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sexta-feira, 4 de março de 2022

Obesidade e diabetes: “Precisamos entender que não existe fórmula mágica”

Diabesidade, você sabe o que é?


 Hoje, 04/03, é o Dia Mundial da Obesidade


O diabetes tipo 2 está intimamente relacionado com a obesidade, já que a pré-condição genética é predisponente. O Dr. Clayton Macedo, Coordenador da Comissão de Endocrinologia do Exercício Físico da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Conselheiro Honorário do Instituto Correndo Pelo Diabetes (CPD), organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), explica abaixo a relação do diabetes com a obesidade, os avanços no tratamento, a importância da atividade física como prevenção e até remissão de doenças graves e faz um alerta: “Precisamos combater a inércia terapêutica”.

 

Existe relação entre obesidade e diabetes?

Sim... No diabetes tipo 2 há uma resistência à ação da insulina, o pâncreas até trabalha mais que o necessário, porém o defeito está no receptor, onde a insulina age para diminuir a glicose no sangue. Genética, sedentarismo e obesidade acentuam essa resistência à insulina. 

Nesse contexto, temos a síndrome metabólica, que também tem uma predisposição genética e faz com que a pessoa ganhe peso, sendo a característica predominante a gordura abdominal. Quatro fatores estão envolvidos com a síndrome metabólica: hipertensão arterial, diabetes, colesterol (HDL baixo) e o triglicérides elevado. Essa doença tem um impacto enorme, pois aumenta os riscos de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame vascular cerebral (AVC) por exemplo.

 

Há um risco maior para a saúde do paciente quando essas duas doenças estão associadas? Por quê?

Com certeza, principalmente, aquelas com a síndrome metabólica, pois aumenta muito o risco cardiovascular. Além do infarto e AVC, mais de 10 tipos de câncer estão relacionados com a obesidade. O paciente com diabetes e obesidade tem mais risco de doenças articulares e depressão.  A classe médica já está usando o termo Diabesidade – junção de diabetes com obesidade.

 

Como deve ser o tratamento de um paciente com obesidade e diabetes?

A medicina está evoluindo muito tanto para obesidade quanto para diabetes. Hoje temos remédios que agem simultaneamente nas duas doenças, melhorando essa resistência à insulina, controlando o apetite, a saciedade a taxa metabólica, melhorando o controle do diabetes e o excesso de peso. 

A mudança de estilo de vida é fundamental, porém, sabemos que mudar hábitos não é tão fácil. Quais as orientações?

Não é fácil, mas é possível. Alimentação equilibrada, exercício físico regular, qualidade do sono, manejo do estresse. E o que vem sendo muito utilizada é a terapia cognitiva comportamental, quando trabalhamos o entendimento dos nossos sentimentos, das nossas emoções, ou seja, o comportamento que as emoções geram frente à alimentação saudável e atividade física. Essa terapia tem um impacto muito importante tanto no diabetes como na abordagem da obesidade. 

A dica que fica é que, cada vez mais, devemos trabalhar em equipe, unir as expertises e os esforços do médico, nutricionista, do psicólogo, educador físico, do enfermeiro para proporcionar ao paciente uma abordagem mais ampla. Um estudo chamado Direct mostrou que pessoas que perdem peso podem, inclusive, ter remissão do diabetes tipo 2. 

Outros estudos já apontam que o estilo de vida saudável pode prevenir diabetes e obesidade e, se não é mais possível prevenir, podemos evitar as complicações que essas doenças trazem.   

Além disso, precisamos combater a inércia terapêutica. O médico não deve dar tapinhas nas costas e pedir para comer menos. É preciso encarar a obesidade como doença, muitas vezes precisando de tratamento medicamentoso. Ainda existe um preconceito entre médicos. Para pessoas com diabetes precisa de medicamento, mas o paciente com obesidade parece que tem que ter uma fórmula mágica.

 

Como a atividade física pode contribuir no tratamento do diabetes e obesidade? 

É determinante. Podemos considerar a atividade física como um remédio para obesidade e diabetes. Faz perder massa gorda, aumenta massa magra. Nosso músculo é a maior glândula do corpo humano e, quando contraído, faz aumentar a produção de vários hormônios chamados miocinas, que regulam todo o organismo, a termogênese, queima de gordura, transforma o tecido adiposo em um tecido mais metabolicamente ativo, melhorando o sistema cardiovascular, melhora os ossos e, principalmente, age no cérebro, melhorando o humor, a memória, diminuindo a depressão e prevenindo a demência como o Alzheimer. A atividade física regular também ajuda na prevenção do câncer. Para quem já desenvolveu a doença, o exercício físico pode ser um grande aliado na remissão.

 

Instituto Correndo pelo Diabetes (CPD) 

https://correndopelodiabetes.com/

https://instagram.com/correndopelodiabetes


Março Amarelo chama atenção para a Endometriose, doença que acomete uma em cada dez mulheres

Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que a endometriose causa dor, pode levar à infertilidade e ser até mesmo incapacitante 

 

Fortes dores abdominais, que se assemelham a cólicas, geralmente incapacitantes e que sempre aparecem no período menstrual, não são normais e podem ser sinal de endometriose, uma doença inflamatóeria e que pode levar à infertilidade. Março Amarelo é o nome da campanha que alerta as mulheres para o problema, que acomete uma em cada dez mulheres em idade fértil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS). 

Conforme explica a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, quando as mulheres relatam o que sentem, em consulta, e comentam seus hábitos diários, é possível que o médico experiente desconfie de um quadro de endometriose. Então, exames bioquímicos são solicitados para que o quadro se confirme. "A paciente com endometriose precisa ser tratada individualmente, porque essa doença nunca é igual, de uma mulher para a outra. Cada uma precisa de um tratamento diferente, mas todas necessitam de mudança de estilo de vida”, diz ela.

A endometriose acontece quando a camada de tecido que reveste internamente o útero, o endométrio, ao se desprender (descamar), na menstruação, em vez de sair pela vagina, no formado de fluxo menstrual, por algum mecanismo não identificado completamente pela ciência, escapa para a cavidade abdominal. É a chamada menstruação retrógrada. “Quando algumas dessas células do endométrio migram para a cavidade abdominal, elas atingem outros órgãos, como as trompas, ovários, intestino e bexiga, por exemplo, fixando-se nestes órgãos. As células do endométrio descamam a cada menstruação, então, estejam elas onde estiverem, elas sangrarão a cada menstruação. É por isso que mulheres com endometriose na bexiga ou no intestino podem apresentar sangue na urina ou nas fezes, na menstruação, por exemplo”, resume Dra. Mariana.

A endometriose também pode atingir outros órgãos. Quando ela se encontra no músculo do útero, o miométrio, é chamada de adenomiose, e pode causar sangramento menstrual intenso e cólicas. Se, em casos raros, as células forem enviadas pela corrente sanguínea para órgãos distantes, como coração, cérebro e pulmões, pode haver complicações ainda mais severas. “No cérebro, ao sangrar, as células da endometriose podem causar um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo”.

A maioria dos casos de endometriose, porém, estão restritos à cavidade abdominal e devem ser diagnosticados o mais rápido possível, para que a mulher ganhe qualidade de vida.


O tratamento da endometriose

Dra. Mariana Rosario, que faz parte do corpo clínico do hospital Albert Einstein e também é obstetra e mastologista, diz que a endometriose pode ser diagnosticada em exame clínico, após uma boa conversa com a paciente. Depois, exames de imagem e de marcadores específicos são solicitados, para saber o tamanho do foco da doença. “Em casos graves, apenas a videolaparoscopia consegue determinar a extensão da doença”, explica.

O tratamento é realizado de forma que a paciente evite, ao máximo, a cirurgia. Atualmente, existem drogas antiestrogênicas para combater o problema, que trazem excelente resultado para dor e lesão. “Essa doença depende do hormônio estrógeno para se manifestar, então, os implantes hormonais bioidênticos antiestrogênicos são excelentes neste tratamento”, ressalta.

Paralelamente, é imprescindível que seja adotada uma dieta sem glúten e sem lactose por um período, para desinflamar o organismo. “A prática de atividade física regular, a meditação e o tratamento psicológico, sempre que possível, completam o pacote, porque não adianta tratarmos o corpo, se a alma está doente”, explica a especialista. É isso mesmo: a Dra. Mariana Rosario defende que, no tratamento da endometriose, não basta apenas tratar a doença clinicamente. “Apenas o tratamento multidisciplinar surte efeitos na endometriose. Essa doença tem componente emocional envolvido e mulheres com tendência à depressão são naturalmente mais propensas a desenvolvê-la. Por isso, é necessário eliminar a inflamação crônica do organismo, por meio da redução do glúten e da lactose, adotar uma rotina fixa de atividades físicas e investir no apoio psicológico”, alerta.

Nos casos graves, em que as cirurgias são necessárias, é preciso avaliar a extensão das lesões e envolver os profissionais capazes de eliminá-las. Pode ser necessário que gastroenterologistas, além dos ginecologistas, participem do procedimento. O tratamento multidisciplinar também se faz necessário nesta hora.

A endometriose também está ligada a problemas de fertilização porque a doença produz algumas citotoxinas endometriais que dificultam a implantação do embrião, devido a esse endométrio não ser normal. A infertilidade atinge cerca de 40% das brasileiras com essa doença. Portanto, é necessário que se trate a endometriose o quanto antes, quando a mulher quer engravidar.

A endometriose não é um câncer, mas se estuda a ligação da doença como precursora de casos de câncer de ovário. “Estudos, ainda inconclusivos, apontaram que pacientes que desenvolvem câncer de ovário teriam sofrido de endometriose. Mas, ainda é cedo para poder afirmar a relação entre as doenças. A endometriose não é um tumor, mas, como sou mastologista e estudo o câncer, percebo que ela se assemelha ao câncer na invasão de órgãos, sem causar metástase. A endometriose é uma doença séria, que precisa de atenção e tratamento. Não se deve negligenciá-la”, finaliza a médica.

 

 

Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.


Consultas regulares ao dentista podem colaborar para diagnóstico precoce do câncer de boca e outras doenças

Para 2022, Inca estima cerca de 15 mil novos casos do câncer da cavidade oral 

 

 “A saúde começa pela boca”. Esta frase tantas vezes repetida revela o quão fundamental é ter um acompanhamento da saúde bucal com um olhar integrado. A boca é a porta de entrada para o aparelho digestivo e está diretamente conectada a todo o sistema imunológico. Daí a importância de manter os cuidados e as consultas regulares ao dentista para identificar qualquer situação atípica.


De acordo com o coordenador técnico da Clínica Odontológica Omint, Marcus Amaral manchas e placas brancas ou avermelhadas, feridas que não cicatrizam em até 15 dias, nódulos no pescoço, sangramentos e dificuldade para engolir ou falar são ocorrências que devem acender o sinal de alerta. 

“Esses são apenas alguns dos sinais e sintomas que podem sugerir o diagnóstico de câncer de boca, e que são possíveis de serem detectados pelo dentista, nas consultas preventivas”, explica Amaral “A recomendação é que as visitas ocorram a cada seis meses. Contudo, cada paciente é avaliado individualmente e recebe uma orientação específica para o acompanhamento”.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o problema é mais comum em homens acima dos 40 anos. A estimativa para 2022 é de 11.180 casos em homens e de 4.010 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 10,69 casos novos a cada 100 mil homens e 3,71 para cada 100 mil mulheres. O desafio, assim como em outros tipos de câncer, é o diagnóstico rápido e assertivo.

