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terça-feira, 29 de março de 2022

Alopecia areata: entenda a doença que ganhou destaque na cerimônia do Oscar

Condição autoimune provoca falhas no couro cabeludo e pode ser agravada por situações de estresse e ansiedade

 

Mais uma vez, a doença autoimune alopecia areata ganhou holofotes na TV. Durante a exibição da 94ª edição do Oscar, a mais importante premiação do cinema mundial, uma brincadeira de mau gosto feita pelo humorista e apresentador Chris Rock causou desconforto no ator Will Smith e em sua esposa, a atriz Jada Pinkett Smith. 

Jada, de 50 anos, conhecida por suas inúmeras mudanças de visuais, raspou os cabelos no ano passado e publicou um vídeo em suas redes sociais explicando que sofria de alopecia areata, que provoca falha e queda dos fios.

“Vocês sabem que eu tenho lidado com a alopecia e, do nada, apareceu esta falha aqui. Olhem só. Ela veio do nada e vai ser mais difícil de esconder. Então, achei melhor mostrar para todos, para não surgirem dúvidas”, comentou à época em uma publicação.

De acordo com Flávia Rosalba, dermatologista do Hospital Dia Campo Limpo, unidade sob gestão do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, o risco de alguém desenvolver a doença durante a vida é de cerca de 2%, sendo a condição agravada por outras enfermidades, como depressão e ansiedade.

A seguir, a dermatologista esclarece as principais dúvidas sobre a alopecia areata:



- Quais as principais causas para a ocorrência de alopecia areata?

A alopecia areata é uma doença autoimune que acomete os folículos pilosos (estrutura composta por um fio de pelo ou cabelo e outros elementos como glândula e músculo), levando à perda de pelos não cicatricial (quando o cabelo cai, mas pode voltar a nascer, pois não há destruição do folículo piloso). Essa ausência de pelos pode ser em placas, que é a forma mais comum, na qual notamos áreas ovaladas sem pelos, podendo ser única ou múltipla.

Há também a alopecia areata total, com perda de todo ou quase todo o pelo do couro cabeludo. E a forma alopecia areata universal, na qual a perda de pelos ocorre em todo o corpo.



- Há alguma prevalência maior em homens ou mulheres?

O risco de desenvolver alopecia areata em toda a vida é de cerca de 2%, igualmente entre os sexos masculino e feminino. A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas antes dos 40 anos.



- A perda de cabelo é o único sintoma?

A perda de cabelo é o principal sintoma, embora possa haver problemas também nas unhas e/ou nos olhos. A evolução da alopecia areata é imprevisível, pois algumas pessoas apresentam crescimento dos cabelos de forma espontânea mesmo sem tratamento, enquanto outras não conseguem retomar o crescimento dos fios (repilação), apesar do tratamento. Cerca de 50% dos doentes apresentam repilação espontânea nos primeiros 6 meses, e 70% têm repilação no primeiro ano da doença.



- Essa perda irá sempre se intensificar se não houver tratamento?

Em geral, quanto mais extenso o quadro, pior a resposta ao tratamento. Alguns fatores estão relacionados a um pior prognóstico, sendo eles: início na infância; duração do episódio maior que um ano; área extensa ou acometendo o contorno da cabeça (ofiásica); acometimento ungual (nas unhas); associação com atopia (lesões alérgicas na pele); associação com doenças autoimunes, principalmente endócrinas; história familiar de alopecia areata; e associação com doenças genéticas.

Atualmente, não há um tratamento definitivo para alopecia areata, assim como não há evidências de que o tratamento mude a evolução da doença a longo prazo. É comum o acontecimento de alguns episódios ao longo da vida.



- Como é feito o tratamento?

As opções terapêuticas devem ser avaliadas em conjunto entre médico e paciente. Há possibilidade de tratamentos com medicamentos de uso local, como soluções ou cremes a serem aplicados, injeção de medicamentos no couro cabeludo e medicamentos de uso oral, incluindo os imunomoduladores que atuam diretamente na inflamação.



- Qual a relação entre estresse, ansiedade e alopecia? Quadros de estresse pioram a doença?

Estudos mostram que mais da metade dos pacientes com alopecia areata apresenta algum diagnóstico psiquiátrico, sendo depressão e ansiedade os mais frequentes, mas não somente. É evidente o impacto psicológico que a perda de cabelos traz, atrapalhando a autoimagem, o relacionamento interpessoal e o relacionamento no trabalho/escola.

O mecanismo pelo qual transtornos emocionais pioram doenças ainda não está esclarecido, mas uma possível explicação seria a interferência de neuromediadores no sistema imune.



- O tratamento deve sempre envolver também um psicólogo?

Sim, o suporte emocional pode levar a melhores respostas ao tratamento da alopecia areata.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”

 

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