de mudança de estilo de vida (que muitas vezes não é fácil: um paciente engajado em um programa de perda de peso tem três vezes mais chance de atingir um resultado significativo com o remédio do que sem ele, e mais de 80% dos pacientes obesos, mesmo que altamente motivados, falham em conseguir perder peso apenas com atividade física, dieta e modificações do estilo de vida. Isso pode modificar a vida de muitas pessoas).
A médica lembra que nenhum remédio é capaz de consertar um estilo de vida ruim. O tratamento farmacológico não substitui as estratégias dietéticas e comportamentais, apenas as complementam para aumentam a taxa de resposta!
Para finalizar, Dra. Paula recorda
que não se deve fazer o uso da automedicação e que estas medicações devem ser
utilizadas apenas com prescrição do seu médico de confiança. “A resposta às
medicações é individual. E o que funciona para uma pessoa pode não ser a melhor
escolha para a outra! Por isso, fuja das fórmulas e de tratamento feito por profissionais
não especialistas no assunto e que prometem milagres! Isso não existe!”,
finaliza.
Dra Paula Pires -- endocrinologista e clínica
geral formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
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