“O câncer de boca tem cura quando diagnosticado precocemente. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de recuperação. Quando descoberto no início, o tumor pode ser retirado em cirurgias menos invasivas”, alerta o especialista. 

 

Grupos de risco

A recomendação é que todos criem o hábito regular de frequentar o dentista. “Contudo, os fumantes e aqueles que consomem bebida alcoólica em excesso estão mais propensos a desenvolver lesões que podem causar câncer bucal. 

Para pacientes diabéticos, aqueles com alguma doença cardiovascular e pacientes em tratamento para osteoporose, a recomendação é o acompanhamento para manter a saúde bucal adequada. Em qualquer situação, em uma consulta que se observa e detecta alguma anormalidade, o dentista pode e deve solicitar uma biópsia para uma avaliação mais criteriosa”, explica Amaral. 

Outras doenças como o HPV, também podem ser detectadas nas consultas periódicas.

 

Autoexame é fácil e deve ser feito todo mês

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) recomenda a realização mensal do autoexame bucal. O procedimento é simples: com a boca bem aberta em frente ao espelho, em ambiente bem iluminado, deve-se afastar a bochecha com o cabo de uma colher, levantar a língua e verificar todas as regiões internas. A procura deve ser por manchas brancas ou avermelhadas, feridas ou caroços. 

O exame precisa se estender ao pescoço, observando a ocorrência de nódulos fixos. “É normal ter ínguas nessa região, mas se notar que há um nódulo duro e fixo, é mandatório procurar atendimento especializado”, alerta Marcus.   

 

Omint


O esporte mais adequado para cada tipo de criança

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é preciso observar as atitudes e habilidades da criança e do que ela gosta para escolher o esporte ideal.  

Crianças mais centradas e que possuem boa coordenação: esportes coletivos, como o voleibol, basquetebol, futebol e handebol; 

- Crianças mais inquietas ou agitadas e distraídas: atletismo ou a natação 

- Crianças perfeccionistas, que possuem autocontrole: ginástica, tênis, ou artes marciais; 

- Crianças fortes: boxe e rúgbi. 

Mas, segundo os médicos ortopedistas Dr. Pedro Baches Jorge e Dr. Bruno Takasaki Lee, ambos de SP, o mais importante além de respeitar os gostos, escolhas, capacidades corporais e personalidades a segurança vai além: apesar ter existirem vários pontos a favor da atividade esportiva, eles lembram que distensões, luxações, fraturas fazem parte dos riscos e é preciso atenção para preveni-las.

“As lesões nas atividades esportivas, na maioria das vezes, se devem a treinos incorretos, repetitivos onde há o excesso de atividades e falta de preparo adequado”, afirma Dr. Pedro. No entanto, Dr. Bruno, mostra que com medidas de segurança necessárias é possível que as crianças pratiquem esportes sem correr tantos riscos.

Os médicos listam as regras de ouro para a prática segura também endossadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

- Antes de praticar qualquer atividade física, é muito importante levar a criança ou adolescente a um médico do esporte para fazer uma avaliação global.

- Depois do ok do médico, o acompanhamento de profissionais habilitados é de suma importância para treinar de forma adequada os gestos esportivos como cair, saltar, por exemplo, além da orientação do esporte, pois a prática exagerada ou mal orientada pode causar lesões.

- Todo esportista deverá ser avaliado pelo médico antes de iniciar as atividades;

- O tipo de esporte deve ser escolhido de acordo com a idade, o crescimento (peso, altura), o desenvolvimento global, as características, a habilidade e a preferência da criança e/ou do adolescente;

- Os equipamentos de proteção devem ser usados, pois são indispensáveis para as atividades esportivas. Entre eles, estão capacete, luvas, protetores de joelhos, cotovelos e genitália;

- A prática esportiva deve ser realizada com a presença de treinador capacitado e responsável para maior segurança;

- Os locais para prática de esportes não devem ser improvisados ou inadequados, pois isso aumenta muito o risco de lesões;

- O atleta deve usar roupas e calçados apropriados ao esporte e manter-se bem hidratado, usando protetor solar para a prática esportiva sob o sol;

- É importante conhecer as regras do esporte, fazer aquecimento adequado e evitar treinamentos excessivos para sua idade e capacidade.

- A atividade só deve ser realizada se a criança e/ou adolescente estiver em boas condições de saúde.

 

 

Dr. Pedro Baches Jorge - CRM 117.484 - Ortopedista Especialista em Joelho e Medicina Esportiva. Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, é especialista em Cirurgia do Joelho e Oncologia Ortopédica, Medicina Esportiva e Artroscopia. É responsável pelo Núcleo de Medicina do Joelho da Clínica SOU, Mestre e Doutorando em Ortopedia pela Santa Casa de São Paulo e também membro de seu Grupo de Trauma Esportivo, é membro do corpo clínico e membro cofundador do Núcleo de Medicina Esportiva do Hospital Sírio Libanês, Diretor científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e também membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.
 

Dr. Bruno Takasaki Lee - CRM: 120.229 - Ortopedista Especialista em Pé e Tornozelo. Médico formado e Especializado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Tendo praticado inúmeras atividades esportivas durante sua vida, o Dr. Bruno Lee integra seu conhecimento técnico ao esportivo, unindo o conhecimento anatômico, patológico e funcional para o alcance do melhor resultado no tratamento de suas patologias. Nos últimos anos, o Dr. Bruno Lee buscou continuamente o aperfeiçoamento nas técnicas minimamente invasivas para tratamento das patologias dos pés. Esta nova técnica, em sua opinião, revolucionou e continuará revolucionando o cuidado nas patologias do pé e tornozelo.


