Notícias recentes fazem crer que o mundo caminha para a tão esperada volta à normalidade. As medidas de isolamento com relação à Covid-19, vem sendo abandonadas nação a nação. Talvez não seja sem tempo, a história dirá.
A história também nos ensinou, que alguns dos
maiores passos dados pela humanidade, ocorreram após grandes tragédias. Foi
assim com todas as grandes guerras, grandes recessões ou grandes opressões, e
ainda há que se relevar, que a pandemia aproximou as pessoas por todo o
planeta, de uma forma inédita, nunca vista em nenhuma outra grande crise
humanitária.
O sofrimento em comum fez também surgir o esforço
em comum. O mundo se uniu para encontrar soluções, para cooperar, para se
solidarizar. Existiu algum outro momento em que a voz mundial foi quase
uníssona na busca pelos mesmos objetivos?
Essa união foi a maior responsável por melhorias
significativas em áreas estratégicas. Na área médica, os processos para o
desenvolvimento de vacinas evoluíram em um ano, o que demoraríamos dez anos
para alcançar. Isso terá impacto expressivo em outras pandemias ou endemias. Os
estudos para entender o vírus que assolava a humanidade, proporcionaram avanços
no combate a outros vírus como o HIV, além do acesso a tecnologias que
permitirão novas abordagens no combate ao câncer.
Na área de comunicação, tecnologias foram
desenvolvidas para possibilitar o trabalho remoto. Ocupações de grandes espaços
de escritórios foram revistas, podendo impactar positivamente na produtividade
e qualidade de vida das pessoas, especialmente após necessários ajustes, como o
correto controle do tempo trabalhado, para não penalizar aqueles que optaram
por trabalhar em suas residências.
Então, devemos sair fortalecidos e um novo
horizonte se abre frente aos nossos olhos. Será? Quando abro o jornal, percebo
que a pandemia não ocupa mais as primeiras páginas, substituídas por notícias
da Guerra na Ucrânia, como se todo esforço tivesse sido esquecido, apagado.
Como se tivéssemos, simplesmente, voltado a um velho e conhecido normal.
A história não costuma errar. Resta saber se ainda
existe espaço para o tão falado “novo mundo” e se extrairemos dessa tragédia
algo que nos torne melhores, ainda que seja através de um pequeno passo dado em
direção a um futuro mais justo e solidário.
Marcelo Marçal - escritor, médico nefrologista e gestor em saúde é autor da distopia ICTUS - O prisioneiro sem nome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário