A transformação digital está
ligada ao futuro do trabalho. Isto é inexorável. A chamada era da automação,
capitaneada pela inteligência artificial, fomenta toda uma nova onda de modelos
de negócio diferenciados, novas oportunidades de trabalho e avanços econômicos
sem precedentes na história. Podemos afirmar que a chamada era digital
representa uma ruptura com o passado e certamente exigirá novas competências e
atitudes diferentes.
Uma das principais atitudes a
serem trabalhadas é o engajamento. O ADP Research Institute conduziu, em 2019,
uma pesquisa global sobre o assunto e a conclusão é desoladora: em média,
somente 16% da força de trabalho está compromissada e completamente engajada em
suas atividades junto às organizações para as quais trabalham. O resultado
preocupa, pois, como sabemos, engajamento possui uma relação direta com
desempenho.
Dois pontos parecem ser as
causas raiz deste problema e ambas estão relacionadas com características
tipicamente humanas: cultura organizacional e maior (ou menor) atenção ao
desenvolvimento humano, tais como feedback, capacitação pessoal e profissional,
e, principalmente, lidar com desejos e expectativas. Mas esta situação pode
mudar, se alterarmos a maneira de entender a organização. Mais do que um
sistema complexo em que os colaboradores são meramente componentes, as empresas
são metáforas da organização humana, onde o trabalho em equipe é fundamental
para que os resultados possam ser obtidos.
Exatamente neste ponto é onde
a diversidade assume um papel de fundamental importância. A experiência
individual é realçada quando agregada a outras experiências, independentemente
da idade (geração), do gênero, da base cultural ou outra forma qualquer de
classificar os indivíduos. A soma de competências e experiências é benéfica,
principalmente se vivenciada em condições ou perspectivas diferentes. A mescla
é positiva. É preciso que as lideranças enxerguem que o binômio competência e
diversidade é fundamental para o crescimento, e comecem a trabalhar isso em
suas empresas de forma orgânica, natural. Não imposta ou por uma questão de
imagem. Mas porque é um bom negócio.
O cenário da transformação
digital pressupõe o trabalho em equipes cada vez mais flexíveis e com
capacidades diversas, trazendo inúmeras oportunidades de inclusão. Por outro
lado, é necessário que se tenha atenção redobrada com os movimentos que o
mercado está fazendo. Por exemplo, um relatório recente da Mackinsey Global
Institute chamado “O futuro da mulher no trabalho: transições na idade da
automação”, mostra oportunidades de inserção que podem mudar o perfil do
trabalho da mulher nas próximas décadas, como o surgimento de novas funções. O
relatório conclui que, se participarem desta transição, mulheres poderão entrar
no caminho de atividades mais produtivas e melhor remuneradas.
Pessoalmente, creio que a
transformação digital traz oportunidade de inclusão, não só de gênero, em
“proporções quânticas”. Muito mais significativas e factíveis que o progresso
discreto que a gente vê com políticas, métodos e mobilizações atuais. O
trabalho em equipe, neste novo cenário tecnológico e de plena colaboração, é a “sopa
primordial para o desenvolvimento do ambiente profissional das próximas
décadas. Pense nisso e mãos à obra!
Enio Klein - CEO da Doxa Advisers; Professor de
Pós-Graduação na Business School SP; Especialista em Transformação Digital