DI A MUNDIAL DA OBESIDADE

No outro extremo da escala de desnutrição, o sobre peso e a obesidade são um dos problemas de saúde pública mais preocupantes e visíveis do século 21, mas ainda são os mais negligenciados. A obesidade é uma doença multifatorial com patogênese complexa relacionada a fatores biológicos, psicossociais, socioeconômicos, ambientais, hereditários e comportamentais pelos quais o excesso de gordura corporal leva a efeitos negativos a saúde.  

A Nutricionista Adriana Stavro explica que a obesidade aumenta a probabilidade de várias doenças. Estas incluem diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares (DCV), síndrome metabólica (SM), doença renal crônica (DRC), hiperlipidemia, hipertensão, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), certos tipos de câncer, apneia obstrutiva do sono, osteoartrite, depressão e distúrbios musculoesqueléticos, resultando em diminuição da qualidade e expectativa de vida. 

A principal causa da obesidade é o desequilíbrio energético a longo prazo entre as calorias consumidas e as calorias eliminadas. A modificação da dieta pode prevenir, tratar ou aliviar alguns dos sintomas associados a essas doenças. “É importante fornecer aos pacientes recomendações dietéticas simples para aumentar a probabilidade de implementação bem-sucedida. Isso inclui aumentar a ingestão de vegetais, frutas e fibras, consumir fontes de proteína magra para aumentar a saciedade, evitar ou limitar severamente alimentos altamente processados e reduzir o tamanho das porções.” esclarece Adriana Stavro. 

Um estudo de 2018 que avaliou 6 tipos de dietas (pobre em carboidratos, baixo teor de gordura, low FODMAP, mediterrânea, paleolítica, sem glúten) concluiu que todas as dietas analisadas chegam ao mesmo ponto central:

“O aumento do consumo de vegetais, frutas, carnes magras, diminuição de carboidratos, e um consumo drasticamente reduzido de alimentos processados leva a benefícios positivos para a saúde que podem ser aplicados a várias patologias.” alerta Adriana. 

Em outro estudo de 2015, sobre açúcar adicionado, os autores mostraram que cerca de 70% dos alimentos processados contêm açúcares. Consumo que vem crescendo nas últimas décadas. Nesse mesmo período, o tamanho das porções aumentou, assim como a frequência da ingestão de lanches e bebidas açucaradas. Este mesmo estudo mostrou que as calorias consumidas em bebidas açucaradas não levaram a uma redução no consumo de alimentos. Portanto, todos esses fatores contribuíram para um aumento na ingestão energética e ganho de peso. 

A Nutricionista Adriana ressalta também, que outra questão importante entre os obesos é o sedentarismo.

A atividade física regular e a alimentação equilibrada e balanceada estão associadas positivamente a resultados favoráveis na saúde metabólica (diabetes mellitus tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares (DCV), síndrome metabólica (SM), doença renal crônica (DRC), hiperlipidemia, hipertensão, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), apneia do sono, osteoartrite, depressão e distúrbios musculoesqueléticos)  

Além disso, os indivíduos obesos enfrentam uma forma generalizada de estigma social. Pessoas com sobrepeso ou obesidade são vulneráveis a discriminação no local de trabalho, escola, instituições de saúde e sociedade em geral.  

Como vimos, são muitos os problemas causados pela obesidade, são muitos os fatores que podem causar a obesidade, e são muitos os desafios para uma pessoa obesa.  

“O fato é que o que comemos é um dos principais determinantes de nossa saúde, expectativa e qualidade de vida, que quando bem administrada é uma ferramenta poderosa na prevenção e na melhora da saúde física e emocional.” finaliza Adriana Stavro.



Adriana Stavro - Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo. Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School. Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein . Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pelo Instituto Valéria Pascoal (VP) Pós-graduada EM Fitoterapia pela Courses4U.

Diagnóstico precoce e o tratamento apropriado protegem a saúde vascular da mulher

Hábitos saudáveis e consultar um especialista regularmente são as principais maneiras de evitar problemas no futuro


Os cuidados com a saúde vascular devem sempre fazer parte do universo feminino. Médicos vasculares encorajam que as mulheres se informem mais a respeito e programem uma visita a um especialista sempre que necessário. Algumas doenças vasculares têm maior prevalência nas mulheres quando comparadas aos homens, como, por exemplo, os vasinhos, as varizes e a dor pélvica crônica.  No entanto, doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte na população adulta, como doença coronariana, doença carotídea, trombose venosa profunda, embolia pulmonar e doença arterial obstrutiva periférica, também atingem muitas mulheres.

A cirurgiã vascular e membro da Comissão do Departamento de Emergência Vascular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP, Dra. Grace Carvajal Mulatti, esclarece que, pela alta incidência e prevalência na população, os vasinhos e as varizes são possivelmente o diagnóstico mais frequente. “Estudos epidemiológicos mostram que 80 a 85% das pessoas são identificadas com algum grau de varizes. Em segundo lugar vêm as doenças relacionadas à aterosclerose, que atingem possivelmente o mesmo número de homens e mulheres, contudo, nas mulheres a doença acontece numa idade mais elevada. Essas doenças são estenose das carótidas e doença vascular periférica, além da trombose venosa profunda. Os aneurismas aórticos são muito menos frequentes em mulheres, já que dados mostram que os aneurismas em homens são de quatro a seis vezes mais constantes. Infelizmente, hoje sabemos que 80% das doenças cardiovasculares são decorrentes de hábitos de vida não saudáveis e evitáveis, tais como a má alimentação, o tabagismo e o sedentarismo”.

Ainda de acordo com a Dra. Grace, todas as doenças cardiovasculares tiveram um aumento expressivo nos últimos anos, notadamente a coronariana, a carotídea e a doença arterial periférica, e, atualmente, elas são a principal causa de morte entre as mulheres.

A especialista explica que os hormônios femininos conferem à mulher algum grau de proteção contra as doenças cardiovasculares. E, portanto, após a menopausa, o risco cardiovascular da mulher se eleva, e ela certamente precisará intensificar os cuidados com alimentação e exercícios físicos, controle do peso corporal e das comorbidades, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.

Em relação às varizes, Dr. Grace reforça que as mulheres devem ser incentivadas a procurar precocemente o diagnóstico e o tratamento apropriado, a fim de evitar a progressão da doença para um grau mais moderado ou severo, com efeitos indesejáveis, como a pigmentação permanente e as feridas nas pernas. “Em graus mais leves e superficiais, o desconforto maior pode ser apenas estético. Porém, conforme a evolução para graus mais severos pode haver comprometimento da veia safena e susceptibilidade a eventos trombóticos, superficiais ou eventualmente profundos”.

Para ter uma vida saudável, Dr. Grace ressalta a importância de manter alguns hábitos, como não fumar, diminuir o consumo de álcool, ter uma alimentação equilibrada e o peso corporal controlado, praticar atividade física e cuidar da sua saúde mental, além de monitorar a hipertensão, o diabetes e o colesterol. “Neste Dia Internacional da Mulher, lembramos mais uma vez da figura vibrante, batalhadora e acolhedora de todas as mulheres. Mas, certamente, é importante estimularmos as mulheres a buscarem ser felizes acima desta figura em que pensamos. O que quero dizer é que, para isso, é necessário primarmos por sua educação e independência, quer seja política, de credo ou financeira. Estas são as condições necessárias para que realizem verdadeiramente seus sonhos”, conclui a especialista.

O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Dr. Fabio H. Rossi, enfatiza a importância que as especialidades de Angiologia, Cirurgia Vascular e Endovascular possuem para o bem-estar e a saúde da mulher. “Além das doenças muito bem abordadas e explicadas pela Dra. Grace, devemos lembrar que as varizes acontecem não apenas nos membros inferiores, mas também na pelve feminina. A dor pélvica crônica é a principal causa da procura pelo ginecologista em 1/3 dos casos, e as varizes pélvicas podem ser as responsáveis por esse sintoma, também em 1/3 dessas mulheres. Sua ocorrência está relacionada à presença de obstruções e refluxos que ocorrem em nas veias abdominais e nas varizes pélvicas, que podem ser tratadas de forma minimamente invasiva, por técnicas de cateterismo, com melhora dos sintomas na maioria dos casos. Muitas dessas mulheres sofrem anos com esses sintomas, sem que o diagnóstico seja feito”.

 

Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP

www.sbacvsp.com.br


Combate a ataques cibernéticos exige cooperação e atualização constantes, afirmam especialistas

Evento da ACREFI debate “Segurança Cibernética: Perspectivas, desafios e a contribuição do mercado financeiro” 


 

Do início das transações financeiras pela internet para os dias atuais, o perfil dos hackers mudou, e os ataques cibernéticos estão cada vez mais sofisticados. Diante do expressivo aumento das ameaças digitais, a cooperação e a atualização constantes se tonaram fundamentais no combate a fraudes e outras investidas contra o sistema financeiro.  

 

Essa é a avaliação de especialistas que participaram da live “Segurança Cibernética: Perspectivas, desafios e a contribuição do mercado financeiro”, promovida nesta semana pela Associação Nacional das Instituições de Crédito (ACREFI). 

 

O presidente da ACREFI, Luis Eduardo da Costa Carvalho, reforçou que a segurança cibernética vem causando inúmeras preocupações, lembrando ataques de hackers sofridos recentemente por grandes companhias. “Isso prova claramente a importância do tema segurança cibernética”, afirmou.  

 

Carvalho destacou ainda que a segurança cibernética é um grande desafio enfrentado especialmente pelas pequenas e médias instituições, que ao mesmo tempo em que veem crescerem as oportunidades de negócios com o avanço da tecnologia também precisam lidar com a necessidade de investir em segurança da informação. Nesse sentido, para o presidente da ACREFI, a associação pode atuar como integradora dos negócios de menor porte, contribuindo para disseminação de conhecimento no combate a crimes cibernéticos.  

 

“É preciso encontrar o equilíbrio entre esses dois mundos, o que insere as pequenas instituições no mercado, gerando oportunidades de negócios, com aquele das dificuldades que elas vão ter, pelo seu tamanho, de investir em segurança cibernética. Aí, eu vejo uma oportunidade para a ACREFI, dentro de um espírito colaborativo, de poder assumir um papel de integradora das pequenas e médias instituições, trazendo a elas a oportunidade de tomar conhecimento de medidas e práticas eficientes de combate a ameaças cibernéticas”, ressaltou.  

 

Mediador do debate, Cleber Martins, consultor de operações da ACREFI, avalia ainda que neste momento é preciso que não só o profissional de segurança de informação seja o grande responsável pelo tema nas empresas. “Ele ainda tem que ser o guardião nas companhias, mas a difusão do conhecimento também tem que ser horizontal, envolvendo todas as áreas dentro do negócio, porque só assim conseguiremos somar esforços para enfrentar essas ameaças”, afirmou.  

 

Gustavo Monteiro, Managing Director do AllowMe, explicou que o perfil dos hackers mudou com a evolução das transações financeiras digitais. Se no início do internet banking, eles eram estritamente técnicos, dominando linguagem de programação e protocolos de segurança para praticar fraudes; agora, o “golpista do off-line” passou a atuar também de forma online, e de forma organizada. “Eles são divididos por especialidades do ponto de vista de cibersegurança, tem as pessoas responsáveis por invadir, outros por tomar controle da rede e outros especializados em extrair dados. Do ponto de vista da fraude, também existe uma especialização por atividades, como na área bancária, de fidelidade, de roubo de identidade”, completou.  

 

Jacques Coelho, Diretor Regional LATAM do FS-ISAC (Financial Services Information Sharing and Analysis Center), consórcio global de instituições, sem fins lucrativos e dedicado a proteger o sistema financeiro de riscos cibernéticos, disse que as metodologias usadas nos ataques são bem semelhantes no Brasil e no exterior. A prática mais comum é explorar uma brecha ou vulnerabilidade, falta de atualização, invadir os sistemas operacionais e roubar os dados para comercializar dentro da deep web ou de outra forma. “O ransomware é o ataque que agora está na moda, que, em linhas gerais, é mandar uma ameaça para os sistemas operacionais, bloquear todos os seus acessos e cobrar valores em criptomoedas para a liberação”, contou. 

 

Segundo Coelho, no último trimestre de 2021, só na América Latina, o FS-ISAC reportou 5.065 alertas de segurança relevantes para os chefes de segurança de instituições membros do consórcio. “As ameaças mais comuns já são vistas pelos profissionais de cibersegurança como rotina, já existe um roteiro [de como agir], mas as variações dessas ameaças é o que preocupa porque eles (os hackers) têm mais recursos e tempo para aprimorar as táticas de invasão”, alertou.  

 

Por não ser uma tarefa fácil se antecipar a um ataque, avalia o especialista, a cooperação se torna importante no combate a ameaças cibernéticas. Coelho relatou que os membros do FS-ISAC se organizaram e agiram de forma colaborativa no enfrentamento ao ataque ransomware de 2017, que paralisou computadores em 150 países. Foram três dias de intensos trabalhos para desenvolver um material com informações para que as instituições pudessem se proteger da ameaça. Esse conteúdo foi compartilhado em conferência internacional emergencial com mais 2.300 chefes de segurança cibernética. “Quem não tinha esse suporte acabou sofrendo muito mais. Já a instituição com acesso a esse material colaborativo teve uma grande vantagem e saiu na frente, protegeu seus ativos”, concluiu.  

 

 

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento - ACREFI

 

Guerra na Ucrânia: bem-vindos ao admirável mundo velho

Notícias recentes fazem crer que o mundo caminha para a tão esperada volta à normalidade. As medidas de isolamento com relação à Covid-19, vem sendo abandonadas nação a nação. Talvez não seja sem tempo, a história dirá.

A história também nos ensinou, que alguns dos maiores passos dados pela humanidade, ocorreram após grandes tragédias. Foi assim com todas as grandes guerras, grandes recessões ou grandes opressões, e ainda há que se relevar, que a pandemia aproximou as pessoas por todo o planeta, de uma forma inédita, nunca vista em nenhuma outra grande crise humanitária. 

O sofrimento em comum fez também surgir o esforço em comum. O mundo se uniu para encontrar soluções, para cooperar, para se solidarizar. Existiu algum outro momento em que a voz mundial foi quase uníssona na busca pelos mesmos objetivos?

Essa união foi a maior responsável por melhorias significativas em áreas estratégicas. Na área médica, os processos para o desenvolvimento de vacinas evoluíram em um ano, o que demoraríamos dez anos para alcançar. Isso terá impacto expressivo em outras pandemias ou endemias. Os estudos para entender o vírus que assolava a humanidade, proporcionaram avanços no combate a outros vírus como o HIV, além do acesso a tecnologias que permitirão novas abordagens no combate ao câncer.

Na área de comunicação, tecnologias foram desenvolvidas para possibilitar o trabalho remoto. Ocupações de grandes espaços de escritórios foram revistas, podendo impactar positivamente na produtividade e qualidade de vida das pessoas, especialmente após necessários ajustes, como o correto controle do tempo trabalhado, para não penalizar aqueles que optaram por trabalhar em suas residências.

Então, devemos sair fortalecidos e um novo horizonte se abre frente aos nossos olhos. Será? Quando abro o jornal, percebo que a pandemia não ocupa mais as primeiras páginas, substituídas por notícias da Guerra na Ucrânia, como se todo esforço tivesse sido esquecido, apagado. Como se tivéssemos, simplesmente, voltado a um velho e conhecido normal.

A história não costuma errar. Resta saber se ainda existe espaço para o tão falado “novo mundo” e se extrairemos dessa tragédia algo que nos torne melhores, ainda que seja através de um pequeno passo dado em direção a um futuro mais justo e solidário.

 

Marcelo Marçal - escritor, médico nefrologista e gestor em saúde é autor da distopia ICTUS - O prisioneiro sem nome.


Repúdio à guerra

 Opinião


Como professor de História, sei que os fatos são sempre complexos, mas podem ser compreendidos quando conseguimos tecer os diversos fios das explicações que os compõem em uma trama razoavelmente firme e clara. Lembro-me quando, em 1989, o governo chinês jogou seus tanques sobre jovens cidadãos na praça Tiananmen. Houve uma forma de explicar aquilo. Quando leio sobre a reação do Sul dos Estados Unidos ao projeto de reconstrução do governo federal após o fim da guerra civil e da aprovação da Décima Terceira Emenda à Constituição, reação essa que acabou emplacando a tese do “iguais mas separados”, e que atrasou a conquista dos direitos civis dos negros norte-americanos em um século, lembro que também foi possível encontrar uma explicação. 

Quando os nazistas, em 1939, iniciaram o projeto T-4, que vitimou quase trezentas mil pessoas com problemas mentais ou fisicamente inválidas, também foi possível achar a explicação para o que ocorreu. Quando Stalin e Mao Zedong condenaram milhões de seus concidadãos com políticas para acelerar a industrialização e construir um Estado militarmente poderoso, foi possível encontrar explicações para compreender isso. Quando houve a grande fome na Ucrânia, para gerar excedentes de alimentos para exportação e obtenção de dinheiro forte para financiar as máquinas da indústria e do exército soviético, o que vitimou mais de três milhões de ucranianos, enraizando uma aversão aos russos como só três milhões de mortos são capazes de provocar, isso também foi possível explicar e entender.

Explicar é tirar as peças de algo, ou seja, as dobras que dificultam vê-lo em sua extensão. Mas isso não significa, em absoluto, aceitá-lo e apoiá-lo, como todos os exemplos que citei acima e como vem acontecendo com a invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin. Ora, é fato que há explicações para entender que Putin se sente pressionado pelo Ocidente aliado dos EUA, a OTAN etc. Isso é um fato compreensível e a Geopolítica, nesse caso, é bem didática. Basta olhar o mapa e perceber que os dezessete milhões, cento e trinta mil quilômetros quadrados da Rússia estão cercados por países "potencialmente perigosos", como a Letônia, a Estônia e a Lituânia, ex-membros da URSS e agora da Otan, além de antigos aliados da Rússia comunista, como a Polônia, República Tcheca, Romênia, Bulgária, quase todo o pessoal da antiga "cortina de ferro". 

Também sabemos que a Ucrânia elegeu um presidente pró-ocidente, e parece que há uma disposição da maior parte da população - manifesta em ruidosas e gigantescas mobilizações de rua que acabaram derrubando o governo pró-Putin - em aproximar-se da zona do Euro e do escudo de segurança da Otan. E, enfim, sabemos que o presidente russo determinou que a Ucrânia seria a linha vermelha, o game over da expansão da influência ocidental em direção às suas fronteiras. E agora resolveu atacar. Curioso que o início da invasão foi há poucos dias, mas os defensores de Putin na internet  já esqueceram que a justificativa dessa presença militar era para dar apoio às províncias de forte presença étnica russa, na região de Donbass, no extremo leste da Ucrânia. O que será então que as tropas russas estão fazendo tão próximas de Kiív, ao norte do país, quase na fronteira da Bielorrússia?

Como disse, explicações não faltam para justificar os fatos históricos. O impeachment da Dilma, lembram? Pedaladas fiscais. Mas uma explicação não implica em apoio, um sinal verde para que o fato passe incólume pelo crivo do julgamento individual e coletivo ao qual todos os fatos públicos estão sujeitos. E o julgamento, até este momento, na maior parte do planeta, incluindo Moscou e São Petersburgo, é de repúdio ao ataque das tropas russas que violaram um território soberano composto por um governo democraticamente eleito. Como lembrou o pensador israelense Yuval Harari, em artigo publicado no jornal The Guardian, “Putin já perdeu essa guerra”, porque não controlará o povo ucraniano e, a cada dia que passa, cresce o apoio mundial de governantes, intelectuais, atletas, artistas, cidadãos comuns ao direito de a Ucrânia existir como Nação e decidir o seu destino sem estar atrelada aos caprichos do governante russo.

Como professor de História, sei que meu papel é explicar os acontecimentos relevantes ao longo do tempo, baseando-me nos diversos fatos e evidências, construindo uma narrativa clara, didática, atraente e verosímil do passado que possibilite orientação temporal e ética de crianças e jovens, os construtores do futuro. Mas, como cidadão, meu dever é me posicionar e registrar meu repúdio às guerras e a esta guerra em particular. Minha manifestação é só uma voz, um só texto. A justificativa do meu posicionamento é simples: a violência não tem nada a ver com poder, mas com força; força que não tem nada a ver com bem comum, mas com vontade de domínio. Ou seja, delírios de um tiranete. Como alguns que infestam o meu planeta e, infelizmente, o meu país. Contra eles, ergo minhas barricadas de palavras e ideias. E resisto.

 


Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor de Humanidades no Curso Positivo.
daniemedeiros.articulista@gmail.com
@profdanielmedeiros


Dia da Eficiência Energética

Eficiência Energética é chave para amenizar impactos

da crise e alta no preço do petróleo mundial
 

Fomentar políticas públicas consistentes de EE é uma das formas de amenizar impactos negativos provocados pela crise hídrica e demais fatores que geram alta no custo da energia elétrica



O preço do petróleo mundial, que deve ser afetado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, pode pressionar ainda mais os custos da geração das termoelétricas, as usinas que produzem energia a partir do calor gerado pela queima de combustíveis fósseis. Além disso, apesar das chuvas terem melhorado o nível dos reservatórios, a bandeira tarifária, que atinge diretamente o consumidor, permanece no patamar de escassez hídrica. Diante deste cenário, o fomento à eficiência energética mostra-se cada vez mais necessário.

As termoelétricas geram prejuízos econômicos e ambientais, uma vez que o custo de produção é elevado. No leilão realizado pelo governo em 2021, foram pagos R 750 por MWh para termoelétricas movidas a gás e até R 1.000 por MWh de usinas de óleo diesel e combustível, enquanto a média do custo das hidrelétricas é R 246/MWh. No ano passado, o país gastou cerca de R 13 bilhões. Além disso, a importação de energia dos países vizinhos cresceu 63% de janeiro a outubro, comparado com o período homólogo. 

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), é importante ressaltar que a cultura da eficiência energética pode transformar esta situação, promovendo crescimento econômico e agregando sustentabilidade à economia nacional. Os impactos da crise hídrica podem ser amenizados em todas as áreas, mas principalmente no setor industrial, que é responsável pela maior parte dessa demanda de geração de energia. 

“Nesta data, em que se comemora o Dia da Eficiência Energética, temos que reforçar a importância deste tema. Mais do que nunca, esse é o momento de discutir sobre o investimento em pesquisas que contribuam com o desenvolvimento do mercado de energia e estimular a implementação de projetos e ações com foco no fomento à Eficiência Energética, valorizando a expertise das ESCOs (Energy Services Company), destaca Bruno Herbert Batista Lima, presidente da ABESCO. 

“Cabe lembrar que as ESCOs são especializadas em promover a eficiência energética em todo tipo de instalações, inclusive em residências. Embora as vantagens ambientais sejam mais perceptíveis, pouco se fala sobre a relação custo-benefício da EE, que é extremamente vantajosa. O investimento pode ser alto, mas a taxa de retorno é melhor e mais rápida do que comparada a investimentos convencionais, até mesmo à energia solar. Os benefícios são inúmeros e temos que colocá-los em pauta”, finaliza.
 


Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia  - ABESCO

 

Dia Internacional da Mulher: Empoderamento nas finanças pessoais

Foto: Adelaide Financial Advice
Especialista traz dicas de como lidar com a vulnerabilidade financeira da mulher

 

Desde os primórdios, por diversas razões antropológicas e culturais, o ser humano desenvolveu um padrão de comportamento que afasta a mulher das finanças, mesmo que isso tenha mudado, essa ainda é a realidade de muitas mulheres. Rebeca Toyama, especialista em bem-estar financeiro, aproveita a data para conscientizar mulheres, homens e empresas sobre a importância de cuidarem do bem-estar financeiro.

De acordo com um estudo feito por três pesquisadores brasileiros da ESPM de São Paulo, as desvantagens vividas pelas mulheres ao longo da vida, como o menor acesso ao conhecimento financeiro, empregos de qualidade inferior, menor renda em relação ao mesmo trabalho desenvolvido pelos homens, trajetórias de trabalho irregulares e associadas ao papel de cuidadora dos filhos e da família, contribuem para o agravamento da vulnerabilidade da mulher quando o assunto é dinheiro.

Um outro ponto do estudo que chamou bastante a atenção dos pesquisadores foi que a violência doméstica também tem impacto nas finanças femininas, tanto no curto como a longo prazo. Além da intimidação psicológica também foram identificadas estratégias para prejudicar o trabalho, dependência financeira extrema e táticas de isolamento que fazem as mulheres se sentirem economicamente dependentes e presas no relacionamento.

Para Rebeca Toyama, esse cenário reforça os distúrbios de dependência e facilitação financeira, e mostram o quão é preciso chamar a atenção para a importância de ajudarmos as mulheres a desenvolverem habilidades que reduzam a vulnerabilidade financeira, como: confiança, protagonismo, inteligência emocional e autocontrole.

“Mesmo nos casos que o pai, marido ou irmão assumem unilateralmente as finanças com a intenção de proteger, o custo é o enfraquecimento da mulher, que na ausência do homem, seja por divórcio ou falecimento, não tem a experiência para cuidar das finanças domésticas”, explica a especialista em bem-estar financeiro, Rebeca Toyama. 

O primeiro passo para começar essa mudança é trazer consciência tanto para as mulheres quanto para os homens da importância de se cuidar do bem-estar financeiro em conjunto, para que todos sejam capazes de contribuir com a preservação e multiplicação do patrimônio da família.

A frase ‘se você não controla o seu próprio dinheiro, você não controla a sua própria vida’ vai além de gerar renda ou controlar gastos, discorre sobre tomar decisões e controlar as finanças para se ter liberdade, independência, autonomia e segurança.

O Observatório Febraban revela que na administração do orçamento doméstico, as mulheres dominam, 56% das entrevistadas declararam assumir essa função, contra 44% dos homens. “O protagonismo feminino pode promover uma revolução social, começando por um orçamento doméstico sustentável que garanta qualidade de vida no presente, sem colocar em risco seu futuro”, finaliza Rebeca Toyama. 

Endividamento e estresse financeiro comprometem o bem-estar na vida profissional e pessoal de qualquer pessoa. Ao reduzirmos a vulnerabilidade financeira da mulher, estaremos também contribuindo com os indicadores do ODS 5 - igualdade de gênero e do ODS 10 - redução das desigualdades, e para isso, a especialista em bem-estar financeiro, Rebeca Toyama preparou 4 dicas:

Para mulheres: acreditem em seus sonhos e se planejam financeiramente para realizá-los, assumam seu papel no orçamento doméstico, demonstrem interesse pelo tema, busquem informações com pessoas que já fazem isso com sucesso;

Para homens: sejam grandes aliados nessa causa, compartilhem seus erros e acertos sobre finanças pessoais com as mulheres que estão ao seu redor motivando seu interesse e participação no mercado financeiro;

Para famílias: compartilhem e estimulem metas com filhos e filhas envolvendo todos os membros na elaboração e acompanhamento do planejamento;

Para empresas: incluam em seus treinamentos programas sobre bem-estar financeiro, educação financeira e aposentadoria. 

 


Rebeca Toyama - fundadora da ACI que tem como missão desenvolver competências dentro e fora das organizações para um futuro sustentável. Especialista em educação corporativa, carreira e bem-estar financeiro. Possui formações em administração, marketing e tecnologia. Especialista e mestranda em psicologia. Atua há 20 anos como coach, mentora, palestrante, empreendedora e professora. Colaboradora do livro Tratado de psicologia transpessoal: perspectivas atuais em psicologia: Volume 2; Coaching Aceleração de Resultados e Coaching para Executivos. Integra o corpo docente da pós-graduação da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal), da Universidade Fenabrave e do Instituto Filantropia.

 

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